Fazenda dos Sallow, 16 de novembro
Tento não pensar no que Marrie falou. Isso soa como se você gostasse dele. Essa frase reverbera na minha cabeça por dois dias seguidos, sem ficar me cutucando toda vez que vejo Ross.
De vez em quando, acho que fica estampado na minha testa algo que não quero mostrar. Sempre fui ruim em esconder qualquer coisa. Todos os presentes de aniversário ou festas surpresas nunca eram surpresas porque nunca conseguia segurar a minha língua. É como se toda vez que Ross aparecesse na minha frente uma placa amarela fluorescente brilhasse com as palavras de Marrie, e talvez ele percebesse mas não fale nada.
Fecho os olhos, tentando me concentrar na atividade que a professora de história pediu que fizéssemos, mas não consigo. A explicação que ela falou nas últimas aulas parece ter sumido da minha cabeça e a única coisa que restou foi Ross e a frase que me aterroriza.
Sinto como se tivesse entrado em pânico mais uma vez. A ideia de gostar de Ross me aterroriza e me traz memórias ruins do passado. Tenho certeza de que Ross não é como Éthan, mas o meu ex namorado também parecia legal no início. Isso me dá medo.
Desisto de tentar da matéria e decido olhar todas as minhas anotações em busca de respostas. Depois de longos minutos, termino fechando a tampa do computador e olhando para a bagunça interminável da minha mesa. A porta do meu quarto abre e com um pulo quase caio da cadeira.
— Cath, você poderia entregar essas coisas para uma amiga minha, por favor? — ela mostra uma sacola cheia de maçãs e morangos, além de outras frutas que tem na fazenda.
— Pode ser. Onde fica? — me levanto indo até ela.
— É perto. Em Yorkshire. — minha mãe sorri, me entrega a sacola e vai embora.
— Yorkshire?! São umas duas horas daqui de metrô! — corro até ela. — Mãe, isso é sério?
— Super sério. Ela vai fazer umas geléias com as frutas e vai vender. Aí as pessoas vão gostar e perguntar onde ela comprou as frutas e vão vir até aqui. — seus olhos brilham de empolgação.
Seguro a minha boca para não dizer que na verdade os clientes irão comprar mais da geléia e não das frutas.
— Mas é muito longe... — murmuro.
— São só duas horas. Você vai poder fazer um monte de coisa no metrô, vai ser divertido! E além disso, se você for, eu posso comprar um novo caderno de aquarela para você.
Ela me ganhou na base do suborno.
— Está bem. Já vou, então. — o sorriso da minha mãe parece de vilão de desenho animado quando consegue o que quer.
Volto para o meu quarto para arrumar as minhas coisas. Coloco na minha mochila vermelha meu caderno de desenho, uns lápis, borracha e o meu estojo de desenho. Troco a roupa, pego o cartão do metrô, minha mochila e a sacola cheia de frutas, fazendo um esforço para não cair escada abaixo.
Na porta, minha mãe me dá as instruções de como eu irei ir até a casa da amiga dela, anoto tudo no meu celular mostrando para ela para ver se está tudo certo. Saio e uma parte de mim dói quando não vejo Ross em nenhuma parte. Coloco meus fones seguindo para a estação do metrô.
O metrô demora uns minutos até chegar. A voz eletrônica da mulher ecoa pela estação fazendo me levantar e seguir para a plataforma.
— Atenção senhores passageiros, não atravesse a linha amarela da plataforma, tomando cuidado ao embarcar. Tenham uma boa viagem.
Subo no metrô procurando o meu lugar no bilhete. Ando até achar e me acomodo com todas as minhas coisas. A sacola deixou minhas mãos doendo tanto que espero um pouco até eu finalmente poder desenhar; começo com esboços aleatórios de coisas que vão à minha mente, a maioria sobre Rex ou a fazenda.
Só percebo que se passou duas horas quando uma placa aparece escrito "Bem-vindo a Yorkshire" e o metrô para na estação. Guardo tudo rapidamente antes que ele me deixe lá dentro, correndo com uma sacola enorme e minha mochila meio caída em um dos meus ombros.
Ando pelas ruas até achar o endereço da suposta amiga da minha mãe. Toco a campainha esperando, nervosa, ela abrir; se um qualquer desconhecido abrir iria se muito esquisito para as duas partes. Eu não acharia normal alguém batendo na minha porta, me chamando pelo nome esquisito e tentanto me vender umas frutas.
A porta abre e revela uma mulher com o cabelo amarrado e um sorriso um pouco forçado.
— Senhora Lacy..? Eu sou a filha da...
— Eu sei quem é a sua mãe. Ela me disse que você viria. Vamos, entre, entre. — Ela se afasta e me deixa passar com a sacola.
— Aqui estão as frutas que a senhora pediu. — entrego a sacola com grande entusiasmo finalmente me livrando dela.
— Ah sim! Estou muito animada para começar a fazer as geléias. Vem aqui, vou te dar algumas para experimentar.
O que era para ser uma pequena entrega de frutas acabou virando uma degustação de diferentes tipos de geléias, todas com uma mistura muito esquisita, mas são realmente gostosas. Fiquei lá até tarde e não percebi que perderia o trem das sete se não corresse. Agradeci a senhora Lacy e saí correndo em direção a estação.
Por sorte, consigo pegar o metrô no horário certo. O sol ainda está brilhando e ainda não se pôs. Termino meus esboços no caminho de volta, me aperfeiçoando para que fiquem o mais bonito possível.
O céu fica uma mistura de laranja e rosa, quando chego em casa. Desço na plataforma, colocando minha mochila nas costas, algumas outras pessoas passam por mim e o vejo no meio da pequena multidão que se formou. Fico estática no meu lugar.
Não consigo respirar. Ele me avista, com um pequeno sorriso vindo até mim. Os raios dourados do sol o iluminam e, de repente, ele parece com uma das pinturas de algum pintor famoso.
— Oi Cath, sua mãe pediu para eu te buscar. — Ross olha para mim, hesitando em perguntar algo.
— Oi, Ross. Não precisava vir até aqui. — começo a caminhar, mas ele continua parado.
— Olha Cath..., posso te perguntar uma coisa? — me viro fazendo minha respiração desregular, e balanço a cabeça. — O que você acha de mim?
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bom gente, desculpa ficar uma eternidade sem postar, eu consegui postar esse aqui mas só vou conseguir postar outro em julho. espero que gostem desse aqui. sayonara ;)
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Love Again
Teen Fiction» LIVRO 02 DA SÉRIE LOVERS Catheterine Sallow é fanática pelo cantor Ross Vandijk. Ok. Todo mundo é fã de Ross Vandijk, mas para Cath, ser fã depende da sua vida. Ela vive escutando e escrevendo fanfics no seu blog famoso: "Viciados no Ross". Ela é...