Um exemplo perfeito da pessoa perfeitamente imperfeita.

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Eu vivi rodeada de pessoas tóxicas desde que nasci.
Meu pai, minha mãe, meu padrasto, os amigos em volta, meus parentes, o segundo padrasto que me estuprou, mais amigos falsos, enfim, nunca conheci pessoas que me fizessem bem.
Até agora.
Minha mãe pagou dois meses de aluguel, água, luz, alimentação para eu ficar o mais longe possível da vida dela.
Onde eu moro, vive junto uma mulher de 65 anos que me acolheu como sua filha. Ela sim, a primeira pessoa que me deu bons conselhos, sempre me tratou bem, com respeito, e nunca quis nada em troca.

Minha mãe simplesmente sumiu.
Eu fui proibida pelo marido dela de ir na casa deles.
Mas engraçado que ouço ela dizendo a todos que sou uma filha ingrata que deixou ela de lado e não da valor nela. A bom.

Esses dias eu estava no Paraguai com meu namorado porque ele me cuidou para eu conseguir uma consulta no médico quando minha mãe veio em casa atrás de mim.
Ela perguntou pra dona Lu por mim, falou entusiasmada que queria que eu fizesse um papel para ela, traduzindo para o espanhol um documento alemão, porque iam dar dinheiro pra minha mãe em troca.
A dona  Lu contou que eu estava fora a uma semana já, tentando conseguir vaga para uma consulta e ela só falou; "Ah tá."
A minha mãe contou como ia ganhar bem e dona Lu se alegrou, disse; "Que bom Estela. Quando a Stephanie voltar, aviso ela. Ela com certeza não vai recusar mesmo se só der a metade do lucro."
A minha mãe começou a rir e falar que a dona Lu tinha que estar brincando.
Ela se sentiu mal e depois que minha mãe se foi, nem fez questão de me avisar.
Pra que eu iria fazer todo o trabalho e minha mãe ficaria com todo o lucro e eu sem nada?
Tudo bem, se ela explicasse que necessitava do dinheiro, comprar comida ou algo pro filho dela, mas rir da cara da mulher...

Se tivesse morrido por aí...
Minha mãe mandou mensagem para mim, pedindo para eu traduzir o papel para ela.
Justo na hora eu estava brigando com o odioso amado e sequer respondi.
Horas mais tarde ela descobriu o Google Tradutor  e disse que não precisava mais de mim.
A bom.
Engraçado que nas mensagens dela ela nunca contou que tinha ido atrás de mim na minha casa, nem que ela iria ganhar dinheiro fazendo a tradução.

Ao voltar pra casa, conversando com a dona Lu, ela me contou isso. Eu fiquei surpresa.
Mais ainda pelo dinheiro e pelo fato de ela nunca sequer perguntar se eu estava bem, ou em qual médico eu iria.

Ela não se importa. Só se importou em ganhar dinheiro as minhas custas.

A dona Lu se sentiu muito mal. Pensou que eu estava magoada com minha mãe.
Mas do fundo do meu coração, não me importei. Já a conheço. Ela sempre foi uma estranha para mim, e estou mais é feliz que a máscara dela caiu perante meu odioso amado e perante a dona Lu.

Eles sim me importam. E só eles.

Borderline... e agora?Onde histórias criam vida. Descubra agora