Capítulo 15

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VITÓRIA LINS

Ainda não sei se ouvi direito ou se estou tendo um delírio, mas Henrique disse mesmo que está apaixonado por mim?

- Não sei o que te dizer Henrique, eu...

- Apenas diga que me dá uma chance de te conhecer e te fazer feliz, não preciso de nada além disso - Henrique me olha com os olhos brilhantes e por um segundo esqueço minhas preocupações e receios.

- Eu gostaria de verdade, mas é complicado, eu... não posso, simplesmente não posso!

- Como assim Vitória? Diz que não sente algo por mim, porque sei que sente o mesmo que sinto, então por que não nos darmos uma chance?

- Não me pergunta porque, é complicado e... preciso ir - me afasto dos braços de Henrique em direção à mesa onde pego minha bolsa e saio correndo do restaurante enquanto ele ainda parece não assimilar o que eu havia dito.

Saio sem pensar e ao chegar no ponto de táxi Henrique me alcança e me puxa pelo braço.

- Vitória o que aconteceu? Não estou entendendo nada. Eu disse algo de errado? Pelo amor de Deus não me deixa aqui assim sem entender nada. - Henrique me segura e me puxa pra perto de seu corpo num abraço que me aconchega a alma.

Não consigo me conter e caio em lágrimas abraçada ao seu corpo.

- Eu não posso Henrique, minha vida é muito complicada e não quero trazer você pra essa confusão que vivo.

- Vitória, me explica por que diz isso, podemos resolver, só não me deixa assim sem entender nada. Eu sei que todos temos monstros interiores, mas você não pode se fechar dessa forma sem me dar a chance se te fazer feliz.

- Não sei se consigo te explicar nesse momento. Preciso pensar um pouco. Pode me levar pra casa, por favor? - digo sem conseguir encarar seu rosto.

- Claro que a levo, mas preciso que me garanta que não vai me afastar de você e nem me evitar?

- Prometo! Mas por favor me deixa em casa.

Vamos o caminho todo em silêncio. Não consigo nem olhar para Henrique. O que ele dirá quando souber minha realidade? Que tenho de conviver com essa maldita doença e todas as suas limitações. Como posso pedir que aceite algo que eu mesma não aceito.

- Chegamos Vick. - sou puxada de meus pensamentos pela voz de Henrique que sai do carro e abre a porta do carona para mim.

- Obrigada e me desculpe por arruinar a noite. - digo me despedindo e sinto sua mão me puxando.

- Só quero que saiba que você não arruinou nada! Muito pelo contrário, você fez nascer em mim um sentimento que jamais pensei existir. E independente do que for, não vou me afastar de você, por mais que quisesse eu não conseguiria, pois o que sinto é forte demais.

Henrique se aproxima e me dá um terno beijo na testa, e limpa uma lágrima que insiste em escorrer pelo meu rosto.

- Você não precisa ficar mais sozinha, me deixa te fazer feliz e ser feliz ao seu lado.

- Prometo que vamos conversar quando eu estiver mais calma, obrigada por ser tão compreensivo. - enquanto me afasto, ouço ele se aproximando novamente.

- Só esqueci uma coisa.

- O que? - me viro rapidamente ainda limpando as lágrimas, achando que havia esquecido algo.

- Isso... - Henrique me pega pela cintura, coloca a mão por entre meus cabelos e me puxa pela nuca, me olha nos olhos e me dá um selinho que me deixa ansiosa por mais.

Ele para como se analisasse minha expressão, pra saber se deve continuar ou não, mas antes mesmo que ele consiga terminar puxo seu rosto e o beijo profundamente, um beijo intenso e ao mesmo tempo carinhoso, que me faz esquecer de tudo o que havia acontecido momentos antes.


HENRIQUE PONTES

Não sei se agi certo ao beijá-la, mas o fato de ter correspondido tão prontamente me fez percebemos o quanto precisávamos disso naquele momento.

- Tenho de ir. - Vitória diz antes de subir as escadas em direção ao seu prédio.

O caminho todo fui pensando no que ela havia dito, o fato de ser "complicada".

- Em que sentido? Não estou entendendo mais nada. Será que ela não sente o mesmo que sinto? Impossível, pelo menos depois daquele beijo tenho certeza que não é isso. Preciso descobrir o que está acontecendo!

Chego em casa relativamente cedo para quem iria sair para um encontro. Subo as escadas ainda distraído com meus pensamentos quando ouço Ana vindo da cozinha.

- Muito lindo isso, eu aqui na expectativa pra saber detalhes e o senhor chega na surdina Sr. Henrique Pontes.

- Aninha! Precisamos conversar, agora!

Ana arregala os olhos espantada com meu tom de urgência e vem ao meu encontro imediatamente.

- O que aconteceu Henrique? Cadê a Vick? Como ela está? - vejo a preocupação em seu tom que me deixa mais alarmado ainda.

- A deixei em casa depois do fora que me deu. Mas isso não vem ao caso, me conta o que acontece com Vitória, e chega de charadas e com essa história de "complicada".

- Já vi que ela vestiu a armadura novamente, eu avisei a você que isso aconteceria Henry. Pedi que tivesse paciência e calma com ela.

- Sim Ana, eu tive e mais que isso, disse a ela o quanto estou apaixonado e que a quero perto para cuidar e amar. Mas a resposta dela foi: "sou complicada". - digo ainda sem crer no que ouvi.

- Henrique,não sou eu quem devo lhe dizer nada, só te peço que não desista e nem a pressione. Vitória é uma pessoa muito especial que já passou por muita coisa na vida, então coisas boas raramente aparecem por isso esse medo.

- Eu a fiz prometer que não me afastaria, que deixaria eu me aproximar, então ela que não pense que desisti de conquistá-la. Vou dar o espaço que precisa e quando se sentir a vontade estarei aqui pra ajudar e cuidar dela.

- Obrigada Henry. Principalmente por esse sentimento tão puro e sincero com minha amiga. Ela merece seu amor e carinho. - Ana me abraça e sobe em direção ao seu quarto, me deixando sozinho com minhas teorias e suposições.

- Srta. Lins, não pense que vai se livrar de mim tão fácil. Não a nada que me afaste de você, nem a maior "complicação" do mundo fará meu sentimento por você diminuir.

Um Lobo em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora