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Xue acordou com a luz do Sol passando entre as cortinas e atingindo seus olhos, ele piscou várias vezes e cobriu-os com o braço resmungando baixinho sobre não ter fechado a cortina, foi ai que lembrou que Xiao era cego, por isso a luz do Sol nunca o incomodaria.

Levantou de sua cama improvisada no chão, era muito mais confortável do que dormir ao relento e podia sentir o quanto Xiao havia se esforçado para torná-la macia e quente. Aquilo era muito mais do que jamais imaginou merecer.

Xiao abriu a porta devagar para não acordar o outro e entrou no quarto, curioso, Xue ficou quieto para ver o que ele faria, assistindo enquanto o mais velho se aproximava e passava a mão sobre os cobertores, provavelmente checando se ele ainda estava deitado. Sorrindo travesso o mais novo levanta com tudo e grita.

-Bom dia Xiao.

O rapaz se assusta e cai sentado, soltando um grito que faz Xue se contorcer de rir até A-Qing entrar no quarto praticamente chutando a porta.

-Irmão?

Ela pergunta com os olhos arregalados de medo, e Xue para de rir imediatamente, a menina vem até o irmão que se levanta e limpa as calças.

-Você está bem? O que houve?

Xiao suspira cansado, mas Xue viu suas orelhas ficando vermelhas de vergonha, era uma graça deixá-lo embaraçado daquela forma e sabia que havia encontrado sua nova diversão.

-Está sim, eu apenas me assustei.

A-Qing olha para o rapaz deitado fazendo cara feia e chuta as cobertas dele irritada.

-Foi esse ai que te assustou não foi? Ingrato, Xiao te dá um lugar para ficar e você faz isso? E se ele tivesse se machucado?

Xue não entende o porque dela estar tão irritada, foi apenas uma brincadeira e ele só caiu para trás, não é como se ele tivesse empurrado o irmão dela de um penhasco.

-A-Qing, não foi nada demais, vamos esquecer. O café está queimando.

O cheiro de queimado invadia o quarto fazendo a garota sair correndo de volta para a cozinha e deixar os dois rapazes sozinhos.

-Acho que ela não gosta muito de mim.

Xue diz observando a expressão de Xiao, mas ele apenas sorri como se achasse a situação engraçada.

-Ela é apenas super protetora Xue, não se preocupe, com o tempo ela se abre para você. Não demore ou o café vai esfriar.

Ele sai do quarto deixando o rapaz se arrumar. Xiao já estava de banho tomado e com o uniforme impecável como sempre, seus cabelos estavam presos por uma fita um pouco abaixo dos ombros. Xue não se deu ao trabalho de fazer metade daquilo, abotoando apenas a camisa e colocando a calça do uniforme da mesma forma que sempre.

Quando ele chegou na cozinha os dois irmãos estavam sentados em volta da pequena mesa e havia um prato para ele também apesar de notar que suas torradas pareciam ligeiramente mais queimadas do que as outras. Ele ficou parado mais tempo do que deveria olhando aquela cena, era a primeira vez que haviam reservado um lugar para ele em alguma coisa.

-Vai ficar parado ai? Coma logo ou te deixamos para trás.

A-Qing avisou apontando a torrada para ele ameaçadoramente, Xiao tomava seu chá tranquilamente enquanto comia como se aquilo fosse completamente normal.

-Não apresse ele A-Qing, faz mal comer rápido. Não podemos te esperar, mas fique à vontade Xue, vou deixar a minha chave na fechadura.

A-Qing revira os olhos terminando a torrada e tomando todo o chá de uma só vez.

-Você é muito bonzinho com ele irmão.

Até Xue estava estranhando o quão bondoso Xiao é, as pessoas não deixariam a chave da sua casa com alguém em quem não confiam e os dois não se conheciam a tempo suficiente para terem desenvolvido um laço de confiança tão forte.

-Eu levo para você na escola.

Ele diz começando a comer sua comida. Tudo era tão novo e fez ele se questionar se essa é a sensação de ter uma família. A-Qing pegou sua bolsa e a do Xiao para checar os livros dentro.

-Obrigado Xue, vou precisar dela para entrar quando voltar do trabalho, não quero acordar vocês.

O rapaz se levantou colocando a alça da bolsa nos ombros e seguiu até a porta com a irmã que mostra a língua para Xue antes de sair e trancar a porta, deixando-o sozinho para pensar. Foi nesse momento que ele percebeu que poderia ter matado aula se quisesse, mas prometeu levar a chave para a escola. Será que Xiao havia planejado aquilo para força-lo a ir? Algo lhe dizia que sim.

O que há entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora