Jardim de Memórias: uma história Chance de Ouro

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  - Está ouvindo? - o garoto de cabelos castanhos dizia, rodopiando nos postes molhados com seu guarda-chuva, como se estivesse num musical - eu amo o som da água batendo no chão!

  - Por que você trouxe o seu guarda-chuva? - o maior questionou, com uma mão no bolso e a outra segurando o objeto sobre a cabeça.

  - Por que o seu é muito pequeno!

  - Exatamente... - ele chutou uma poça de água à sua frente.

  - Kai! - O menor se afastou com uma careta - você jogou água suja em mim!

  Então ele pegou o guarda chuva como se fosse uma espada e apontou na direção do parceiro, que agarrou a ponta do objeto e, antes que o menor pudesse reagir, puxou o rapaz para seus braços.

  - Você quer mesmo lutar? - o maior estreitou as sobrancelhas, com um sorriso malicioso.

  O garoto de cabelos castanhos e feição gentil virou o rosto e cruzou os braços, inconformado com a derrota. Mas quando aquelas mãos, segurando em seu queixo, levaram seu olhar de volta para aquela íris prateada, o garoto desejou perder aquela pequena batalha para sempre.

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  Naquela manhã, Sky havia acordado ao som de chuva, agarrado ao seu pingente de lua. O nome que chamava em seus sonhos continuava vívido como nunca antes. Mesmo não conseguindo distinguir detalhes e reconhecer coisas importantes, como os rostos e os lugares, aos poucos sentia que não estava mais perdendo os sonhos, eles estavam ali, e só precisava de um gatilho que o fizesse lembrar.

  Algo como o que houve ontem.

  Sky e Al seguiram Pete naquele táxi amarelo por aproximadamente 40 minutos, antes de parar em uma pousada, fora da cidade. Não havia nada ao redor além de um imenso deserto cercado por colinas dispersas, sequer podiam ver as luzes da cidade no horizonte.

  - Os amigos dele gostam de um encontro bem reservado, não acha? - Al brincou.

  - Pior vai ser se a segunda hipótese estiver certa e ele morar aqui - Sky abriu a porta do carro - vamos descer.

  - Calma - Alex impediu o Aurum - temos que esperar ele entrar, não queremos ser descobertos!

  Eles esperaram por mais alguns minutos. Entretanto, a porta do táxi só se abriu quando outro veículo chegou, um Ford Série F azul escuro. Seu motorista era um rapaz alto, com certeza não mais velho que eles, loiro, estava usando jeans, uma jaqueta de inverno e luvas pretas. Quando Pete apareceu, a atenção de Sky para a conversa que começava se aguçou.

  - Não temos como chegar mais perto? - o Aurum pedia, inquieto.

  - Estamos no estacionamento, se nos aproximarmos com o carro, vão desconfiar.

  - E se sairmos, seremos reconhecidos - Sky completou o dilema.

  - Ei, veja! - Al apontou através do vidro - estão entrando!

  Em acordo, os dois se olharam e decidiram abrir as portas, saindo discretamente. Por sorte, o estacionamento estava moderadamente cheio. Caminhando sorrateiramente, eles atravessaram o caminho até a entrada, usando os outros carros como esconderijo. Finalmente, o som da porta bateu, indicando que seus alvos haviam entrado em algum quarto.

  - Será que tem alguma janela? - o Aurum levantou, pronto para dar a volta na pousada.

  - Sky, espera - Al agarrou seu braço, com expressão preocupada - eu sei que quer descobrir sobre seu passado, mas tem certeza que agora é o momento? Sabe, não se vai para o meio do nada à toa… pode ser muito particular.