lucky strike

22 5 2
                                    

Há um natal passado o tinha visto pela primeira vez naquelas conhecidas e apreciadas praias da Califórnia. Uma específica, claro, uma que nunca tirarei da mente, pois no dia que fui conhecer o lugar, o conheci e me perdi.

La Jolla, situada mais precisamente em San Diego. Estava de volta naquela praia, já havia se passado um ano todo e nunca mais voltará a vê-lo, mas ainda tinha esperanças.

Há um ano atrás, chegara de viagem, estava ansioso, porque passei a minha vida toda, literalmente toda, sonhando com essa praia e com meu príncipe encantado. Mesmo que fosse clichê, eu ainda era um sonhador nato, um sonhador de Nova York, como ele costumava dizer naquelas noites quentes que passamos.

A praia de La Jolla é divina. Suas águas cristalinas brilhava, enquanto a olhava, os pés na areia branca e quentinha nos meus dedos. Meu olhar sendo lançado através do horizonte, relembrando do primeiro dia.

Estava muito animado, muito mesmo. Fazia só alguns minutos desde que cheguei no hotel e já havia corrido em direção a praia para sentir aquela maravilhosa sensação de realização. Tinha visto em um site que ali havia prática de mergulho e a primeira coisa que desejará desde que o avião pousou era mergulhar, surtar, enlouquecer só em ver os inusitados animais marinhos e as belas concentrações de algas, fora que havia ainda um cânon submarino com uma extensa fenda embaixo do Oceano Pacífico.

Ajeitará tudo conforme foi falado na recepção do lugar que havia profissionais para ajudar as pessoas a mergulharem e conhecer as profundezas de La Jolla. Quando cheguei no ponto de mergulho, com todas as roupas e equipamentos para minha segurança, vi ele pela primeira vez.

Ele parecia mais velho alguns anos, mas parecia vinho tinto que tanto amava beber. Os anos parecia ter lhe abençoado. Seus cabelos não tão claros e na altura dos ombros largos, estavam molhados e ele estava vestido como eu, com a roupa de mergulho. Ele perguntará meu nome, estava tão confuso no dia que respondi que estava bem e ele, simplesmente, riu. Sua risada profunda e grave que eu havia acostumado a gostar desde aquele instante. Ele me explicará coisas que aconteceria quando estivermos lá em baixo e eu não conseguia prestar muita atenção, pois seus lábios se mexiam e eu estava concentrada em pensar em beija-los. E naquele dia mergulhamos e a única coisa que passava pelo minha mente até hoje era: Céus, que homem!

Dias após, estávamos nos tornando amigos, mas ele flertava descaradamente comigo. E eu amava aquilo que tínhamos. Aquilo que tivemos em poucas semanas foi o que nunca tive na vida toda. Foi intenso, apaixonante, ardente.

Lembro-me de nossa primeira vez juntos, era dia 24 de dezembro, véspera de natal. Eu estava nervoso. Ele me levará para jantar no restaurante da praia. Era de noite, estava meio movimentado, mas não tanto assim, já que era véspera do dia mais esperado do ano. Eu estava inquieto, nervosismo me dominava. Ele perceberá e tentou distrair-me tentando me conhecer mais. Ele contou que trabalhava ali desde que era adolescente, que sua família morava em outro lugar, mas que eles não se falavam por coisas do passado. Ele chegou a me convidar para passar o natal com ele e eu aceitei, porque eu estava apenas querendo ficar perto de seu corpo e ouvi-lo por mais horas.

Nunca fui de falar muito, mas com ele, naquela noite, depois de algumas taças de vinho e uma deliciosa comida californiana, eu comecei a falar como se não tivesse timidez. Contei diversas histórias sobre quando era criança, meus sonhos, defeitos, frustrações, desejos, sobre o que ele me causava, sobre como queria sentir seus lábios e tocar em sua pele quente com cheiro de praia e algo a mais. A conversa foi se tornando mais intensa a cada segundo, a cada olhar que ele me lançava do outro lado da mesa e quando ele tocou minha mão, pagou a conta e me levou até a beira da praia, com a segunda garrafa de vinho ainda em mãos e duas taças, me perdi.

E, naquele dia, descobrirá que ele era como a primavera, porque me sentia seguro em seus braços e que seu gosto era de Lucky Strike de menta. Minha mente sussurrava: ele é uma tirada de sorte e seu gosto me provava isso. E meu olhar dizia a cada instante: "Você trás e eu acendo, garoto". E estava bêbados, o cigarro que dividimos acabará, assim como a garrafa de vinho e tudo que sobrou foi, ele e eu, no dia 24 de dezembro, esperando o natal e nos amando como se amanhã não fosse chegar. Não ligavamos de ser dois gays se pegando em uma praia, escutando respirações ofegantes, o mar batendo nas pedras grandes e deslizando na areia gelada. Simplesmente, eu só precisava ama-lo e ele correspondia o mesmo sentimento.

Agora estava na mesma praia, sentado sobre a toalha que estava na areia, observando o mar e querendo acha-lo de novo. Havia durado dias até que fui embora, sem deixar contato, sem dizer adeus, apenas prometendo que voltaria. Nosso romance resumia-se em dias curtos, noites longas, porque são nas madrugadas que podemos dizer o que durante o dia não temos coragem. E agora, fumando esse Lucky Strike, toquei em meus lábios, expirando profundamente, pensando em como era bom beijar sua boca e senti o gosto do meu cigarro preferido que tinha gosto de menta.

Olhei minha pulseira natalina que ele me dará de presente de natal. Havia alguns objetos da árvore de natal na pulseira e um coração que se abria e lia nossas iniciais. Tinha achado tão especial ele me dá esse presente que fiquei animado e pulei em cima dele, como um cachorro que não via o dono há tempos.

De repente, sinto mãos conhecidas tocando meus ombros e logo depois meus cabelos. Abro os olhos, sorridente. Ele ainda estava ali. Era exatamente no dia que nos conhecemos e minha intenção era repetir tudo de novo. Ele se abaixa e se senta ao meu lado, tocando minha perna e me olhando.

— Feliz natal, garoto dos olhos azuis — Sussurra, olhando-me daquele jeito intenso que me fazia sentir minha virilha doer. Ele sorri, tocando meu rosto. Sabia do efeito que tinha sobre mim. — Onde iremos dessa vez?

— Me leve para qualquer lugar que você quiser ir. — Ele me surpreende ao me pegar no colo, me senti como um bebê pequeno sendo protegido e acolhido. — Lucky Strikes! — Dou um gritinho, surpreso. Ele encara minhas íris, sorridente, olhando para frente e começando a andar comigo em seu colo.

Quando chegamos em uma área mais afastada de turistas, ele me deixa no chão e encosta minhas costas na pedra atrás, beijando-me como se não aguentasse mais espera. E eu também não aguentava mais.

— Ah, eu quero saber como te amar — Digo, entre os beijos. Ele ofega, com dificuldade de se manter em a coerência.

— Ah, eu quero pular sob as pedras da sua pele, garoto, e me afogar na sua água. — Seu tom de voz era grave, mexia com as minhas pernas apenas de murmurar qualquer coisa. Eu era louco por aquele Lucky Strike, aquele de menta com cheiro de mar.

Seu corpo era como a joia da Califórnia, a mais rara e preciosa que me deixava em ruínas, no próprio caos. E eu me perdia cada vez mais enquanto o descubro, pois ele era a própria luxúria em pessoa.

— Oh, eu quero entrar sorrateiramente no seu êxtase, garoto... — Ele diz, lentamente, à medida que tira minhas roupas, acariciando minha pele que incendiava, os nervos a flor da pele.

E meu garoto é como uma rainha. Diferente de tudo que você já viu, difícil de compreender e irresistível ao meu ver. Ele sabe me amar melhor que ninguém existente. Um golpe de dopamina, mais alto do que eu já estive, isso era como me sentia. Ele sabe me amar melhor, porque você está seguro como o tempo de primavera.

— Oh, não quero perder um segundo disso, garoto... — Murmurrou, enquanto sentia ele entrar em mim.

— Segure firme e me ame mais — Disse, entre suspiros. — Respire-me, exale devagar, porque você é meu Lucky Strikes, baby.

Diga-me todas as maneiras de te amar, olhos azuis... — Acaricia minha pálpebra, olhando-me, fazendo-me arder mais que o próprio fogo.

E novamente aquele foi o melhor natal da minha vida. Nos amamos sem prometer um para sempre, com incertezas, mas o amar era acreditar na perdição antes do amanhecer.

autoria de @escalart_cold (Lilian)

all i want for christmas | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora