Noah
Ah! A magia do Natal, que coisa mais gostosa de se sentir, não? Alguns amam, outros odeiam, mas ela sempre chega pra aquecer e amolecer até mesmo alguns corações de quem já esqueceu como é ter um, porque celebrar o amor é sempre válido.
Natal é tempo de celebrar o nascimento do menino Jesus, a esperança que nasceu pra todos nós. Pra quem não é religioso, é época de gratidão, generosidade, a esperança de dias melhores e fé, porque fé é acreditar. É família reunida, perdão compartilhado, o caminho para um novo ano próspero, deixando as mazelas pra trás.
É reflexão. É um sentimento.
Quando eu era criança, minha mãe dizia que se eu não fosse um bom menino durante o ano, Papai Noel não leria minha carta e ela seria queimada em uma das casas que ele descesse pela chaminé. Meu corpo tremulava de medo, eu era um bom menino, mas não se sabe qual é o critério que o bom velhinho usa pra medir bondade. Então, só pra garantir, eu costumava fazer cartas para o Papai Noel, deixando bem claro que eu fui um filho exemplar e um ótimo amigo ao enumerar todas as minhas boas ações – ele é velho, talvez se esquecesse de alguma –, e chorava quando encontrava meu presente embaixo da árvore de Natal.
Às vezes eu tentava ficar acordado pra ver o velho descer pela chaminé do fogão a lenha de casa, mas nunca consegui. Me perguntava como ele cabia naquele espaço tão pequeno e fiz essa pergunta pra minha mãe, ela disse que o Papai Noel cabe aonde as pessoas querem que ele caiba, basta desejar e eu desejava muito. Em uma noite fiquei acordado, andando de um lado para o outro dentro do quarto e desci quando vi o despertador dar meia-noite.
Qual foi a minha surpresa ao descobrir que o Papai Noel era o meu pai?
Claro, contei pra todos os meus coleguinhas e eles não acreditaram, mas não me importei, quem sabe ele não dava os presentes deles pra mim por eles não terem acreditado?
Ledo engano.
Mais tarde descobri que meu pai também era o coelhinho da páscoa, a fada do dente e... perco a linha de raciocínio quando vejo Joan se esticar pra colar uma bola vermelha mais no alto da árvore de Natal exagerada de grande que ele comprou com Ella, a blusa deixando à mostra um pedaço da sua pele bronzeada que não é nada demais, mas que faz minha imaginação voar alto.
— Joan, coloca uma bola de outra cor. — ele me olha confuso e nem faz ideia do que há por trás do meu pedido implicante. — Essa ficou perto demais da outra vermelha.
— Não ficou, nada, Noah. Você tem me feito de escravo. — resmunga. — "Joan, a árvore", "Joan, os enfeites", "Não esquece dos chifres de rena". — tenta imitar minha voz, fazendo gestos com as mãos.
— Meu amor, o combinado foi eu cuidar da comida e você cuidar do resto.
— A gente poderia ter colocado sua mãe pra cozinhar, assim você cuidaria do resto.
— Minha mãe esquece como se cozinha nessa época. Agora troca a bolinha, vai. — peço docemente, analisando sua cara enraivecida que deixa o maldito ainda mais sexy. — E foi você quem quis deixar pra enfeitar essa árvore na última hora.
— Pensei que Ella fosse me ajudar, mas aquela garota só quer saber de ficar trepada em cima de um cavalo. — reclamando como um velho ranzinza, ele pega uma bola dourada dentro da caixa no chão e se estica outra vez.
Era nisso que eu estava pensando, na nossa filha e no que eu esperava quando fosse pai e eu esperava reproduzir tudo aquilo que meus pais fizeram por mim, mas Ella, com seus onze anos, não acredita mais em Papai Noel. Na verdade, ela não acredita há algum tempo, muito antes da gente soma-la em nossa família. Ainda assim, Ella adora o Natal, só não tem paciência pra gastar seu tempo enfeitando uma árvore quando pode estar aproveitando o ar livre na fazenda.
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Orgasmos de Natal | Contos LGBTQ+
Historia Corta2 VOLUMES Um livro recheado de contos natalinos coloridos! Pra quem gosta de hot, tem. Pra quem não gosta tanto, tem conto também. Com contos dos autores: Rocco Bravo, Isabela Gonçalves, Bianca Brito, Juliana Souza, E. N. Andrade, Nil Marinho, Olive...