Segunda chance

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Enquanto Dib guiava o caminho para o quarto de hóspedes, Zim o seguia em silêncio com Gir saltitando atrás dele.

A fase um foi um sucesso, conseguira entrar na casa e convencer o cientista estúpido em deixá-lo ficar com uma desculpa esfarrapada. Foi até fácil demais.

Mas a fase dois não seria tão fácil, visto que odiava Dib tanto quanto ele o odiava.

De qualquer jeito, precisava ganhar a confiança dele, e para conseguir isso, seguiria as técnicas que viu em programas de televisão dos humanos. O primeiro passo era começar uma conversa.

-Entããão... Clima bacana, né? - Comentou.

Dib não respondeu.

-Acho que amanhã vai chover - Tentou uma segunda vez.

Novamente, não houve resposta.

-Viu o jogo de baseball ontem? Os Porcos venceram as Lontras por três a zero-

De repente Dib parou de andar, fazendo com que Zim acabasse esbarrando em suas costas. Então se virou para ele, claramente irritado.

-Olha, eu não sei o que você tá tramando, mas não vai funcionar. Meu pai pode ter caído nos seus truques sujos, mas eu não vou. Eu vou descobrir o que você quer, e eu vou te impedir. Então não me venha com-

-Eu trouxe um presente - Interrompeu Zim, ganhando um olhar desconfiado do garoto.

-Presente?

-Gir - Zim sinalizou para o robô, que prontamente se colocou ao seu lado e atirou uma pedra de sua boca, que atingiu Dib no estômago.

O humano grunhiu de dor e segurou a pedra, encarando o objeto.

-O que significa isso? - Perguntou recuperando o fôlego.

-Não tem significado. É uma pedra - O alien respondeu simplesmente.

-Eu sei que é uma pedra! Mas por que me deu isso?

-Não é uma simples pedra. É uma pedra espacial - Zim corrigiu.

-E como eu vou saber se isso não é uma bomba ou algum tipo de arma alienígena maluca?

-Posso confirmar que não é.

-E por quê?

-Porque é uma pedra.

Dib respirou fundo, contando até dez mentalmente.

-Por que eu deveria aceitar isso?

-É uma oferta de paz. Eu desisti de tentar dominar a Terra, apenas quero viver uma vida pacífica, e vou começar me redimindo com você. Sinto muito.

A expressão do garoto humano era hilária. Ele estava pálido como se tivesse visto um fantasma e com os olhos arregalados. Zim estaria rindo se não estivesse tão determinado em enganar Dib.

-O que você disse?

-Disse que sinto muito - Repetiu Zim - Caramba, vocês terráqueos têm péssima audição.

-Você... Vai desistir? Simples assim?

-É. Não é como se valesse a pena de qualquer jeito. Quer dizer, por que eu iria querer ganhar o reconhecimento dos meu queridos líderes e a adoração de todo o povo de Irk? Pfft, chato, né não?

Dib voltou à sua expressão séria de antes, e não parecia estar acreditando em uma palavra.

-Haha... - Zim riu nervosamente e limpou a garganta - Bem, acho que isso nos deixa em bons termos agora, certo?

-Vai sonhando.

Com isso, Dib o empurrou para o quarto e fechou a porta. Alguns segundos depois, abriu novamente e atirou Gir em cima dele.

-Que mau humor - Comentou Gir - Alguém precisa de um abraço.

-Vai ser mais difícil do que pensei...

-Nya! - Disse o pequeno alce.

-Tem razão, Mini Alce. Ele vai ceder. É só uma questão de tempo. Logo vou ter a Terra nas minhas mãos...

Zim se preparou para dar sua risada maligna, mas se lembrou que Dib estava por perto, então se limitou a um sorriso perverso.

-

Enquanto se afastava do quarto, a cabeça de Dib se enchia se perguntas. Será que ele estava falando a verdade? Realmente se arrependia e queria se redimir?

Não. Zim é do mal, e sempre vai ser.

Mas e se?...

As pessoas podem mudar, certo? Havia essa possibilidade. Mas tão de repente? Não podia ser verdade.

Aaargh! Dib gritou mentalmente. Era muito mais fácil lidar com Zim tentando o matar do que sendo legal.

Decidiu se sentar. Era muita informação para sua cabeça (mesmo considerando o quão grande ela era). Certo, aparentemente Zim estava arrependido por ter quase destruído a Terra e queria mudar. Mas era possível alguém tão desprezível se tornar uma boa pessoa?

Para outra pessoa talvez... Mas o Zim?..

Dib olhou para a pedra em suas mãos.

Realmente ela era bonita, e não parecia uma arma mortal. Parecia um pequeno pedaço sólido do universo, com pequenos pontos brilhantes que lembravam estrelas.

Dib suspirou e colocou a pedra no bolso.

Talvez... Talvez Zim merecesse uma chance.

Mas se fosse algum plano maligno, ele seria o primeiro a lhe dar um pescotapa.

Invasor Zim: Vivendo Com o InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora