O churrasco começou faz um tempo, quase todos os vizinhos chegaram, menos Henrique e seus pais. Bruno já está aqui comigo, usando um lápis preto na linha d'água em seus olhos. Ele aos poucos está começando a ser quem ele realmente é, o que me deixa feliz. É horrível fingir ser o que não somos só pra agradar aos outros, no final a única pessoa infeliz e frustada e você mesmo. Eloisa mandou mensagem dizendo que estava chegando, que sua mãe atrasou por que arrumou briga com o vizinho de novo.
Eu peguei um pratinho com carne e levei até a copa, que estava com o Bruno conversando comigo sobre seu pais, principalmente seu pai.
- Ele não está olhando na minha cara Ra- ele me chama pelo meu apelido, mas quase ninguém me chama assim. Seu olho está carregado de tristeza e mesmo de corretivo eu percebo suas olheiras- quando ele viu minhas unhas ele surtou, ele me ofendeu de tanta maneiras possíveis, ele levantou a ma pra mim, pra me bater, minha mãe entrou na frente- eu não queria tá falando disso agora, por que acho que não seja o momento, mas ele parece não aguentar mais segurar isso, então o deixo falar à vontade, desabafar tudo- ele disse que enquanto eu não for homem que ele criou, ele não quer mais que eu o chame de pai e vai ignorar completamente a minha existência- ele abaixa a cabeça e o vejo enxugando uma lágrima que escorre em sua bochecha. Não deve ser nada fácil passar por tudo isso, eu nem consigo imaginar o que ele tá sentindo.- eu não sou um homem Raquel- ele me olha nos olhos- eu nunca fui e eu nunca vou ser, eu sou uma mulher- e a confissão que eu esperava sai pela boca dela e eu sorri.
- Você é uma mulher incrível- seguro sua mão forte para que ele saiba que eu estou aqui com ela, e ela entende o recado sorrindo pra mim e agradecendo com os olhos.
- Desculpa, não queria dizer isso em um churrasco animado aqui na sua casa, mas eu precisava soltar isso com alguém e eu confio muito em você amiga.
- Eu agradeço muito por confiar em mim. Mas então, qual seu nome? Por que Bruno não combina com você.- eu sorri e ela retribui o sorriso.
- Bárbara, mas pode chamar de Barbie.
- Adorei Barbie. Tudo que você quiser saber ou precisar de ajuda ou acolhimento. eu estarei aqui.
- Obrigada, de coração.
A campainha de casa tocou e eu fui atender, quando abri a porta estava Henrique e Eloisa na minha porta. Henrique sorriu sem graça e Eloisa sorriu e entrou em casa. Eu fiz sinal com a cabeça para que ele entrasse em casa e assim ele fez vindo atrás de mim.
- Minha mãe me deixou aqui na porta e o seu gatinho estava vindo até sua casa- elo disse sentando nas bancadas da ilha da cozinha. Eu uso morrer com ela se referindo ao Henrique como meu gatinho, ele é um gatinho, mas não é meu. E ela não pode me fazer passar vergonha assim.
- Oi- Henrique disse com um sorriso no rosto.
- Oi Henrique, a elo acho que você já conheceu- eu olhei para Bárbara, pois não sabia como apresentá-la, não sabia se podia chamá-la de Barbie na frente dos outros ou ainda era cedo pra ela.
- Eu sou a Barbie, mas talvez você me conheça na escola como Bruno.- então ela já se apresentou, percebendo a minha dúvida. Eu sorri pra ela e ela sorriu de volta.
- Prazer Barbie, eu sou Henrique.- ele cumprimentou ela com beijo no rosto.
- Eu já conheço você indiretamente, gatinho da Raquel- ela pisca pra mim e tudo o que eu quero é morrer com as amigas que eu tenho. Olho pro Henrique e ele está sorrindo com a situação, talvez por eu estar vermelha de vergonha e não saber onde enfiar minha cara e também por ter gostado do termo "gatinho da Raquel", mesmo não sendo verdade, ele não é meu gatinho, ele é só gatinho.

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(Des)encontros
RomansaRaquel está com seus 28 anos e prestes a realizar um grande avanço em seu relacionamento com Eduardo. Luzes, flores, amigos e um buffet incrível os aguardam depois da cerimônia, mas será que ele é a escolha certa? Quando Raquel encontra uma antiga p...