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  - Yin, cuidado! - o rapaz mais novo alertava enquanto observava a pequena criança correr atrás de outro garoto ligeiramente maior que ele, de cabelos negros levemente azulados.

  - Há! - ela gritou agarrando-se ao braço do maior - te peguei, tio Kai!

  - É, me pegou - ele ergueu as mãos em sinal de rendição.

  Antes que a garota pudesse fugir, ele a levantou em seus braços, à altura de seu rosto.

  - E agora eu te peguei - ele riu, enquanto a garota lutava para libertar-se do ataque de beijos do grandalhão.

  - Ok! Ok! E-eu desisto! - ela implorava entre gargalhadas, esforçando-se para tomar fôlego - Você é muito mal!

  - A culpa é sua por ser irresistível! - ele pôs a menor no chão, ajeitando seu vestido azul - agora, vai tomar um banho, já vamos dormir!

  Sem questionar, a pequena correu em direção ao banheiro, ela amava quando o “tio” - como ela carinhosamente chamava - vinha passar a noite com eles.

  - Ela está crescendo rápido - o maior suspirou, alongando-se com gemidos, como um idoso - quase não consegui levantá-la.

  O outro apenas ria dele.

  - O que foi? O que é tão engraçado?

  - Você - o menor gargalhava com as mãos no estômago - parece um velho falando assim...

  - Ah, é? - Ele ergueu a sobrancelha, lançando um olhar sagaz na direção do parceiro.

  Quase tão rápido quando os olhos do menor puderam acompanhar, seu corpo foi lançado contra o balcão da cozinha, preso entre aqueles braços fortes, obrigado a encarar aquele olhar prateado a centímetros do seu rosto.

  - Kai! - o menor avermelhou, afastando aqueles braços na esperança de se libertar.

  - Você não vai fugir de mim - ele sorriu com a testa colada ao garoto, seus narizes tocando-se, fazendo o rosto de ambos corar ainda mais - de perto, eu não sou tão velho, sou?

  Imediatamente, seus lábios se encontraram, dando lugar a um quente e sedento beijo. O calor que emanava do corpo dos dois fazia o frio da noite desaparecer completamente, e tudo que ambos desejavam era ficar bem ali, daquele jeitinho, para sempre.

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  Todas as manhãs, ao olhar para o espelho, o que Sky enxergava era um rosto pálido e olhos vermelhos, cheios de lágrimas quentes de lembranças que se esvaíam assim que despertava. Mas naquele dia, algo diferente aconteceu. A imagem do sonho continuava viva em sua mente, uma garota, risadas descontraídas em uma noite de inverno, e...

  Sky tocou os próprios lábios, esforçando se para lembrar do final do sonho.

  Nada aparecia. Nada além de um nome...

  Kai.

  Ontem a noite, Sky havia decidido iniciar uma perigosa estratégia para descobrir o significado de ADN2002. Seria um dia longo, e precisava estar preparado para tudo, do início ao fim. Nas costas, a mochila guardava os materiais de sempre, mas dessa vez havia algo a mais: um pequeno envelope contendo todos os documentos e informações que havia reunido sobre seu acidente, desde que pôde sair daquele hospital, quatro meses atrás; além de um pequeno embrulho contendo quatro cápsulas azuis, duas que havia cuspido ontem e mais duas hoje, pela manhã.

Jardim de Memórias: uma história Chance de OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora