1 de Novembro, quarto de Catherine
Acordo com os gritos de Tristan do outro lado do corredor. Murmuro um palavrão e coloco o travesseiro em cima da minha cabeça. Ele continua a gritar algo que a minha porta abafa. Ótimo.
Me sento, meio grogue, e fico encarando a parede. Minha cabeça fica dando pontadas a cada segundo. Levanto de vez e quase caio, meu Deus, que tontura toda é essa? Respiro fundo me lembrando vagamente da noite anterior. O suco. O suco de maçã que Louise me deu. Anoto mentalmente que preciso agradecer por aquilo.
Ainda estou com as roupas de ontem. Não lembro de ser levada para casa, mas isso é melhor do que acordar no chão do jardim da escola.Troco de roupa e desço para ver o porquê de Tristan estar gritando tanto. Não há ninguém na cozinha nem na sala. Só um monte de pegadas de lama, uma, com certeza, é a do meu irmão; a outra, é... uma pata?
A ideia brilhante de trazer mais um animal para a fazenda deve ter sido do meu pai ou de Ross. Nunca se sabe. Vou para fora e me deparo com uma reunião de família onde ninguém me chamou. Maravilha.
Me aproximo do círculo deles. O primeiro a me ver é Ross, ele está queimado de sol e com os cabelos suados por debaixo do chapéu verde.
— Bom dia Catherine, vejo que está melhor. — cumprimenta o garoto.
— É, mais ou menos. — faço uma pausa. Como ele sabe do caso do suco de maçã?
— Eu te busquei — responde quando abro a boca para perguntar — Não acredito que essa é a sua cara, esperava uma mais agradecida.
— Obrigada Ross... por me buscar. — reviro os olhos. — Agora alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?
— Ah você acordou! — minha mãe exclama — Temos mais um membro da família.
Mais um!?
— Conheça o Rex. — um cachorro aparece atrás de papai. Com um nome super criativo igual à todos os animais da fazenda e uma pelagem marrom e laranja.
— Um... cachorro? — pergunto com minhas sobrancelhas se levantando.
— Não é demais!? Eu amei esse cachorro. — comenta papai. A ideia foi dele então.
— Também, vai ser uma ótima companhia — fala Ross, me contrariando.
O cachorro, que parece ser um labrador, corre até mim. Tento sorrir para que ninguém veja o meu pânico. O meu medo por cachorros é... terrível. Nunca vou me esquecer do dia em que eu andava pelo pasto e um cachorro me perseguiu correndo e ele ainda sabia pular cercas. Foi horrível.
— Tá bom, já deu. Vai pra lá Rex. — consigo tirar ele perto de mim e corro para dentro de casa, estremecendo.
O ar úmido da manhã acaricia o meu rosto. Abro a porta dos fundos e entro na cozinha novamente. Me sento na cadeira e coloco minha mão sobre a bochecha, suspirando. Desbloqueio meu celular e vejo que o cantor Ross publicou um novo aviso sobre o show dele em Manchester.
"Como esse vai ser meu primeiro show em Manchester, resolvi fazer uma coisa especial para vocês! Eu FINALMENTE vou mostrar meu rosto hehe"
Fico atônita por um momento. Paro para pensar que ele realmente nunca havia mostrado o rosto para nós. Que esquisito. Mas, por outro lado, eu verei em primeira mão o rosto dele.
Ross escancara a porta da cozinha, o que me faz pular na minha cadeira, e se joga no sofá.
— Aahh... — suspira — Mais um dia de trabalho completo.
— Ainda tá de manhã e você sabe disso. — intervenho, me virando para ele.
— É, mas hoje é domingo então tenho o resto do dia pra ficar no sofá relaxando.
Murmuro algo como um se você diz e subo para o meu quarto pegar meu material de pintura. O dia está perfeito para poder pintar ao ar livre. Debruçada sob a grama, coloco a minha tela e começo o delicado processo de separar as cores.
Nada me vem à mente. Não consigo pintar nada. Bufo e me deito na grama completamente. Fico pensando com os olhos fechados. Rostos, paisagens, construções, desenhos...
— Hmmm... — abro os olhos e coloco a parte de madeira do pincel na boca.
Uma imagem aparece clara na minha mente. Me levanto e começo a pintar. As cores se misturam com o ambiente ao meu redor, a cada pincelada dada me sinto mais próxima da minha pintura. É como se eu entrasse totalmente na realidade onde ela se encontra.
Minhas mãos suaves contornam a pintura. A luz do sol dá um contraste perfeito em relação a ela. Depois de horas ligada à minha tela, acabo. Contemplo a minha nova arte. Linda.
— Uau. Eu nunca vi algo assim. — a voz de Ross me faz pular.
— Você vai ficar aparecendo assim do nada todas as vezes?
— Talvez... — ele dá um pequeno risinho. — Você pinta perfeitamente.
— É... — minhas bochechas ardem. — Obrigada.
Ele me lança um sorriso bondoso e se senta ao meu lado, mais uma vez. Ficamos conversando por horas até o primeiro indício da lua aparecer. Percebo que talvez fosse legal conviver com alguém assim como ele.
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Love Again
Teen Fiction» LIVRO 02 DA SÉRIE LOVERS Catheterine Sallow é fanática pelo cantor Ross Vandijk. Ok. Todo mundo é fã de Ross Vandijk, mas para Cath, ser fã depende da sua vida. Ela vive escutando e escrevendo fanfics no seu blog famoso: "Viciados no Ross". Ela é...