Invasor de lar

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Dib mais uma vez voltava para casa depois da escola, andando lentamente enquanto assistia os pássaros e as pessoas passando. Gaz havia ido na frente, já que Dib preferia observar a paisagem e pensar durante o caminho. E, obviamente, ele pensava em Zim.

O alien nunca mais apareceu na escola e nem mesmo saiu de casa.

Ele deveria se preocupar? Zim poderia estar tramando algum esquema maligno, talvez pior do que o último... Ou talvez apenas tivesse desistido? Aquela havia sido a primeira vez que ele chegou perto de realmente destruir a Terra, se aquilo não deu certo, o que daria? Talvez Dib estivesse se preocupando demais com um mundo que não lhe dava crédito algum.

Mesmo assim, não conseguia parar de pensar sobre.

Quando voltou a prestar atenção ao seu redor, Dib percebeu que já estava no quintal de casa.

Dane-se. Decidiu que não iria mais se preocupar, o que quer que acontecesse, não iria mais deixar sua obsessão pelo Zim o atrapalhar. Não ia mais virar uma cadeira.

Aquele dia tinha tudo para ser ótimo, então ele colocou um sorriso no rosto e abriu a porta.

Mas, assim que o fez, seu sorriso sumiu imediatamente.

-Olá, filho! Como foi na escola? - Seu pai o recebeu. Ele estava no sofá com uma xícara de chá em mãos, e sentado ao lado dele... Estava Zim.

Ele segurava o pequeno alce roxo em seu colo como um bicho de pelúcia, e seu robô/cão corria pela sala perseguindo um inseto.

Clem e Gaz estavam parados em pé perto da porta, observando a cena. Clem parecia confuso, enquanto Gaz apenas lançou um olhar para Dib e deu de ombros.

Dib não conseguia responder. Tinha vontade de gritar, quebrar alguma coisa, chutar o traseiro do alien com tanta força que o mandaria para Plutão, mas estava paralisado.

-Pai - Ele gaguejou, finalmente conseguindo formar uma palavra - O que ele tá fazendo aqui?

-Ora, não seja rude. Vocês não se vêem há algum tempo, então seu amigo decidiu fazer uma visita. Não é, Zim?

-Hã... Sim! Certamente. Eu... Bem... - Zim olhou para sua mão e começou a falar em um tom quase robótico, como se estivesse recitando algo - Nos últimos meses eu estive muito doente e não pude comparecer à escola, e por isso fiquei com tanta saudade do meu grande amigo Dib que decidi fazer uma visita surpresa para ele. Só isso.

Um silêncio constrangedor se fez presente.

-Eeeu tô vazando - Anunciou Gaz virando as costas e voltando para o seu quarto.

-E eu, hãã... Vou fazer mais mingau... Na garagem - Disse Clem antes de se atirar para fora pela janela.

Bela ajuda, Dib pensou para si mesmo. Respirou fundo e forçou um sorriso.

-Papai - Ele começou em um tom inocente - Podermos conversar? A sós?

-Eu não vejo o que tem para me dizer que não possa dizer na frente do seu amigo - Respondeu o cientista, mas antes que pudesse terminar a frase, o garoto já o havia puxado para a cozinha.

-Isso é sério? Por que deixou ele entrar? Que tipo de brincadeira é essa?

-Eu não entendo, por que é tão hostil com esse garoto?

-O Zim é do mal! Ele roubou a sua empresa, te mandou pra uma prisão espacial, substituiu você por um clone e criou um buraco espacial que quase destruiu o planeta inteiro!

-Pensei que tínhamos concordado que isso foi apenas uma alucinação. Todo mundo já aceitou isso.

-Ele é um alien! Ele não é meu amigo e nem nunca vai ser!

-Dib - O Professor Membrana começou em um tom firme, porém calmo - Escuta, estou fazendo isso porque me preocupo com você.

Dib olhou para ele, e, de repente, toda a raiva sumiu, sendo substituída por confusão.

-Está fazendo... Por mim?

-Você nunca teve muitos amigos, e eu sei que as crianças da sua escola zombam de você por causa dos seus hobbies. Você é um garoto inteligente e me orgulho de você, mas não quero que fique fique sozinho. Zim se interessa por ciência e quer ser seu amigo, então por que não dá uma chance a ele?

Dib piscou absorvendo tudo o que acabou de ouvir. Seu pai nunca foi multo de demonstrar, mas se importava com ele, e estava fazendo aquilo simplesmente porque queria que ele tivesse um amigo. Por mais que Zim fosse horrível, como poderia dizer não?

-Eu...

-Ehem - Antes que pudesse responder, ouviu-se um som na entrada da cozinha e ambos se viraram para ver Zim ali parado - Algum problema? Talvez eu devesse voltar mais tarde.

-Oh não, nenhum. Estávamos apenas... Jogando pedra, papel e tesoura - Respondeu o cientista. - Filho, por que não mostra o quarto de hóspedes para o seu amigo?

-O quê?! - Exclamou.

-Os pais dele estão viajando a trabalho, então sugeri que ele ficasse na nossa casa enquanto isso.

-Mas... mas...

Seu pai lhe lançou um olhar, que mesmo por trás dos óculos ele conseguia entender o que diziam: "por favor, apenas tente".

Ele suspirou pesadamente.

-Certo.

E assim, contra sua vontade, Dib guiou o invasor para o quarto de hóspedes.

Invasor Zim: Vivendo Com o InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora