all i want for christmas | ✓

christmas time

Lis se sentou na sala com seu vestido vermelho, tamborilando as unhas do mesmo tom do vestido. Talvez a necessidade da magia natalina estivesse presente. O coração transparecendo nos sentidos. Ou a intensidade da sua alma, desejando se manifestar.

Era a sua época favorita do ano. As luzes brilhantes, os enfeites coloridos, a magia do natal. Esse ano ela passaria sozinha pela primeira vez em cinco anos. Não era uma solidão em que não há ninguém, na verdade, havia tanta gente ali que ela apenas sorria cumprimentando com o olhar. A família era grande. Sempre ficava na duvida se eram oito ou dez tios. Os tempos eram outros. Lis estava pronta para escutar as infinitas questões ''onde está Lilian?'', por que terminaram?'', achei que vocês se amassem?'', não escutou nada disso. Talvez fosse pela roupa que denotava confiança, talvez pelo ar de tranquilidade no seu rosto. Ficou aliviada, mesmo tendo ficado curiosa do por que não houve questionamentos.

Quem sabe não foi melhor assim. Quando se termina um relacionamento, pois existe mais amizade do que amor é complicado de os outros compreenderem. Como se fosse proibido um amor virar amizade, mas quanto ao contrário tudo bem acontecer. A questão era que o natal sempre fora a época favorita dela, e melhorou quando Lis começou a namorar, e depois se transformou em uma serenidade que não a deixava em paz. Quando estava namorando as luzes ficaram mais brilhantes, os enfeites mais coloridos, ela até havia aprendido sobre a boa sorte sob um visco. Esse ano ela não procurou por viscos pela cidade. Elas haviam terminado bem. E mesmo aquela blusa da banda favorita de Lilian, na loja da avenida, Lis pensou em comprar, mas apenas sorriu e continuou caminho.

Com o passar dos meses ela foi percebendo que estar com quem gostamos é maravilhoso, mas quando estamos bem com nós mesmo, esse amor é tranquilo. Tudo bem que falem, pensem, achem algo quanto a uma mulher de trinta e cinco anos de vestido vermelho, esperar a lua crescer no céu estar sozinha na noite de natal. Às vezes uma porta se fecha, mas um universo inteiro se abre. E pela janela ela observa as estrelas. Respirando fundo o perfume das noites de natal. Ela sorriu. As crianças corriam de lá para cá. Os dois gatos espreguiçavam-se devagar. Os ruídos ao fundo não a incomodavam. Pois era mágico. Era natal

autoria de @giges_(Giovanna Fraga)