Capitulo 21

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Nós queremos todo o poder em sua dor
(Não pode nos segurar)
E todo o ódio que você dá
(Não vai nos parar)
Nós subiremos pelas quedas
Vamos fazê-los ouvir tudo
Nós não vamos parar até que eles saibam



Eu cheguei no hospital ofegante procurando alguém para me dar informação. Meu coração estava acelerado, minha mão estava suando. Pedi ajuda na recepção e ela me direcionou até o segundo andar, quarto 321. Eu agradeci e fui correndo.

Quando cheguei lá a dona Maria estava sentada em uma das cadeiras enfileiradas no corredor frio do hospital, chorando, e o meu coração apertou na hora. Eu não sei se quero saber o porque ela está chorando. Mas eu vou até ela com o coração na mão.

- dona Maria?- eu digo quando chego próximo, ela me olha e vem em minha direção.

- Oi querida- ele diz fungando o nariz e enxugando as lágrimas.

- O que aconteceu?- eu pergunto preocupada

- O estado do Gabriel é grave, ele está sendo operado agora.

- E a Eloiza?- dona Maria começa a chorar e se encolhe em meus braços, eu fico sem reação, por que ela não diz o que aconteceu com a eloiza?? Onde ela tá??- dona Maria cadê a e Elo?? O que aconteceu com ela??

- Ela- ela não consegue olhar para mim, está de cabeça baixa enxugando as lágrimas e tentando falar- ela não resistiu, ela morreu Raquel- as palavras saem da boca dela cortando o meu peito. Eu sei que eu deveria ficar forte e dar apoio para Maria, ela é a mãe, foi ela quem perdeu a filha, mas eu não consegui. Minha perna perdeu a força e eu despenquei em seu colo. Maria me segurou e me abraçou enquanto eu estava escondendo meu rosto no seu pescoço.

- Eu sei querida- ela disse passando as mãos em meu cabelo

- Não pode ser dona Maria- eu digo entre soluços.

- Eu também não consigo acreditar

- Mas o que aconteceu? O JC me avisou que estava vindo correndo para o hospital por causa da elo e eu vim também.

- Eu não sei direito o que aconteceu também querida, sei que os dois foram baleados, mas eu não sei por quem, não sei porque, sei que aquela moça de rosa- ela aponta com a cabeça uma mulher loira de blusa rosa na recepção- ligou para a ambulância e acompanhou os dois.

- Ela não sabe de mais nada?

- Ela sabe, disse que já vai me contar tudo que aconteceu.

- Se foi tiro, por que não chamaram a polícia ainda??

- Porque eu acho que foi a polícia que apertou o gatilho.- ela diz e volta a chorar e eu a abraço.

                                      ...

Eu estava sentada em uma das cadeiras do corredor do hospital ao lado da Maria e da moça de rosa, que agora sei que o nome é Carla. Ela estava consolando a Maria que estava de desolada depois de ouvir o que essa mulher disse.

Ela contou que estava na casa dela e começou a ouvir gritos, como se fosse uma briga e quando foi para a janela ver o que estava acontecendo ela viu o policial atirando uma vez e depois outra, e aí entrar no carro e sair correndo. Ela saiu de casa correndo e ligou para a ambulância, e estamos aqui agora.

O que eu não entendo, é porque a polícia iria atirar neles? Sem motivo, eles não se metem em problemas, não fazem nada de errado. Maria sentia um orgulho enorme de falar de seus filhos, e com razão, Elo ia ser estilista e estudava muito e Gabriel já tinha seu emprego  na fábrica de papelão aqui na cidade, São Roberto, e estava crescendo lá dentro.

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