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  A viagem de carro até a casa do professor durava em torno dos 15 minutos. Sky não fazia ideia do porquê ele havia escolhido morar tão longe da faculdade, e reclamava consigo mesmo sobre como isso dificultaria ainda mais seu encontro com Pete.

  "Eu chamei mesmo isso de encontro?", murmurou sozinho.

  Tinha que admitir, estava impressionado com aquela casa. O portão branco era a única entrada do muro rubro que cercava a construção de dois andares. Deve ser entediante viver sozinho em um lugar tão grande.

  Sky estacionou na frente da casa e foi até a campainha, tocando-a duas vezes antes do portão se abrir para ele. Dentro dos muros, o jardim imenso era coberto de grama e canteiros de rosas. Haviam coqueiros espalhados pelo espaço, exceto na parte ocupada por uma imensa piscina azul, brilhante, refletindo a luz prateada da lua.

  Luz prateada... Em sua lembrança mais detalhada, ouviu Pete falar sobre seus olhos, e como a lua lembrava-o daquela cor peculiar. Enquanto caminhava em direção à entrada da casa, não conseguia parar de pensar no loiro de mechas castanhas, não sabia o que fazer para arrancar a verdade dele. Deveria ser sincero e contar tudo que viu? E se, mesmo assim, Pete negasse? Que argumento usaria?

  - Estava te esperando - uma voz chamou da porta da casa - entre...

  Sky seguiu o professor até a parte de dentro, que era tão grandiosa quanto o lado externo. As paredes vermelhas do corredor principal tinham várias portas em seu longo caminho, até chegar no fim, onde não havia nada além de um grande espelho. Sky encarou o próprio reflexo e, por um momento, questionou quem era a pessoa que estava diante dele. Via o azul das novas lentes preencher seus olhos e lembrava da água da piscina refletindo a luz prateada da lua. Uma angústia consumiu seu peito quando a resposta veio em sua mente.

  "Eu não sei".

  - Vamos para a sala de convidados - o professor abriu uma porta à esquerda, conduzindo o Aurum para um sofá circular em uma sala, com uma enorme porta de vidro que dava acesso à piscina. Diante dos dois, um centro de sala tinha sobre si alguns petiscos e duas latas de refrigerante.

  - Achei que um professor de química julgaria esse tipo de bebida pelas substâncias "tóxicas" - Sky ironizou.

  - Acredite, não chega nem perto de toda a toxina que você tem recebido - Darwin disse, seco e direto.

  Sky congelou, sabia do que se tratava e mesmo assim perguntou.

  - Está falando das pílulas, não é?

  - Eu vou ser bem direto aqui - o professor encarou Sky, sua expressão era carregada de preocupação - Você não deve ter mais contato algum com essa pílula, sob qualquer circunstância.

  - O que o senhor descobriu? - Sky engoliu em seco.

  - Neurotoxina - Darwin pegou a lata de refri e deu um gole - numa linguagem mais simples, algo como "veneno cerebral".

  - Veneno? - o Aurum repetiu, estremecendo da ponta dos pés à cabeça - Por que me dariam isso?

  O professor hesitou em falar, apertava os dedos um contra o outro como louco.

  - Professor! - Sky insistiu.

  - Isso é uma acusação séria demais para ser simplesmente dita, Sky! - ele bateu na mesa, expressamente angustiado - como eu poderia falar com tranquilidade, quando o único culpado que me vem à mente é o seu próprio irmão?!

  - Você acha que ele é responsável? - Sky indagou - por que ele me “envenenaria”?

  - Para que você não se lembre - Darwin explicou - eu ainda não sei exatamente o que essa droga faz, mas afeta diretamente o cérebro de quem a usa.

Jardim de Memórias: uma história Chance de OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora