Capítulo VI

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2 de Novembro, aula de arte

O sol da tarde envolve a sala de arte da escola. Maggie está ao meu lado esquerdo debruçada sobre a mesa tentando desenhar uma mão. Do meu lado direito está Éthan, para o meu desgosto, e do outro lado está Marrie — que está mais observando cada movimento do garoto com um olhar cruel — e Louise ao seu lado pintando algo em uma tela.

Tento pintar algo no quadro à minha frente, mas, mais uma vez, nada me vem à mente. Olho para o desenho de Maggie e tento me inspirar nele, mas acho que os garotos da banda que ela ama não iria ser uma boa ideia. Volto para a minha tela e começo a pintar Rex, eu chego ao topo da minha "incriatividade". Começo com os seus pelos coloridos e depois faço a sua cara e coloco uma língua para fora.

— Quem é esse? — Éthan pergunta, colocando o banquinho mais perto de mim.

— Esse é o meu cachorro, Rex. — olho para ele. Sua pele e seus olhos verde âmbar refletem com o sol. Me odeio por corar, mas ele está parecendo uma beldade grega.

— Hmm interessante... então, já pensou no que eu disse?

Eu tinha me esquecido disso completamente.

— Ainda não... — minto — mas prometo que eu te dou uma resposta até o final da semana. 

Ele dá um sorriso, que com certeza faria com que Louise desmaisse, e volta para o seu trabalho. O trabalho dele consiste em um monte de glitter e cores, fico encarando para tentar achar algo ali que pareça ser alguma coisa, mas não vejo nada.

Continuo a pintar Rex. O professor disse que o nosso trabalho consistia em criar algo — com qualquer coisa que seja arte — que mais gostamos. Ainda não me acostumei muito com o meu cachorro, mas acho que pintá-lo fará com que a minha fobia por cachorros passe.

Depois de vários minutos o sinal toca. Essa era a última aula, então me encaminho para o estacionamento com Marrie no meu encalço.

— O que ele queria? — pergunta ela, quebrando o silêncio.

— O Éthan? Ele queria saber o que eu estava pintando. Por quê?

A minha amiga suspira e passa a mão pelos cabelos cacheados.

— Depois de tudo o que ele fez com você, não sei como continua conversando com ele.

— Eu... eu não sei... talvez ele... — tento formular uma frase.

— Ele ao menos pediu desculpas? — fico muda. Nunca tinha pensado nisso e pela minha expressão Marrie continua. — Foi o que eu pensei. Olha Cath, tem algo aí no fundo de você que não aceita a verdade, mas talvez seja hora disso...

Fico calada, pensando. Acho que nunca irei me conformar com o que Éthan fez comigo, além disso não foi uma coisa tão absurda assim, mas foi ruim. Muito ruim. Eu ainda acho que ele pode mudar, pelo que vejo nesses últimos tempos..., mas não consigo pensar nisso agora.

— Eu não consigo Marrie. — digo, finalmente. — Você acha que eu sou burra por conseguir perdoar ele, mas...

Lágrimas descem do meus olhos. Não consigo falar disso, dói muito. Minha amiga chega mais perto e me abraça e não fala nada.

— Eu sou sortuda por ter você Marrie, obrigada. — falo com a voz abafada por seus cabelos.

— Não, eu que sou. — ela me dá um sorriso sincero. — Que tal irmos à algum lugar agora?

Faço sim com a cabeça. Mando mensagem para Tristan falando que não precisa mais me buscar e saio com Marrie.


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