go, live!

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a janela ainda estava aberta, o frio gélido percorrendo o cômodo também. mas o corpo magro de wolfhard incrivelmente desapareceu. jack entrou na porra de um desespero, sentiu suas mãos tremerem por inteiro e o ar parecer ter sido irradiado. não havia oxigênio o suficiente para respirar.

as batidas do seu coração vacilaram. e ele sentiu seu corpo ir ao chão. quando acordou, encarou uma luz branca, ainda estava na casa de finn, ele a reconheceria em todos os lugares, afinal, passou grande parte de seu último mês por lá.

mary adentrou o quarto com lágrimas nos olhos e não é como se ela precisasse dizer alguma coisa para que o menor captasse oque havia acontecido. finn tinha ido embora, sua alma não era daqui, pertencia a algo maior, distante. e talvez ela precisasse simplesmente ir. a irmã do maior segurou os dedinhos gelados de jack, respirou fundo e tentou dizer a grazer alguma coisa motivadora. mas aquele momento não havia oque se fazer, ela estava em pedaços e bem, ele também estava. então retirou uma carta do seu bolso e a entregou para jack, levantando-se para se retirar do quarto e deixar com que ele tivesse um pouco de paz para pensar.

— encontraram isso junto com as roupas dele, tem seu nome no verso. — mary disse com um tremendo nó na garganta.

— ele me escreveu a porra de uma carta por que não aguentava me dizer simples palavras diretamente — jack passava as mãos pelos olhinhos tentando fazer com que as lágrimas parassem de cair, em sua cabeça havia apenas uma dúvida: será que um segundo antes da morte de finn ainda existia um resquício de vida lá dentro?

wolfhard era quente, ele não era uma pessoa que exalava felicidade, mas seus olhos costumavam brilhar, talvez no momento que caiu de vez na realidade e percebeu que a vida não era tão boa assim, não conseguiu se levantar de novo, afundou em um poço que a tendência era apenas descer mais e mais. ele era um garoto fodido.

jack começou a balançar as pernas freneticamente para frente e para trás, na tentativa de aliviar toda a tensão que parecia percorrer pelos seus ossos. finn não se despediu, não aceitou ser salvo. provavelmente escutou a conversa de grazer com a psicóloga no banheiro — mesmo que ele sussurrasse — e resolveu dar um fim em tudo antes que fosse tarde demais. a morte era convidativa, ah sim, ela o atraia e chega de maneira inesperada. wolfhard a procurou, ele estava a chamando a tantos anos, e finalmente criou coragem para enfrentá-la.

qual havia sido a sensação de estar a beira do suicídio? será que as lembranças de momentos bons percorreram a cabeça do maior ou ele simplesmente esqueceu tudo e se foi? eram tantas perguntas que grazer começou a sentir sua respiração falhar pela segunda vez no dia.

— c-como ele fez, mary? — jack perguntou receoso, seu coração parecia estar em pedacinhos impossíveis de serem juntados novamente.

— não tenho certeza que é apropriado falar isso pra você neste estado, acho melhor você descansar um pouquinho tá bom? agora já está tarde, durma um pouco.

— não da pra dormir sabendo que eu perdi o garoto que eu amava ok? o corpo dele pode estar por aí e eu preciso encontrar — grazer arrastava as unhas pelos seus braços, a sensação de estar vazio o fazia pirar a cada segundo.

— no lago, eu não sei como mas ele se afogou lá. já encontraram o corpo dele, você ficou desmaiado por um longo tempo.

grazer quis gritar, sentiu todas as memórias com finn passar por sua cabeça e ele simplesmente não podia fazer nada. talvez este fosse o pior sentimento do mundo todo.

jack passou pela irmã do maior em passos rápidos e ligeiros, desceu as escadas apavoradamente e correu até sentir seus pés falharem. ele estava ali, no lago, pode sentir finn segurar sua mão e a brisa da madrugada o dar um tapa na cara. o sol estava nascendo, grazer tentou se esconder, finn costumava odiar o sol com todas as suas forças, não necessariamente ele, talvez seu brilho excessivo e o fato de que com aquela estrela nascendo, finn teria que acordar e ver todas as pessoas e se esforçar para tentar se manter vivo no meio delas.

a água reluzente estava gelada demais, haviam alguns polícias e investigadores envolta do local e fitas impossibilitavam a entrada no lago. mas jack era um garoto teimoso, correu pela placa "não ultrapasse" e jogou seu corpo diretamente contra o lago. as pessoas o observaram, não tiveram reação até jack começar a chorar alto, esperneando e gritando palavras desconexas, ele estava com frio e bem, desta vez finn wolfhard não poderia acolhê-lo com suéters quentinhos.

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eu estou tão triste com esse capítulo :(

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blue boy + fackOnde histórias criam vida. Descubra agora