La llorona - Parte 3

471 48 22
                                    


Dib havia acabado de armar a última armadilha quando Zim se aproximou bebendo algo de uma lata com um símbolo alienígena, totalmente despreocupado.

—Onde você estava? — Indagou. O tom saiu mais inquiridor do que o esperado.

—Ver você trabalhando me deixou cansado, então fui pegar uma bebida.

Dib suspirou.

—Pra falar a verdade, também fiquei com sede. Trouxe alguma coisa pra mim?

—Por que eu deveria? — Zim perguntou, parecendo mais confuso do que sarcástico.

—Porque é o que pessoas legais fazem?

O alien ficou em silêncio, processando a informação.

—Deixa pra lá — Disse Dib voltando a atenção para o computador à sua frente no chão.

—Ei — Chamou Zim.

Dib olhou para cima e viu que Zim estendeu a lata para ele. De repente se sentiu levemente mal por ter sido rude.

—Vai pegar ou prefere ficar aí me encarando? Quer dizer, eu sei que sou incrível, mas meu braço vai cansar.

—Ah… Sim, claro… Obrigado — Ele pegou a lata e deu um gole na bebida, para menos de um segundo depois acabar cuspindo tudo fora.

earamba, que ingrato — Reclamou o alien.

—Se urânio tivesse um gosto… seria esse — Disse Dib cuspindo o resto que tinha na boca e limpando o rosto na manga do sobretudo.

—Tecnicamente, tudo tem um gosto, só é preciso alguém maluco o suficiente para provar.

Aquela conversa estava tomando um rumo estranho, então Dib optou por não responder.

Logo ouviu-se um "bip" vindo do computador, então ambos foram verificar.

—O que é isso?

—Eu instalei várias armadilhas nessa parte da floresta e usei os sanduíches de algas que compramos como isca, além de câmeras. Este mistério vai estar resolvido em um piscar de olhos.

Zim piscou algumas vezes.

—Não, eu acho que não.

—Certo, em vários piscares de olhos. Agora vamos.

—Pra onde?

—Para o esconderijo.

Dib pegou o computador e arrastou Zim para trás de uma moita.

Dentro da moita, ela não era apenas uma moita comum. Do lado de dentro, eram uma pequena sala com várias telas e duas cadeiras, com direito até a ar condicionado.

Dib colocou o computador na mesa em frente às telas e pulou em uma das cadeiras.

—Você construiu uma base disfarçada de moita?

—Claro que não. Eu comprei no eVay.

Zim pareceu confuso, mas ignorou a resposta.

—...E agora? — Zim perguntou.

—Agora… esperamos. Observar em silêncio também faz parte do trabalho de investigador.

Zim não escondeu o descontentamento. Ele começou a grunhir e resmungar no que provavelmente era sua língua de origem. 

—Quer parar de reclamar? Isso é sério — E não é como se eu quisesse você aqui também, acrescentou mentalmente.

—Isso é estúpido. Poderíamos simplesmente ir atrás dessa assombra-cão viradora de latas suja e fazê-la desejar nunca ter posto os pés na superfície deste planeta.

Dib olhou para ele com uma sobrancelha levantada, surpreso com o quão sombrio ele se mostrou de repente. Percebendo isso, Zim retomou a postura.

—Ou, sei lá, só prendê-la, tanto faz.

Dib lembrou a si mesmo de ficar de olho nele também. Talvez a real ameaça não fosse a suposta mulher fantasma.

—Primeiro, é assombração, não "assombra-cão". Segundo, não sabemos com o que estamos lidando. Ela poderia muito bem nos possuir ou arrancar nossas tripas e usar como um colar. Bem… pelo menos a mim, não faço ideia se você tem alma ou mesmo tripas. Enfim, o melhor a fazer é sentar e esperar.

Zim desistiu de tentar discutir e se sentou ao lado de Dib, sugando sua bebida alienígena do canudinho rosa, fazendo questão de fazer máximo de barulho enquanto isso.

Passaram-se quinze minutos, meia hora, uma hora, duas, três… muitas horas e nem um único sinal de vida foi captado pelas câmeras. Dib estava com sede, fome e com a bexiga estourando. Deveria ter pedido a moita com banheiro.

Porém, apesar disso, estava exausto pelas noites em claro, a animação do começo do dia foi se esvaindo deixando uma carcaça inútil e cansada de Dib. A cadeira era confortável, o ar fresco e tudo estava silencioso, mesmo com a presença do alien. Dib não queria acabar dormindo e ficar ali vulnerável, as depois de algum tempo lutando contra o sono, acabou adormecendo.

-

Quando Dib acordou, ao invés de se sentir mais leve e descansado, sentia como se tivesse sido esmagado por um meteoro. 

Mesmo com o corpo todo pesado e molenga, ele se ajeitou na cadeira e limpou as lentes embaçadas dos óculos, apertando os olhos para focar a visão.

A primeira coisa que ele notou: Zim havia sumido. Simplesmente desapareceu sem nenhum aviso. Será que a fantasma o havia levado? Ou ele se aliou a ela para roubar suas tripas? Sabia que não devia ter confiado naquele… naquele… não conseguia pensar em um insulto no momento, mas quando pensasse ia falar na cara dele.

Então, Dib olhou em volta novamente e percebeu a segunda coisa, olhando para as câmeras: todas as armadilhas estavam abertas, mas as iscas sumiram.

Ele saltou da cadeira, assustado.

—O que aconteceu?.. — Perguntou a si mesmo em voz alta.

—Falando sozinho? — Dib se virou rapidamente e viu Zim parado na entrada — Pensei que não dava pra você ficar mais maluco.

—Zim! As armadilhas! Elas… Espera aí, pra onde você foi?

Zim ergueu o objeto que tinha na mão — uma outra lata da sua bebida esquisita com gosto de material radioativo.

—Você saiu de novo?! Deveria estar observando as câmeras!

—Não é minha culpa se o seu corpo humano mal desenvolvido de cabeça grande simplesmente se desligou do nada. Se era tão importante, deveria ter se dedicado mais.

Dib teve vontade de voar na direção do alien e estrangulá-lo com ambas as mãos. Respirou o mais fundo que conseguiu e inflou as bochechas tentando não surtar enquanto contava até dez mentalmente. Só depois de contar até cinquenta ele soltou o ar, agora mais calmo.

—Já é quase hora do jantar. Melhor voltarmos pra casa antes que o papai fique preocupado. Amanhã tentamos de novo.

Zim parecia surpreso e até mesmo decepcionado com a calma do garoto. Ele apenas deu de ombros e seguiu Dib quando este desligou as câmeras e deixou a base-moita.





Invasor Zim: Vivendo Com o InimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora