Coisas Boas Acontecem Em Dias Chuvosos

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Hyunjin

"Hyunjin, querido, já está acordado?" Ouço Anna, nossa governanta, perguntar da porta do quarto.

  "Estou, Anna."

  "Então é melhor se apressar, meu bem. Sabe que sua mãe não gosta que se atrase para o desjejum."

  "Tudo bem, já estou descendo." Respondo-a com um suspiro. Minha mãe é um pouco, se não muito, cismada com horários. Ela odeia atrasos.

  Quando chego à cozinha, encontro meu pai lendo seu jornal e minha mãe tomando uma xícara de chá. "Bom dia." Digo por educação.

  "Você está atrasado." E é assim que sou recebido por ela.

  "Apenas cinco minutos."

  "Não responda a sua mãe, Hyunjin."

  "Certo, me desculpe."

  Às vezes gosto de imaginar como deve ser tomar café da manhã com uma família acolhedora, pois todos os dias são assim aqui em casa. Nós nunca conversamos, e, quando tento, sou tratado como um mero nada. Devido a isso, desisti de tentar ter aqueles momentos felizes em família, como nos comerciais de margarina.

  Após realizar meu café, peço licença e saio do ambiente. Hoje estaria de folga, por assim dizer, visto que o Sr. Hwang não preparou nada para me ocupar.

  Então, como um bom forasteiro, decido ir passear pelas redondezas com meu skate e fones de ouvido. Andar pela cidade fingindo que sou livre é um dos meus passatempos preferidos.

  Depois de dar voltas sem um rumo específico, recebo algumas mensagens de Anna pedindo que volte para casa, visto que, de acordo com a previsão do tempo, logo uma chuva torrencial iria começar a despencar do céu e eu poderia ficar doente.

  Durante todo o tempo que tem trabalhado para minha família, Anna demonstra se preocupar mais comigo e meu bem estar do que meus próprios pais. Isso me deixa agradecido e triste ao mesmo tempo.

  Estava tão distraído com meus pensamentos que não percebi que havia me afastado muito do condomínio em que moro. Ótimo, parece que alguém não irá conseguir fugir da chuva.

  Dito e feito, quando estava na metade do caminho começou a chover. Teria reclamado até chegar em casa, caso não tivesse o avistado: um garoto fofo com diversas sacolas espalhadas pelo chão. Eu não podia simplesmente ignorá-lo.

  Tenho que admitir que, quando nos abrigamos da chuva, temi que ele passasse a me ignorar. Mas, para a minha felicidade, pude lhe ajudar mais uma vez, acompanhando-o até sua casa.

  Assim, não me importei em ouvir os sermões de Anna quando cheguei em casa todo ensopado e espirrando. Também não me importei com o fato de que tive que tomar remédio por alguns dias, visto que fiquei gripado.

  A única coisa de que me arrependo foi não ter perguntado seu nome. Contudo, minha boa memória nunca me deixaria esquecer o bairro em que ele mora. Nós com certeza ainda vamos nos encontrar novamente.

Te Quiero (𝚑𝚢𝚞𝚗𝚒𝚗) - hiatus Onde histórias criam vida. Descubra agora