Carma - Uma história de amor que não deu certo

CAPÍTULO DEZESSEIS

Como vamos agir como se nada estivesse errado?

Eu vejo que você está chorando

Mas você nunca quer falar sobre isso

Todas estas palavras não foram ditas

Pendurado na minha cabeça

— Ruel

|Alicia A. Sanders|

Eu tentei por duas semanas ficar longe de Rafael. Consegui ficar durante duas semanas focada apenas em meu trabalho, minha investigação ilegal e  minhas entrevistas com celebridades. Consegui ignorar/fugir dele durante duas semanas inteiras para no fim da história acabar em um terraço com ele.

Quão irônico isso era para o destino? Será que estava divertindo todos que estivessem lá em cima assistindo isso? Acho que deveria começar a cobrar pelo ingresso do espetáculo de comédia.

Eu via o modo como seus olhos se esbugalharam enquanto minha perguntava ainda ecoava pelo terraço subitamente silencioso.

Por que não disse nada?

Ele parecia assustado. Se o terraço tivesse mais luzes para iluminar seu rosto podia confirmar minha suspeita de que ele estava pálido. Branco como papel. Como se uma assombração estivesse em sua frente. Como se a morte tivesse aparecido para o levar embora. Me senti melhor com seu assombro, significava que eu não era a única que se sentia afetada ali.

Os minutos foram se arrastando lentamente, como uma tortura naquele silêncio pesado enquanto Rafael não parecia nem mesmo respirar.

— Quer saber? Esquece. Eu não quero saber. Não deveria ter dito nada disso.

Era mentira. Eu queria saber. Queria saber o porquê dele ter omitido udo. O porquê de ter me beijado. De ter reaparecido na minha vida quando tudo estava infinitamente melhor sem ele.

Passei por ele como um raio, tão rápido que senti minha respiração ofegar, mas não cheguei a sair do terraço. Estava quase saindo quando ele esticou o braço e fechou a porta com força.

— O que você...

— Eu tenho a chave. - ele me interrompeu, como se tivesse a capacidade de prever o que eu falaria. Ele estava certo, claro, mas a ideia de ele me conhecer naquele nível me irritou. — Fiz uma cópia da chave depois que... ficamos presos no terraço do Ric.

Depois que nos beijamos. Ele quis dizer.

— Me deixe sair. - ordenei, sentindo minha respiração falhar e torcendo para que não tenha deixado transparecer em minha voz. Podia sentir a respiração quente e pesada de Rafael contra minha nuca me paralisando. Queria me virar e o encarar, mas não saberia como controlar minha reação assim tão perto dele.

— Por que tudo com você é sempre assim? - ele pergunta, a voz levemente irritada, como se estivesse se controlando para não explodir. Eu que deveria estar irritada ali. Eu era a vítima, não ele. — Por que sempre ataca e depois recua e foge?

Foi como um tapa. Não. Um tapa não teria afetado tanto. Foi pior. Como um dedo sujo e molhado de álcool em uma ferida recém adquirida e cheia de sangue. Doeu tanto quanto. Mas Não deixei que ele soubesse.

— Não sei do que está falando. - respondi, por fim.

Deveria ter continuado em minha cama.