Capítulo 03

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Levi

— Senhor, ela saiu e segundo Zendaya, ninguém sabe para onde a senhorita Saints foi – um dos meus seguranças me tira do abismo das lembranças.

Caminhos até os primos Saints e os cumprimento. Alcanço a mão de Mairheen e a beijo.

— Você está belíssima, senhora Saints, uma verdadeira koroleva.

Ela sorri ficando ainda mais bonita.

— Obrigada, Levi. O que quer dizer koroleva?

— Rainha – seu marido responde entre dentes. Os italianos são muito possessivos e o pior de tudo é que demonstram sem sentir culpa. — Pare de seduzir a minha esposa com esse idioma ridículo e vá consertar a sua merda, russo.

— Minha merda? – debocho. — Não sabia que os Saints estavam com medo da sua pequena printsessa.

— Não nos coloque no meio da história de vocês, russkiy – Raffaele diz.

Encaro o chefe Saints mostrando o meu desgosto. São meus amigos, sem sombra de dúvida, mas isso não significa que tolerarei qualquer tolice que saia da boca deles. Nessa disputa de grandes, ninguém sai vencedor e muito menos perdedor. Ambos somos alfas, chefes de famílias poderosas, qualquer fraqueza neutralizará o respeito que os dois têm. Como se tivéssemos cronometrado o tempo, ambos assentimos e saímos cada um para o seu lado.

Talvez eu saiba onde encontrar a pequena terrorista.

No caminho para o carro, envio uma mensagem ao meu pai pedindo que cuide de Nadejda enquanto procuro Ania. Yuri já me espera com a porta aberta, assim que entro no carro, ordeno que me leve até o meu local. Comprei essa cobertura para que fosse um refúgio. Quando o fardo é muito pesado ou o mundo parece desmoronar, é aqui que recarrego as minhas forças longe de tudo e de todos. Muitos sabem da existência desse lugar, mas poucos se arriscam a se aproximar. Aniella é a única que entra sem precisar de autorização.

Enquanto deslizamos pelo tráfego, penso em como conduzirei essa situação. Ania merece mais do que isso, ela merecia uma conversa. Admito que deveria ser uma atitude minha, mas guardo rancor pelo fato dela me dispensar na primeira oportunidade. Acreditei que seus primos se encarregariam de formalizar o compromisso dela com um dos meus primos, acreditei que ela não me queria e assim seria mais fácil.

Ao contrário do que parece, Aniella Saints não é mimada, isso é o que ela quer que as pessoas pensem sobre si. Assim fica mais fácil manter todos longe. A mulher é determinada e não permite que as emoções mundanas a impeçam de executar suas tarefas. Em nosso mundo, ter empatia pelo próximo é uma fraqueza e quando se é mulher, as coisas são ainda piores. Mulheres são conhecidas por serem emotivas por excesso de hormônios e tudo mais. Ania passou sua vida lutando contra esse estereotipo e eu a parabenizo por isso. Ela não só treinou mulheres para ser soldadas, a mulher conseguiu montar seu próprio exército feminino. Aquelas mulheres têm traços delicados, que não abrem mão de se maquiarem e são tão letais quanto uma taipan.

Ania é uma mulher brilhante, mas tem em seu sangue a rebeldia. E foi sua rebeldia que nos trouxe aqui. Ambas famílias têm tradições a serem seguidas, rebelar-se contra isso é retardar o futuro que acontecerá querendo ou não. A nossa frente está uma guerra sangrenta, pois a Yakuza não quer um território, ela quer todos e para isso acontecer, as principais famílias-chefes devem ser extintas.

Passei quase dez anos esperando pelo momento que nos casaríamos, dez malditos anos me deliciando naquele corpo e realizando cada fantasia dela. Saíamos com outras pessoas, nos divertimos à nossa maneira. Viajávamos, curtíamos, fodíamos onde e quando queríamos. Éramos cientes de que no final voltávamos um para o outro. Nosso futuro era certo... somente em meus planos. E neles não havia nenhum Saints chateado. Pior do que um Saints chateado é ter uma Aniella Saints chateada.

ANIELLA - A Tríade (Livro 02) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora