Jardim de Memórias: uma história Chance de Ouro

13

 Sky levantou mais cedo que o normal, os primeiros raios de luz ainda brilhavam fracos no horizonte, através da janela da varanda. O sono havia se perdido desde que havia acordado daquele pesadelo estranho. Aquelas imagens não saim da cabeça do rapaz, que encarava o teto tentando desvendar o mistério do que sua mente queria lhe dizer. Em meio a tudo isso, o questionamento sobre o nome que aquela voz chamava.

 "Yang", sussurrou para si mesmo, segundos antes de levantar e ir tomar um bom banho quente.

 - Acordou cedo - Icaro estava parado na porta do quarto quando o Aurum saiu do banho.

 - Não foi a melhor noite de sono - Sky disse ao ruivo, vestindo seu casaco preto. Fazia muito frio pela manhã.

 - Vai a algum lugar? - o ruivo continuou - não esqueça de levar o remédio, tudo bem?

 Sky suspirou um tanto irritado, ouvindo Icaro falar daquelas malditas drogas. Mas conteve-se, conhecia o ruivo suficientemente bem para saber que ele estava apenas seguindo ordens.

 Ordens de seu irmão.

 - Icaro - Sky chamou.

 - Sim?

 - Por que você escolheu isso? - ele perguntou, procurando as palavras certas - digo, seu trabalho aqui tem sido o melhor possível, mas sei que você tem muito mais potencial. Por que se limitar a cuidar de... Mim?

 Icaro caminhou até o Aurum com um sorriso suave no rosto, segurou suas mãos e respondeu:

 - Foi o que seu irmão me pediu - ele disse - além disso, eu gosto de morar com você. Mesmo com aqueles surtos...

 Os dois riram baixinho, estava cedo demais para alarmar em gargalhadas, mesmo que quisessem.

 O celular de Sky vibrou com uma notificação que ele abriu em seguida.

Prof. Darwin: Vem pra minha casa, agora. Urgente.

 - Icaro - Sky chamou, guardando o celular no bolso - avise Crystal que não posso levá-la hoje, tenho que sair agora.

 - Tão cedo? - o ruivo questionou enquanto via seu mestre caminhando para a saída.

 - Meu professor acabou de me chamar - Sky pensou numa desculpa - Um trabalho de Química, urgente.

 O Aurum entrou no carro quando o portão da garagem se abriu para ele.

 - Até logo - Icaro se despediu, sorrindo gentilmente.

 "Pobre Icaro", Sky pensou. Por mais que o ruivo estivesse envolvido, não era realmente culpado de tudo aquilo, estava apenas cumprindo ordens. Será que poderia confiar nele para... "Não", ele respondeu a si mesmo, "melhor deixar as coisas como estão, pelo menos por enquanto".

 Chegando em frente ao portão da exuberante casa do professor, Sky caminhou, atravessando o jardim até a entrada da casa. Darwin não estava esperando-o ali, como da última vez. O Aurum percorreu o corredor vermelho até a última sala, no fim, onde viu aquele mesmo espelho no qual decidiu deixar de usar as lentes que Crystal lhe comprava constantemente. Sem se dar tempo para levantar questionamentos profundos sobre sua própria existência, deu as costas ao espelho e entrou na sala ao lado, aquela mesma onde haviam conversado sobre neurotoxinas e tals. Pela manhã, era bem mais iluminada e convidativa, a luz solar atravessava a parede de vidro enchendo o cômodo branco, decorado com móveis em tons de vermelho e bege.

 - Bom dia, Sky - o professor acenou do outro lado da parede de vidro, em algo que parecia ser um pequeno churrasco à beira da piscina.

 Sky cruzou a porta de saída e sentou-se na mesa ao lado da churrasqueira, onde Darwin retirava um grande pedaço de costela de porco.