|Rafael H. Carter|
Eu me apaixonei por Alicia muito antes de falar com ela naquele terraço do Colégio onde estudamos no ensino médio. Me apaixonei tão rápido que cheguei a pensar que ela era uma bruxa e que tinha me enfeitiçado.
Estava passando pelo pátio a procura da sala do diretor quando a vi sentada com os amigos na grama verde do pátio. Na verdade eu tinha visto primeiro o Ric, a única pessoa que eu conhecia por ali, mas meus olhos se desviaram rápido demais para o que tinha ao lado dele e eu juro, nunca tinha visto alguém tão bonita quanto ela.
O dia estava ensolarado, a primavera de Chicago sempre me proporcionando as melhores paisagens, e os raios de sol que batiam nela a faziam reluzir como uma fada encantada e hipnotizante.
Seus olhos azuis claros brilhavam como duas estrelas e me lembravam, mesmo ao longe, a prata derretida que ficava linda na íris dela. Sua pele era branca e leitosa e dava a impressão de ser a coisa mais macia do mundo. Seus cabelos negros e lisos emoldurando seu rosto de porcelana faziam um contraste perfeito. E seus lábios quase imploravam para grudarem nos meus, pelo menos em meus sonhos.
Ela era perfeita. Como um anjo perdido naquele mundo de pecadores terríveis e, céus, eu queria tanto pecar com ela.
Não tive coragem de me aproximar naquele dia, e nem no segundo, na verdade se eu não tivesse me perdido e acabado no terraço talvez eu nunca falasse com ela. E nunca virasse amigo dela. E nunca teria a beijado. E nunca teria sido seu namorado. E nunca teria partido seu coração.
Olhando por esse lado, talvez eu nunca devesse ter me perdido aquele dia.
- O que você fez, Rafael? - Teresa esbravejou em minha frente, como se fosse explodir a qualquer momento, eu não duvidava que isso poderia acontecer.
Parti o coração dela um dia antes de nossa formatura do ensino médio. Lembro de cada detalhe desse dia, principalmente do olhar que ela me lançou quando terminei com ela.
Claro, eu tinha meus motivos. Que na época eram completamente coerentes e até hoje considero assim. Entretanto não mudou o fato que eu tinha a machucado. Seus olhos, que em um ambiente sem luz me lembravam dois topázios, me encaravam cheios de lágrimas e eu podia ver, qualquer um podia ver, seu coração se partindo em milhões de pedaços através deles.
Eu me odiei nesse dia. Me odeio desde então. Porque, ao contrário do que ela pode pensar, eu não terminei com ela porque não a amava. Eu terminei com ela porque a amava demais. Nosso relacionamento a partir daquele ponto ficaria difícil, talvez não tivéssemos a mesma sorte de continuarmos juntos após o Colégio, como alguns casais reais e muitos casais de filmes.
Tínhamos 90% de chance de não durarmos e nos machucarmos no processo. Nos odiarmos.
E a perspectiva de chegar a odiá-la me devastava. Eu preferia viver com Alicia me odiando do que viver não amando ela.
Essa era a maldita verdade.
A maldita verdade que eu nunca tive a chance de dizer, porque Alicia nunca me deixou contar. Porque ela saiu correndo e saiu da minha vida por completo após eu dizer aquelas cinco palavras.
"Eu acho que devemos terminar."
- Não fiz nada. - respondo, repetindo a mesma coisa que disse a Ric quando ele me perguntou.
Fazia duas semanas desde o dia em que tínhamos nos beijado. Duas semanas que eu não a via.
Alicia tinha conseguido ficar longe de mim durante duas semanas, o que de certa forma não me surpreendia, ela já tinha feito isso antes. Claro que dessa vez ela não se lembrava de mim, eu era só um vizinho para ela. Um vizinho que tinha a beijado em um terraço. Nada além disso. Ela podia muito bem culpar a tequila por ter me beijado, enquanto que eu... Bem, eu tinha a beijado porque tenho um fraco bem forte pelos seus lábios e queria saber se estavam diferentes.
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Carma - Uma história de amor que não deu certo
RomanceAlicia A. Sanders teve seu coração partido desde muito pequena, quando seus pais foram embora. Desde então, ela tinha essa terrível tendência a achar que todos que se aproximassem dela, iriam, inevitavelmente, a deixar em algum momento. Para que evi...