Capítulo 29

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VITÓRIA LINS

Acordo com os braços de Henrique ao meu redor. Tento levantar lentamente para não acordá-lo. Assim que coloco os pés no chão sinto o mundo girar num rodopio e quase caio não fosse a poltrona em minha frente que me ampara.

Sento por alguns segundo afim de recuperar o fôlego. Preciso fazer os exames que o médico solicitou o mais rápido possível. Com toda essa reviravolta em minha vida acabei deixando minha saúde em segundo plano e não posso deixar isso acontecer.

Tomo um banho tentando afastar o mal estar que me cerca a alguns dias. Primeiro achei que a distância de Henrique estava me afetando, mas agora com ele de volta vejo que talvez a causa seja mais séria.

Saio do banho em direção ao closet e enquanto me enxugo sinto os braços musculosos de Henrique me envolvendo.

- Bom dia meu amor. Acordou cedo hoje. - ele diz depositando um beijo em minha testa. Sua excitação matinal é evidente e ao perceber o encaro com um olhar sapeca.

- Sua sorte Dr. Henrique é que estou me recuperando da noite maravilhosa de ontem, senão você estaria naquela cama sendo abuso por mim.

- Pra alguém inexperiente você está muito safadinha Srta. Lins.

- Sua culpa, que me apresentou os sabores da luxúria e do prazer - mordisco os lábios como em um convite descarado.

Enquanto ele estava prestes a me beijar seu telefone toca.

- Alô? Sim papai, o que aconteceu? Ana? Ela está bem? Tudo bem, iremos sim. - no momento que Henrique toca no nome de Ana sinto um soco no estômago e preciso me apoiar.

- O que aconteceu com Ana, me diz Henrique, ela está bem? Me diz que está bem, por favor. - digo numa onda de angústia e aflição.

- Calma Vitória! Ela teve um mal estar e está hospitalizada, mas está bem. Estão suspeitando que esteja com apendicite. - tenta me tranquilizar inutilmente.

- Preciso vê-la, preciso ficar ao lado da minha amiga.

- Ela estará em casa à tarde, está apenas aguardando alguns exames. Papai pediu que eu passasse no escritório e resolvesse algumas coisas e depois ir para casa, pois ele precisa falar conosco.

- Conosco? Você quer dizer, nós dois, eu e você? - digo ainda tentando entender o motivo.

- Isso mesmo. Talvez ele tenha descoberto que você anda abusando o filho dele. - ele diz sarcástico.

Ele se veste rapidamente e nos despedimos. Ainda precisa passar em casa e pegar alguns documentos. Termino de me vestir e quando estou de saída meu telefone toca.

- Oi?

- Bom dia, gostaria de falar com Vitória Lins, é a Suzana da Farmed Medicações. Gostaríamos de confirmar se seu medicamento foi recebido. - a gentil moça me questiona do outro lado da linha.

- Recebido? Mas a entrega estava prevista pra amanhã, não houve nenhum engano?

- Não senhora, foi entregue ontem no seu endereço comercial.

- Tudo bem, assim que chegar no escritório confirmo e lhe dou um retorno, pode ser?

- Claro senhora, ficamos no aguardo.

Desligo o telefone curiosa por não ter sido avisada, talvez Dona Marta estivesse muito ocupada. Pego minhas coisas e saio.

🕓

- Bom dia Martinha!

- Bom dia Vitória! Pelo visto está mais animada hoje. - ela me olha com cumplicidade.

- Com certeza tenho motivos pra isso. Mas me diga uma coisa, recebeu alguma encomenda em meu nome?

- Na verdade não, mas quando cheguei tinha um pacote sobre o balcão com seu nome. Deixei na sua mesa.

- Estranho, quem será que recebeu? Em todo caso obrigada Martinha. Bom trabalho. - me despeço e vou em direção à minha sala sem dar muita atenção ao assunto.


HENRIQUE PONTES

- Posso saber o que essa gata está fazendo olhando pra essa janela? - chego abraçando Dona Amélia e lhe depositando um beijo em seus cabelos brancos.

- Estou pensando na vida meu filho, em como as coisas mudam de uma hora pra outra. - vejo seu semblante sério refletido na vidraça.

- Que baixo astral é esse, seu neto mais gato voltou e cheio de novidades. - digo eufórico tentando animá-la.

- Que bom meu filho, mas receio que você não seja o único com novidades aqui. - ela diz com aquele sorriso que vez ou outra me assustava.

Subo para me arrumar e pegar os documentos que Dr. Heitor pediu. Hoje preciso lhe dar suporte pois precisa cuidar da saúde de Ana e mais tarde solicitou que fosse em casa e levasse Vitória. Não perguntei o motivo, mas achei a uma ótima oportunidade anunciar nosso namoro e apresentá-la formalmente à Dona Amélia.

🕓

- Vamos Vitória? - entro em sua sala e a encontro arrumando sua maleta.

- Só um minuto.

Ela tranca sua sala e vamos em direção ao corredor. Nos despedimos de Dona Marta e entramos no elevador e enquanto a porta se fechava alguém a impede.

- Ora ora... iam me negar essa carona no elevador? - Dr. Paulo ironiza e parando ao lado de Vitória.

Um silêncio constrangedor toma conta e o vejo ele observar Vitória pelo espelho do elevador de um modo nada agradável. A puxo pela cintura e a colo em meu corpo. Ela me olha sem entender e enfim chegamos ao estacionamento.

- Boa noite Dr. Paulo. Ah! Ia esquecendo, precisamos ter uma conversa amanhã. - o fuzilo com olhar ainda agarrado a Vitória.

- Tudo bem Henrique, anseio por nossa conversa. Boa noite! - ele sai com o ar de soberba que o persegue por onde vá.

- O que foi isso Henrique? - Vitória tenta entender o que acabou de acontecer.

- Você não notou a forma que ele te olha, como te deseja e te come com os olhos?

- Na verdade nem dou atenção à presença dele. Ele me causa arrepios.

- Mas eu me importo e dou muita atenção. Não quero ele cercando minha namorada. - digo num misto possessividade e ciúmes.

- Minha namorada é... Você fica fofo com ciúmes. - Vitória sorri com seus olhos estreitos e aquelas bochechas rosadas que tanto me encantam tirando sarro e toda a tensão que havia no ar.

Um Lobo em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora