Good day

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TEMA DO DESAFIO: ANO NOVO NA TIMES SQUARE

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Um dia ele vai ser um bom dia, com certeza
Você não estará sozinho para sempre
Eu estarei ao seu lado, nós estaremos bem
(Good day - BTS)

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José Perez, 32 anos, acordou naquela manhã do dia 28 de dezembro com uma nova, e pequena, esperança: depois de meses, havia conseguido um emprego.

Temporário é verdade. Mas ainda assim um emprego. Qualquer coisa que pudesse colocar algo mais em seu estômago, que as comidas do abrigo.

E talvez conseguisse também dar um presente pra Rosa.

Trabalharia de segurança do evento de ano novo na Times Square. Ser um ex-soldado parecia apresentar alguma vantagem, finalmente. Se esquecesse os traumas dos anos em campo e de isso ter acabado com sua família...

-- Não é hora de pensar sobre isso. -- Conversou com o José do espelho, que se barbeava.

-- Falando sozinho de novo José? -- Um homem loiro, com barba por fazer, provocou o homem de aparência latina, ao entrar no banheiro do abrigo, contudo foi ignorado.

-- Conseguiu o emprego do ano novo na Times Square? -- O loiro insistiu na conversa.

Era quase impossível esconder qualquer coisa no abrigo de sem teto. José só assentiu, voltando a focar na barba.

-- Eu tentei também, mas não consegui. Interessante eu não ter conseguido e você ter. Esses negócios de cotas e ajuda a menos favorecidos é balela.

Apertar os lábios em uma linha fina, foi o que José se limitou a fazer, ao ouvir o comentário do outro querendo desmerece-lo. Não queria e nem podia se envolver em uma confusão naquele momento, que era o que John, o cara loiro, evidentemente queria.

Terminou de se barbear, pensando que o outro só não conseguia mais coisas, por conta do vício em álcool e pelas passagens na Polícia.

Porque o que ele havia dito era verdade. Mesmo os sem teto brancos tinham mais vantagens sobre os latinos e negros. Esses últimos tinham que dar graças a Deus se não fossem mortos ou presos injustamente. Lembrou de pelo menos dois serviços em que fora preterido por homens brancos.

Suspirou.

Não adiantava se amargurar. Ainda mais naquele momento de fortuita esperança.

Seriam somente 5 dias de serviço: dois pra montagem do local do evento, um para os ensaios dos artistas e dia 31 e 01 com o show.

Teria até a apresentação de um grupo de outro país. Coreanos. A mulher que havia feito a entrevista com ele estava bem entusiasmada com isso. Mas ele nunca ouvira falar do grupo.

Era até estranho. Os EUA não era um país aberto a arte de outros lugares do mundo. Provável que eles cantassem em inglês. Provável. Só assim mesmo.

Pensava essas coisas enquanto colocava seu uniforme e se preparava pra sair.

Andou cinco quadras, a mochila com seus poucos pertences nas costas, até a estação de metrô mais próxima. Teria pegado um ônibus até a estação, se o dinheiro não fosse contado. Graças a Deus iria receber por dia. 80 dólares por dia. Fez uma pequena prece com o sinal da cruz, já dentro do metrô cheio.

Projeto You Wrong, Me RightWhere stories live. Discover now