VITÓRIA LINS
Após aquele café me senti bem melhor - apesar de saber que a tontura não foi por fome. Henrique foi muito gentil e atencioso, bem diferente da figura que faziam na "rádio corredor". Ainda assim, tenho de lembrar que estou aqui pra trabalhar e não fazer perfil psicológico de ninguém.
Ao chegar vejo na mesa a cafeteira com um lindo laço vermelho, que só não estreio agora por já estar entorpecida de café pelo menos por algumas horas.
Sento e começo a revisar os documentos. São cinco anos de registros e documentos pra revisar e conferir minuciosamente, e penso:
- Jesus, onde foi que me meti?! - começo a ver algumas divergências e vou destacando uma a uma.
Ouço leves batidas na porta e uma gentil senhora, que me pergunta timidamente:
- Com licença doutora, posso limpar sua sala ou quer que eu venha em outro horário?
- Primeiro, não sou doutora, pode me chamar de Vitória, qual seu nome?
- Meu nome? Me chamo Ângela senhora.
- Pois bem Ângela, vamos combinar uma coisa? Você não me chama de doutora ou senhora e sempre que vier aqui tomamos um café juntas, que tal?
Ela me olha incrédula, como se o que eu acabasse de dizer fosse a coisa mais bizarra do mundo.
- Acho melhor não, minha supervisora não vai gostar, temos um protocolo a seguir.
- Bem, ela não está aqui agora, está? E qualquer coisa deixe que converso com ela. Só não quero me sentir mais estranha do que já me sinto aqui.
Ela sorri timidamente e concorda.
Resolvo dar uma pausa e puxo conversa com Ângela, que me conta sobre sua vida e sonhos. Está na reta final da faculdade de Pedagogia e seu sonho era ser professora de crianças especiais, pois tinha um filho com Síndrome de Down e conhecia muito bem a realidade dessas crianças.
Fiquei muito emocionada com sua história de superação e a fiz prometer me apresentar seu filho um dia desses, o que ela aceitou prontamente.
- Fico lhe devendo o café, pois ainda não comprei, mas na próxima vez não vai faltar, prometo.
Ela sorri e se despede. Finalizo minhas demandas do dia e me preparo para sair.
Fecho a sala quando viro dou esbarro em um homem alto, grisalho e forte, que me olha com curiosidade.
- Você é nova aqui? Nunca tive o prazer de esbarrar em você.
- Na verdade sim, estou prestando serviços contábeis pro escritório. – digo um tanto incomodada com a proximidade.
- Ah sim! Heitor me avisou. Sou Paulo Martins, sócio do escritório, estava viajando e acabei de retornar.
- Prazer, Vitória Lins.
- O prazer é todo meu Vitória. Espero que nos esbarremos mais vezes. - podia jurar que ele disse isso com um tom malicioso, deve ter sido pelo olhar nada educado que me lançou.
Nos despedimos e sinto o peso do seu olhar me analisando enquanto caminho. Odeio mais que tudo isso, mas finjo que não percebo e sigo adiante.
- Espero não ter se esbarrar de novo com ele, algo não me agrada e geralmente estou certa nos meus julgamentos. - penso enquanto entro no elevador.
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Um Lobo em Minha Vida
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