|Richard C. Hall|
Díos mío.
Alicia estava mais bêbada do que eu pensei que estaria. Percebi isso quando ela resolveu sair correndo e tomar um banho em uma fonte no meio de uma praça. Ela estava completamente fora de si. Vomitou em um arbusto e dormiu durante a viagem de cinco minutos que fizemos de uber.
Aparentemente o efeito do tanto de álcool que ingeriu só foi ativar de verdade depois da soneca porque, agora, ela não conseguia dar um único passo para frente sem dar uns três ou quatro passos para trás e tombar para o lado. Fazia um certo tempo que eu não a via desse jeito. Nesse nível. A última vez foi quando... Bom, foi a muito tempo.
Ela sempre teve esse fraco por escapes covardes e métodos nem tão eficazes de fugas e possíveis esquecimentos. A garota tinha uma teoria maluca de que beber alguma coisa bem forte, vodka, por exemplo, a ajudava a esquecer seus problemas por alguns instantes.
Tirando esse péssimo hábito, ela era uma ótima pessoa.
Se for excluir também o fato dela gostar de fugir de conversas e ser o tipo de bêbada tagarela, sim, uma verdadeira ironia.
— Sabe, eu posso estar deixando você tirar a minha roupa e me levar para o chuveiro mas eu ainda estou com raiva de você.
Mesmo já conhecendo essa versão bêbada de minha melhor amiga, ainda não conseguia entender como ela conseguia continuar falando perfeitamente certo mesmo após a vigésima sexta dose de vodka. Certo, a voz dela ficava meio embargada e arrastava mas era impressionante como ela ainda mantinha a capacidade de conjugar os verbos no tempo certo e não trocar as letras.
— Eu sei.
Eu adivinhei que ela poderia estar com raiva de mim também depois do que o Rafael e a Teresa me contaram nas últimas doze horas. E entendia completamente o motivo dela estar tão brava, mesmo que não concordasse nenhum pouco com sua abordagem.
Dar as costas e fugir de um confronto extremamente necessário não era bem o que eu considerava certo.
Mas essa era a Alicia, desde o colegial fugindo de confrontos.
— Você me traiu. Igual a Teresa. Mas não pior que ela. E não é só porque não foi pior que ela significa que está melhor no quadro geral da situação. Não comemore tanto, garotão. Você me traiu.
Quando finalmente prendo o cabelo dela com um prendedor de gravata, já que o elástico que prendia o cabelo dela se partiu quando ela inventou de soltar o cabelo para imitar a Beyoncé balançando a cabeça, e coloco um saco plástico ao redor da sua cabeça, a empurro delicadamente para debaixo do chuveiro e mudo a temperatura para a mais fria antes de girar o registro.
Alicia amaldiçoou todas as minhas futuras gerações quando a água bateu em suas costas nuas.
— Eu odeio você. - ela disse, tentando abraçar o próprio corpo seminu enquanto batia os dentes uns com os outros graças ao frio.
— Pode me agradecer amanhã.
— Não. Eu realmente odeio você. - ela me fuzila. — Você me traiu e depois me jogou na água gelada.
— Eu não te trai, Ali.
Tento a todo o custo não me molhar enquanto a mantinha debaixo do chuveiro mas meus esforços se tornam irrelevantes quando Alicia escorrega e cai no chão me levando junto.
Mierda.
Desligo o chuveiro que já me encharcou completamente e quando vejo Alicia se sentar direito no chão, as costas apoiadas na parede de azulejos e abraçando seus próprios joelhos, resolvo me sentar com ela.
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Carma - Uma história de amor que não deu certo
RomanceAlicia A. Sanders teve seu coração partido desde muito pequena, quando seus pais foram embora. Desde então, ela tinha essa terrível tendência a achar que todos que se aproximassem dela, iriam, inevitavelmente, a deixar em algum momento. Para que evi...