Capítulo 22

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VITÓRIA LINS

Depois do café da manhã maravilhoso que eu e Henrique tivemos, senti durante o restante do dia os reflexos de nossas travessuras em meu corpo todo.

Henrique teve de ir em casa trocar de roupa pois tinha uma audiência no Tribunal. Como estou com minha auditoria avançada, resolvi me dar um dia de folga e descansar para tentar aliviar as dores no corpo.

Deito em minha cama e relembro com um sorriso bobo no rosto tudo o que fizemos mais cedo sobre aqueles lençóis.

- Vitória você deve estar ficando louca mesmo! Peraí, agora que percebi que não usamos camisinha! - digo dando um sobressalto na cama que faz meu corpo enrijecer de dor.

- Droga! Depois resolvo isso, melhor cuidar dessas dores primeiro.

De fato o esforço que fiz durante a manhã fez com que minha crise de Fibromialgia - um dos amiguinhos que o Lúpus trouxe a minha vida - estivessem piores que na noite anterior. Sinto como se facas estivessem sendo estocadas em meus ombros, joelhos, cotovelos e quadril. Essas crises me deixam sempre com dores insuportáveis que só aliviam com inflamatórios, muito analgésico e descanso.

Levanto com dificuldade em direção à cozinha e tomo alguns comprimidos para dor. Volto para o quarto e logo adormeço.

🕓

Acordo com o celular tocando desesperadamente. Olho e vejo mais de quinze ligações perdidas, dentre elas chamadas de minha mãe, Ana e Henrique que estava me ligando naquele momento.

- Oi? - digo ainda sonolenta.

- Vitória, graças a Deus! Estava quase largando a audiência e indo ver como estava. Está tudo bem meu amor? - Henrique pergunta visivelmente preocupado.

- Calma, estou bem. Só tomei uns comprimidos e acabei adormecendo. - digo tentando tranquilizá-lo.

- E como você está? Passei o dia pensando no nosso café da manhã - ele diz malicioso.

- Estou bem, o café da manhã foi realmente delicioso, só estou um pouco indisposta, nada demais - digo tentando não preocupar Henrique.

- Uhum... por que será que sua voz parece me dizer outra coisa? Em todo o caso passo ai pra te ver. Preciso ir agora amor, descanse. - ele se despede sem me dar oportunidade de retrucar.

- Tá né, tchau. - digo olhando pro celular.

Mando algumas mensagens para acalmar e dar notícias a Ana e minha mãe e jogo o celular do meu lado na cama. Não demora muito pra que adormeça novamente.

HENRIQUE PONTES

Saio da casa de Vitória com um sorriso de adolescente impossível de esconder. Passo rapidamente em casa e tomo um banho, pois estou quase atrasado para a audiência.

Enquanto me enxugo tento ligar para Vitória e ver como está, mas o celular só cai na caixa postal.

- Droga Vitória, atende esse celular.

Me visto rapidamente e vou em direção ao Tribunal. Antes de entrar tento novamente ligar, mas sem sucesso.


🕓

- Oi? - Vitória enfim atende o celular.

- Vitória, graças a Deus! Estava quase largando a audiência e indo ver como estava. Está tudo bem meu amor? - pergunto preocupado por não conseguir contato com ela.

Ela me tranquiliza dizendo que está tudo bem, mas algo em sua voz me diz o contrário. Em todo o caso aviso que vou passar em sua casa assim que sair da audiência.

Quando estou a caminho da casa de Vitória, vejo uma ligação de Dona Marta. Estaciono o carro e retorno a chamada.

- Dona Marta? Estava me ligando?

- Sim Dr. Henrique. Como o senhor pediu que ficasse e olho em qualquer atitude suspeita do Dr. Paulo, achei que deveria lhe avisar que ele estava procurando Vitória. Eu disse que hoje ela não iria comparecer ao escritório e ele me pediu o endereço dela.

- COMO ASSIM DONA MARTA? O QUE ELE QUER COM VITÓRIA? - digo um tom mais alto pela mínima possibilidade daquele cafajeste chegar perto dela.

- Fique tranquilo, não passei o endereço. Mas ele saiu daqui transtornado em direção à sala dela.

- Tudo bem Dona Marta, estou perto daí, já chego ai e vejo o que ele tanto quer falar com Vitória. - desligo o celular e vou em direção ao escritório.

PAULO MARTINS

Entro na sala de Vitória em busca do laudo que ela finalizou, mas este já não se encontrava mais sobre a mesa.

- Será que ela já entregou para o Heitor? - digo ainda vasculhando suas gavetas.

Encontro em uma das gavetas alguns documentos médicos, todos em nome de Vitória e junto deles alguns comprimidos. Tiro foto de todos os documentos e medicamentos e os coloco onde estavam.

- Algo me diz que isso ainda vai me ser muito útil. - digo fechando a gaveta.

No momento em que caminhava em direção ao arquivo, ouço a porta abrir abruptamente.

- Perdeu algo aqui Dr. Martins? - Henrique entra com sangue nos olhos, quase me fuzilando com o olhar.

- Bom dia Henrique! Na verdade não, estava apenas procurando um documento e como nossa colaboradora resolveu faltar hoje, achei melhor eu mesmo buscar. - digo tentando tirar o foco da situação.

- A Srta. Lins não faltou, primeiro porque não é nossa funcionária e segundo, porque ela não tem obrigação de estar todos os dias aqui, somente quando necessário. Que documento está procurando, talvez eu ou Dona Marta possamos ajudar. - ele diz intrigado com minha presença.

- Não se preocupe Henrique,  posso esperar até amanhã, não é nada importante. Até mais! - digo me despedindo e deixando ele para trás.

Entro em minha sala, me sento em minha poltrona e envio as imagens para um amigo médico para que me explique o que se trata.

- Assim que eu souber o que significa isso tudo, sei que terei um trunfo contra ela e não terá outra alternativa a não ser se unir a mim no esquema.

Um Lobo em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora