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Os três foram para a escola juntos pela primeira vez, ao chegarem a-Qing se despediu deixando os dois rapazes sozinhos e Xue sentiu que era finalmente seguro falar sobre o que havia acontecido na noite passada.

-Você está bem mesmo? Como está a cabeça.

Xingchen olhou na direção dele e sorriu para tranquiliza-lo, Xue era incrivelmente doce quando queria, apesar de que provavelmente teria um ataque se ouvisse aquilo.

-Está tudo bem, tomei remédio hoje de manhã novamente, já não está mais doendo. Desculpe por ter mantido você acordado.

Xue procurou por algum sinal de que aquilo fosse mentira, mas não conseguiu encontrar nenhum, Xingchen é muito bom em esconder o que sente por baixo de um véu de pureza.

-Não precisa se desculpar, eu...

-Xingchen.

A conversa dos dois foi interrompida pela aproximação de outra pessoa que não tentou esconder o fato de que estava intencionalmente se intrometendo.

-Bom dia, Zichen.

Xue e Zichen trocaram olhares nada agradáveis, mas que por sorte não podiam ser vistor por Xiao, então nenhum deles tentou esconder seu ódio pelo outro.

-Bom dia, temos reunião do conselho depois da aula, você vai poder ficar?

Xue não havia nem sido cumprimentado, mas se recusava a sair do lado de Xiao, mesmo que os outros dois estivessem falando sobre assuntos do conselho estudantil.

-Vou sim, não marquei nenhum turno hoje para poder participar.

Zichen sorriu vitorioso e passou o braço pelo ombro de Xingchen.

-Ótimo, vamos para a sala então.

Xiao olhou para trás conforme andava, como se procurasse algo.

-Xue?

Um sorriso vitorioso nasceu no rosto do rapaz ao ser chamado e ele mostrou a língua para Zichen que revirou os olhos diante da atitude infantil.

-Eu vou para a minha sala cegueta, a gente se vê mais tarde.

Xiao sorriu e acenou com a cabeça, aliviado de que o garoto ainda estivesse ali. Era um sentimento estranho, mas com Xue ao seu lado sentia-se protegido.

-Até mais tarde Xue.

Finalmente ele se deixou ser levado por Zichen que resmungou o caminho todo por conta da conduta de Xue e fato de chamar Xingchen de cegueta, fazendo com que Xiao quisesse rir da atitude do melhor amigo.

-Ele diz o que quer, vem e vai quando quer, Xue é um rapaz livre, mas muito leal e tem um grande coração.

O humor de Zichen só piorou depois de ouvir aquelas palavras, ele sentia que Xingchen estava cada vez mais longe dele, mas se recusava a desistir desse amor que já durava anos, ele era muito melhor do que aquele garoto delinquente, então porque o sorriso de Xiao ao falar dele é tão lindo?

Depois das aulas Zichen e Xingchen seguiram para a sala do conselho estudantil onde ocorreria a reunião. Xiao tentou se concentrar a todo custo no que estava acontecendo, mas a dor de cabeça retornara durante a tarde e ele sentia que em alguns momentos da reunião se desconectava da realidade e não sabia dizer o que estava sendo discutido, por sorte não precisaram muito de sua opinião e a ata da reunião poderia ser lida depois.

Os dois deixaram a escola juntos, Zichen pretendia oferecer uma carona para casa quando entrassem no pátio, mas havia alguém esperando por eles encostado no batente da porta.

-Finalmente cegueta, achei que ficaria lá a noite toda.

Ouvindo aquela voz Xingchen ficou surpreso, pois não esperava a presença dele ainda na escola.

-Xue, o que faz aqui?

O rapaz revira os olhos e descruza os braços, desencostando do batente para vir na direção deles.

-Eu estava esperando você. A-Qing disse para não ficamos fora até tarde, então fiquei para te acompanhar, assim você não se perde.

Xingchen ri da atitude do outro, era realmente tão difícil admitir que esperou porque queria companhia?

-Certo, vamos nos apressar então. Até amanhã Zichen.

Dessa vez foi Xue quem enlaçou a cintura de Xiao com o braço e o arrastou de lá, olhando para trás apenas para mostrar a língua para o outro rapaz.

-Até amanhã Xingchen.

Song Lan não daria ao outro a satisfação de fazer ele ficar mal com o melhor amigo, mas seu olhar não era nada amigável. Durante o caminho Xue soltou a cintura de Xiao e trocou pela mão dele, entrelaçando os dedos dos dois. Não houve nenhuma reclamação, o que fez ele sorrir satisfeito, mas Xiao cobriu os olhos com as mãos enquanto andavam deixando Xue preocupado.

-O que houve?

Xingchen balançou a cabeça devagar, indicando que ele não devia se preocupar, mas era mais fácil falar do que fazer.

-Só dor de cabeça.

Não era normal alguém ficar com dor por tanto tempo, mas ir no hospital agora estragaria os planos deles para o jantar e Xingchen com certeza seria contra.

-Você devia ir ao hospital amanhã ao invés da aula, precisa se cuidar.

Por mais cabeça dura que ele fosse, precisava concordar com Xue. Seria ainda pior se a-Qing descobrisse.

-Eu farei isso.

O que há entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora