Blanket Kick (Embarrassed)

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Dia 06 - Tema: Melhores Amigos

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Fazendo todos os tipo de coisas, parece que criei raízes no chão
Por que estou ficando estranho na sua frente?
Eu não sou uma criança da pré-escola
Mas por que estou sendo tão infantil?
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Acordei chutando meu cobertor. De novo. Mas é que cada nova manhã eu sabia seria um dia a menos para eu me declarar para a Oh Da Young. Minha melhor amiga desde sempre. Meu recém descoberto grande e primeiro amor. Que iria embora da Coreia para a Alemanha dali três dias, para provavelmente nunca mais voltar.

Comecei a dar golpes de taekwondo dentro do quarto, que anos eu não praticava, mas que no último mês, desde que ela me contara sobre a faculdade na Alemanha e sua mudança iminente junto com a família, já que o pai dela era funcionário de uma firma alemã e conseguira uma transferência, me fazia chutar a esmo pra extravasar o ódio de mim mesmo por não ter pelo menos coragem de me declarar, antes dela ir embora.

Mas eu preciso dizer outra coisa: parei o taekwondo porque sou desastrado, conseguia me ferir sozinho nas aulas. E foi exatamente o que me aconteceu, quando eu dei um chute lateral que atingiu a minha cômoda. Derrubei tudo que estava em cima dela, ao mesmo tempo que caia no chão segurando meu tornozelo machucado. Seria um dia daqueles.

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-- O que aconteceu com sua perna? -- Da Young me perguntou enquanto íamos para a escola juntos. Eu mancando miseravelmente.

-- Não foi nada...

-- Nem oito da manhã e você já conseguiu se machucar, Nam? Como foi isso? Deixa eu dar uma olhada. -- Ela quis me parar pra olhar meu tornozelo.

-- Não foi nada, Da Young-ah... -- Me desvencilhei da mão dela que segurava meu braço e me dava um embrulho no estômago de nervoso. Por que eu tinha que ser tão esquisito?

-- Ultimamente você tem agido tão esquisito... -- Droga, ela tinha percebido.

-- Eu não estou esquisito... -- Ajeitei meus óculos no rosto.

-- Está sim! Desde que eu te contei que vou embora para a Alemanha. Você está chateado comigo por causa disso?

-- Claro que não! -- Mas meu tom mostrava o contrário. -- Por que eu ficaria chateado de você ir embora para a Alemanha fazer faculdade? Isso vai ser ótimo pra você. -- Ainda não consegui ajustar o tom, que saiu com um leve tom de amargor e sarcasmo.

Tínhamos chegado ao portão da escola dela, um colégio só de meninas, próximo ao meu colégio só de meninos. Paramos ali. Ela suspirou.

-- Eu queria que você ficasse feliz por mim, assim como fiquei feliz por você ter passado na melhor universidade da Coreia.

-- Eu tô feliz!

-- Não tá. Eu te conheço desde sempre para saber.

Agora era a hora.

-- É só que... -- As palavras engasgaram na minha garganta. -- É só que...

-- É só que?

-- Você vai embora e eu vou ficar aqui sozinho. -- Só saiu aquela porcaria de frase, que parecia que eu era uma criancinha emburrada com medo de ficar sozinha. Como eu sou idiota!

-- Isso não é verdade. -- Ela negou com a cabeça.

-- É sim. -- Alguma coisa precisava me fazer calar a boca.

-- É nada. Você só fica sozinho se quiser. Aposto que menos de um mês depois de eu ter ido embora você já vai estar namorando alguém...

-- Do que você está falando? -- Mas o sinal de entrada soou atrás de nós e ela ignorou minha pergunta.

Projeto You Wrong, Me RightWhere stories live. Discover now