Capítulo Seis

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LEVI THEODORE STANDERS

A semana correu bem. A rotina foi a de sempre com treinos mais intensos, porque toda a equipe de comissão técnica começou com o preparo da temporada e esperavam resultados melhores. A bateria de exercícios foi pesada e os todos os números devem ter progredido ao final do mês, se quisermos alguma posição de destaque nas competições. A rotina não é apenas cheia de visitas à sala de musculação, como também uma dieta restrita e exames médicos.

No trajeto de cinco minutos entre o vestiário e a porta, tento fugir de Mark que me pega como um gato que já estava de olho no rato desde o primeiro momento. Coçando a garganta para chamar minha atenção, o preparador físico se aproxima com a prancheta e quase tenho um calafrio pensando no tempo que essa conversa pode tomar. Cacete, hoje é sábado. Preciso ir.

"Standers?" chama e me viro para encará-lo "Com pressa?" faço que sim e vejo Mark esboçar um sorriso cansado "Julie pediu para que eu conversasse com você, mas você saiu correndo. Sei que provavelmente tem alguma festa para ir, mas ela disse que você parecia ansioso e agitado na piscina... Não me importa que você não seja tão competitivo quanto deveria, quero ver esforço da mesma força. É a estrela do time, sabe disso? Dependemos dos seus resultados."

Um nó surge na minha garganta. "Não uso relaxantes musculares desde o começo da semana."

Mark não esconde a surpresa. "Mesmo?"

"Sim." Confirmo e enfio as mãos nos bolsos da blusa "Sei que estou meio travado, irmão. Vou melhorar até o fim do mês."

Com o olhar desconfiado, Mark apenas assentiu e me deu dois tapas no ombro antes de sair e voltar para as piscinas. Não que eu precisasse de um conselho, mas eu não teria reclamado se ele resolvesse me presentear com um. Estou uma pedra de tão tenso. Julie estava certa em notar que estou ansioso, porque não teria outra palavra para descrever meu estado de espirito agora. Estou pesando uma tonelada e sinto isso em minhas costas.

É a primeira vez que vou sair na companhia de uma garota desde tudo que aconteceu com Kendra. Bom, não seria de fato com ela, mas ela sairia comigo. Isso já é assustador o bastante. Como o covarde que sou, pedi para alguns amigos irem ao bar também e provavelmente os encontraria lá. Era para ser algo casual, certo? Isso ajudaria.

Ajudaria a não ser um imbecil, para variar.

O medo de criar expectativas era tanto, que me proibi de ir para casa depois do treino e me perder arrumando o cabelo por tempo demais. Não, era algo casual e eu seria casual. Não me esforcei com o cabelo, nem com a barba da manhã, deixei os jeans desamassarem no corpo e escondi um furo da camiseta com uma jaqueta marrom. Era o bastante para o Jugger.

O bar era ótimo para a ocasião. Podia ser bem famoso entre o time de hóquei, mas era sempre dominado por qualquer ser humano que habitasse a Prince. Existir aos redores é o suficiente para se atrair pelo jogo de luzes estilo vintage e aquele ar que apenas os filmes mais ilustres do Nicolas Cage poderiam captar. A beleza pura de uma fotografia viva e cheia de cores, de uma forma não enjoativa e confortável.

Mesmo preferindo o country club próximo à fronteira de Rock Hill, com as coreografias extravagantes e o karaokê no fim da noite, não conseguiria tanta casualidade no lugar. Kendra adorava sentar para assistir todo o show quando íamos lá e eu sempre me arriscava com os passos aos montes. Depois do término fui uma ou duas vezes, com James e outra com Owen. Ethan não suporta música country e até ele prometeu ir na próxima, dizendo estar interessado, mas eu já havia sacado o rodízio de babá que os meus amigos estavam assumindo e deixei de ir desde então.

Não quero babás essa noite, apenas amigos. Abri mão de uma noite agitada no chão de madeira brilhante da danceteria para as luzes de led do Jugger.

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