A Outra

"Eu desabo quando me calo"

Olhava para aquele papel como para uma sentença.

"Você foi a escolhida, apenas faça"

Eram essas as palavras escritas, curtas e diretas.

Quanto mais olhava pra elas mais pensava em seu amigo, ele não a perdoaria.

Respirou fundo, juntou suas coisas e saiu, tinha caminho certo, a torre do Hokage.

Assim que foi anunciada adentrou na sala, tinha muito orgulho em ver o loiro atrás daquela pilha de papeis e copos vazios de macarrão instantâneo. Pelo menos os sonhos dele estavam se realizando.

-Sakura-chan, que bom que veio, precisava mesmo falar com você.

Ele se levantou de sua cadeira de kage e se encaminhou até ela a abraçando.

-Está sumida desde que voltou, está tudo bem?

-Sim Naruto, só estava tentando organizar algumas coisas, saber se realmente iria ficar em Konoha.

Seu amigo pareceu levemente tenso.

-E então?

-Parece que não tenho escolha, vou ficar.

O loiro abriu seu enorme sorriso e a abraçou mais uma vez.

-É uma das melhores notícias que eu poderia receber...

Ela tentou lhe sorrir gentilmente.

-Seu trabalho no hospital a espera, parece que sem você, a vovó e a Shizune, aquilo não funciona direito.

-Darei o meu melhor.

-Por falar nisso, bom trabalho com a nova prótese do Teme, você se superou.

Seu sorriso diminuiu um pouco mas não sumiu.

-Tsunade e eu trabalhamos nela anos atrás, estava guardada o esperando, por algum motivo colocaram outro tipo inferior nele, sabe-se lá porque.

-Eu disse que sem vocês aquele hospital não funciona direito.

-Bom, então é melhor eu ir logo retomar o meu posto.

Quando já estava pronta pra se retirar Naruto a interrompeu.

-Só um instante Sakura-chan, tenho uma coisa pra você.

Ela aguardou o loiro ir até sua mesa e retirar um envelope ricamente adornado em letras douradas e textura aveludada de dentro de uma das gavetas.

-Isso é para você, fazemos questão que vá.

Pegou o envelope e encarou o loiro.

-Será na semana que vem, nos veremos lá.

-Tudo bem, obrigada.

Sorriu mais uma vez para o loiro que observou a amiga se retirar antes de voltar para seu lugar de trabalho.

Somente após descer as escadarias do prédio e chegar a rua é que finalmente abriu o envelope aveludado, leu cada palavra escrita com a grafia rebuscada e dourada, era um convite.

Sorriu com o canto dos lábios.

-Gaara...

Disse pra si mesma.

Guardou o mesmo dentro da bolsa e partiu para o hospital.

Se sentia um pouco melhor, talvez suas esperanças estivessem se renovando.

Quando Ino soube que a rosada havia voltado com suas atividades no hospital teve de conter o grito. Abraçou a Haruno e começou a enche-la de planos e mais um monte de coisas que por um instante a rosada deixou de prestar atenção quando viu a esposa de seu antigo companheiro de equipe passar mais adiante acompanhada de outras enfermeiras.