RECAI.. DAS MIL,..... DOZE O SOFRIMENTO

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Chegando à esquina.

- Fala ai Dudu! Como vai?

- E ai Ramiro tudo bem?

- Tudo bem meu, sumiu?

- Iiiii, nem te conto!

- O que foi?

- Fala ai Cipriano tudo bem?

- Tudo bem Edu.

- A Carolina, tivemos que nos separar para sempre.

- Por quê?

- Porque assim foi decidido. Os espíritos viram que não havia mais motivo pra ela ficar vindo aqui na terra já que os problemas tinham sido resolvidos.

- Que merda hem?

- Nem me fala, já chorei umas trezentas toneladas de lágrimas.

- E ela?

-Ela também né, só vamos nos ver novamente quando eu morrer, isso se eu não pisar muito na bola.

- E agora?

- E agora bola pra frente.

- É isso ai Dudu a vida continua.

-É eu sei, mas não está sendo nada fácil.

-Quer tomar alguma coisa, ai?

-Acho que nesse momento é tudo o que eu quero, estou com o meu coração em frangalhos, partido em mil pedaços, e o Jóca? Tá vendendo ainda?

Entramos no bar.

- Só tá né meu, daqui a pouco ele está aqui.

- Mas nem vendo Deus o cara para com essa merda!

- É o vicio né, faz um dinheiro e cheira de graça.

- Pra te falar a verdade Ramiro, hoje se pintar eu não vou perdoar.

-Deixa o cidadão chegar ai a gente pega um papel.

-Oba! Exaltou Cipriano.

-Tá limpo. Disse Ramiro. Vamos os três, é um papel bem gordinho mesmo, sabe como é o papel dele.

-É sempre foi bem caprichado, e o melhor é que ele não mistura. Disse eu, ele sempre foi um comerciante honesto.

- Isso ninguém pode negar. Concluiu Ramiro.

- Além de ser um cara gente fina pra caramba né? Disse eu.

- É mesmo Dudu tô pra ver igual.

- Precisando dele é só chegar. Falou Cipriano.

- Ó o Lelo ai! Disse eu.

- Fala Calabar! E Deus?

- Tá de olho em você. Nos demos a mão.

- Então ele está feliz, virei santo.

Risada geral.

-Meu amigo, falou Ramiro, o dia que você for santo, Deus volta e decreta a terra como o novo paraíso!

-Então ele já está chegando.

-Olha o Jóca ai gente! Disse Ramiro.

-Oba!!!! Falou Cipriano. Já tava na hora.

Desceu de um carro e veio em minha direção.

- Fala ai, Eduardoooo.

- E ai Jóca tudo em cima?

- Tá nada eu escondi. Aháháháh.

- Eu não estava falando disso, áháhááhá só pensa naquilo?

- Fazer o que né? É a vida.

- Fala Ramiro, Cipriano, Lelo....

- Pega um papel lá pra nós Jóca. Disse Ramiro.

- Voltou Eduardo, de novo, mais uma vez?

- Eu não! O nós, é o Lelo e o Cipriano, eu estou um amor. [risadas].

-Espera um pouco que eu já vou lá.

Depois de uns dez minutos conversando e bebendo no qual eu contei o meu drama, ele foi.

Foi e voltou com um bem gordo, um especial que ele havia feito pra ele mesmo, a hora que eu fui cheirar sozinho no banheiro do bar Carolina veio com tudo em minha mente, eu não tinha mais ela pra me dar bronca para me recriminar, senti uma saudade tão grande, mas tão grande que as lágrimas pingaram ao lado da carteira quase molhando o pó, coloquei a carteira no chão sem cheirar e instintivamente falei:

Carolina! Vem me dar uma bronca vem! Vem falar para eu não fazer isso, apareça Carolina, apareça! Eu estou sofrendo muito, eu não quero saber de nada disso, eu só quero você, aparece vai amor, eu sei que você está aqui! Não me deixe sofrer tanto assim!

Sentei no vaso sanitário e chorei, chorei.. Até que vieram bater na porta.

-Hei, é a minha vez! Sobrou alguma coisa? Perguntou Cipriano brincando.

-Me coloquei de pé, peguei a carteira do chão e cheirei não só com o nariz, mas também com a alma com meu espírito perdido, era uma boa carreira, mas tinha certeza que seria insuficiente.

Saí do banheiro e Cristiano entrou, entrei no bar e todo mundo percebeu que eu havia chorado, mas ninguém disse nada.

Bons amigos, cabeças feitas, eles sabiam das dores da vida, eram maduros, por isso também que eu gostava tanto deles, um lugar que homem podia chorar livremente.

Chamei o Joca pra fora do bar e desabafei e chorei mais um pouco sem um pingo de receio de constrangimento, ainda era aconselhado a dar um abraço e ficar a vontade.

Voltamos para dentro do bar e bebemos mais cervejas e boas cachaças, e foi chegando um, chegando outro, eu cheirei mais uma, cheirei mais outra, o banheiro tinha fila de nariz, chegou Rosita, chegou Julieta, o bar começou a ferver, muito papo, muita emoção, apareceram pessoas que eu nem conhecia sorrindo para mim, outras que algum dia eu já tinha visto pegando droga.

Eu tava muito louco, tava perdido.

E fomos indo assim.

Onze horas, meia noite, muita droga, muita bebida, muita risada, muita emoção, lembramos dos espíritos, de Deus, dá batalha, mais bebida mais droga, até que um camarada o Oswaldão nos convidou para cheirar dentro da sua perua Kombi, ele tinha uma quantidade enorme de farinha.

Ai juntou mais uma carga pesada do Jóca e ficou tudo como o sem vergonha do diabo gosta. E nós também

Além dele fomos em mais oito, esse número nos perseguia, apesar de que com o Oswaldão ficamos em nove, eu e a Rosita, ela insistiu muito, Ramiro e Célia sua namorada, Joca e Julieta, Cipriano e o Lelo.

Saímos e fomos procurar uma rua tranquila por ali mesmo, para a gente encostar e cheirar, aliás, já sabíamos até que rua era.

E era ali pertinho, no meio do quarteirão havia umas escadas e uma árvore, as pessoas às vezes se drogavam ali, de dia ou de noite, por isso obviamente o apelido de drogrometro.

E foi aquela festa, cheiramos até dizer chega, às vezes dentro da Kombi e às vezes sentados nos degraus, não conseguíamos nem falar direito, alguns de nós, inclusive eu, já estava entortando a boca, voltamos ao bar e bebemos mais uma quantidade enorme de álcool.

Quando foi... Umas... Três, quatro, cinco, seis horas da manhã sei lá, me despedi de todo mundo e fui para casa com o pensamento todo voltado para Carolina, que sofrimento!

*INTEGRAÇÃO ENTRE OS MUNDOS*  A MAIOR BATALHA DE ESPÍRITOS DA HISTÓRIAWhere stories live. Discover now