Ao caminhar mais para o centro do estábulo procuro por algum mecanismo extra. Isso até ouvir uma voz gritar por nossos nomes:
Kirk! Stark!
Nos direcionamos até a porta do celeiro e vemos Matthew na parte traseira da casa.
– Estamos aqui! – Jim sinaliza com um aceno em resposta.
O garoto nos avista e sinaliza de volta.
– Tem uma caixa de força atrás da caminhonete. Ajustem pra purificação de solo.
Uma caixa de força purificadora de solo? Isso que era engenhoca.
– Certo – o Capitão responde.
Kirk guia o caminho como se já tivesse feito o trajeto inúmeras vezes antes.
Assim que encontramos a caixa e a abrimos, algo inesperado é revelado. Na verdade, não se tratava de uma caixa de força. Apenas a carcaça tivera sido mantida. Internamente havia vários botões com rótulos para várias funções automatizadas, como "Fertilizar área" ou "Ativar blindagem", assim como um pequeno visor semelhante a um pager no topo. Cada botão era acompanhado de dois LEDs para identificar se a função estava ligada ou não.
Jim ativa a função de purificação e a luz verde se acende. Uma porcentagem é mostrada no visor. Consigo até ouvir um pequeno som de drenagem mecânica vindo de baixo da terra.
Que tecnologia.
– Obrigado.
– Hm? – olho pra ele.
Estava prestando tanta atenção no processo automático que me esquecera momentaneamente do ocorrido há pouco, assim como da dor. De qualquer forma ela não estava mais presente. O fator de cura sempre fizera seu trabalho sem margens para erros.
– Ah, não foi nada. Apenas cumprindo meu dever...
O rapaz ri internamente com incredulidade.
– Você salvou minha vida.
– Como eu disse, apenas fazendo meu trabalho. Sei que se a situação fosse contrária agiria da mesma forma.
Ele me examina por um tempo e consente vagarosamente, desviando o olhar conforme refletia sobre algo. Um bipe atrai nossa atenção, indicando que o processo havia sido concluído. O LED vermelho é então aceso.
– Ótimo, já podemos voltar – diz ao fechar a caixa.
Em nosso caminho de volta até a casa de Matthew podia-se ver esguichos irrigarem o solo, trabalhando para que a hidratação do mesmo fosse reposta. O sistema se estendia por uma boa distância, mas a chuva não parecia ter se espalhado tanto.
– Ei! Que bom que estão bem – Matthew nos recebe de volta. – Vamos, entrem. Ainda não está totalmente seguro aqui fora.
Entramos na casa um após o outro. Todos estavam reunidos na sala, aguardando por notícias nossa.
– Ai estão eles. Puxa, mas que susto nos deram, Capitão – Scotty anuncia.
O engenheiro era cômico demais.
– Estamos bem, senhor Scott – confirma Kirk.
– Minha nossa, mas o que é isso! Foram atacados? – diz Matthew surpreso.
Spock, McCoy e Scott, que estavam nos sofás, ficam confusos com a reação de Matt. Aparentemente estávamos bem, com exceção do detalhe que se exibia em minhas costas. Isso certamente deixaria dúvidas.
Repouso uma de minhas mãos na cintura ao coçar a nuca timidamente. Fito o chão e então desvio o olhar para Jim, como se implorasse por socorro – ele é quem era o carismático, afinal.
O loiro abre a boca pensando em algo para falar.
– É claro, tem esse detalhe.. Ahm, Matt – ele se achega no amigo. – Tem como arranjar um par de roupas para tomarmos banho? Acho que precisamos todos de um bom descanso depois dos esforços de hoje.
O vejo desviar a atenção para o Capitão com dificuldade, então consente às suas palavras.
– É claro, eu.. Vou pegar algumas roupas – ele aponta pra trás, voltando a observar o estrago na minha retaguarda.
Por sorte a calça estava intacta, só não me pergunte como. Ainda estava para descobrir.
Os rapazes permaneciam confusos com a conversa.
– Magro, quero que nos examine enquanto Scott e Spock vão jogar uma água no corpo – ordenava olhando para eles conforme citava seus nomes, como um monitor da tropa de escoteiros.
O vulcano e o engenheiro entendem o olhar de Kirk no mesmo instante. Sem demora levantam do sofá e vão procurar por Matthew.
Jim me conduz até a poltrona mais próxima e começa a explicar para McCoy o que acontecera.
– Minha nossa, Jim. Mas que apuro!
– É, nem me diga, amigo.
O doutor pega o instrumento minúsculo de análise médica novamente e começa a varredura. Eu estava bem, mas não adiantaria falar isso pra eles nem se viesse dos auto-falantes de Techno.
– Leituras padrão, sem alterações. Níveis cardíacos normais, pressão arterial normal... Nada que apresente discrepâncias de acordo com a primeira vez em que a examinei.
Olho para o Capitão com olhar de "te avisei". Sem palavras, ele força um sorriso cínico em resposta.
Magro levanta uma sobrancelha e se prepara para escanear o rapaz.
– Nada aqui também, está forte e saudável. Dá pra carregar mais cinquenta daqueles despachos de sucata.
– Ei, calma lá. Você não tem coração, doutor?
Aproveito para cutucá-lo verbalmente, como fazia com os amigos:
– Aposto que são recomendações médicas..
– Acho que temos uma nova enfermeira, Jim – McCoy não perde tempo.
Kirk arregala os olhos por um segundo, internamente implorando pra que a conversa parasse por ali mesmo antes que tornasse a piorar.
– Tudo bem, já chega. Me lembre de mantê-los afastados.
O médico se diverte ao ver o rumo que a conversa havia tomado, e eu não nego a semelhança do sentimento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝙎𝙩𝙖𝙧𝙠 𝘼𝙙𝙫𝙚𝙣𝙩𝙪𝙧𝙚𝙨: Star Trek
Science-Fiction"𝑂 𝑒𝑠𝑝𝑎𝑐̧𝑜, 𝑎 𝑓𝑟𝑜𝑛𝑡𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙. 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑠𝑎̃𝑜 𝑎𝑠 𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 𝑑𝑎 𝑛𝑎𝑣𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑙𝑎𝑟 𝐸𝑛𝑡𝑒𝑟𝑝𝑟𝑖𝑠𝑒, 𝑒𝑚 𝑠𝑢𝑎 𝑚𝑖𝑠𝑠𝑎̃𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑛𝑐𝑜 𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑣𝑜𝑠 𝑚𝑢...