Meu passado: meus seis anos no paraguai/ parte 1

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Chegamos perto do Natal em Paraguai.
Foi Pai, Mãe, Filhos e cachorro.
E foi nessa época que conhecimos Paulo Da Silva. O homem que nos deu nosso sobrenome Da Silva.

Parecia um homem gentil e brincalhão.
Nos visitava na mansão e desde o princípio eu e Jimmy o reconhecemos como nosso pai.
Então o nome dele ficou Pai e o do nosso verdadeiro pai ficou Papa.

Fizeram uma mega festa de aniversário de dez anos.
Foi o dia mais estressante de minha vida.
Gente estranha que fingia que gostava de mim, crianças que nunca havia visto, a casa cheia e todos cantando música paraguaia e enchendo o cu de cachaça.
Dois dias antes, o quatorze de fevereiro, conheci quem seria o demônio em minha vida, do lado do satanás que é dona Estela.

Aquele ser eu já não gostei desde que o conheci.
O gordo. Ele veio em uma camionete e trazendo um bode.
Ele estava na festa.

Acabou a festa bosta e voltamos a nossas vidas? Como eu queria...

Aquele ser se enfiou em nossas vidas, o gordo.
Quando meu Papa viajava, minha mãe se trancava a noite e o dia todo em sua parte da mansão.

Logo suspeitei. E infelizmente eu estava certa.
Eu achei uma sacanagem.
Juntei provas. Fotos, áudios, depoimentos e os mostrei ao meu Papa.
Papa e Estela separaram.

Meu Papa nos deu a metade de tudo que tinham e mais um pouco. Ficamos com a Fazenda, com a mansão e metade de todos os bichos.

E logo aquele demônio gordo se instalou em casa. Mesmo eu o odiando. Ele se fazia de manso.
E, graças a insistência de minha mãe, eu o aceitei e o tratei bem, como meu Papa.

E então ele começou a abusar de mim.

No início eu não entendia.
Ele tocava em minhas partes. Quando minha mãe saia ou dormia ou na piscina.
Me fazia chupar ele e me dava presentes em troca.

Mas logo fui entender que isso era errado quando eu quis parar e ele começou a me ameaçar e a me forçar, até que começou a me estuprar, me penetrando, na casa das visitas.

Aí ele toda noite queria sexo.
Independe se eu estava bem ou mal.
Adquiri o hábito de sempre me esconder nos móveis e encima dos guardarroupas.

Tinha dias que ele me fazia fazer compras. me dizia: compra o que quer, porque hoje a noite você fará tudo o que eu quiser."

Eu não era capaz de comprar nada.
Lembro me de duas compras: em uma eu comprei duas barras de chocolate.
E na outra um picolé.
E de cabeça baixa encarava o picolé até chegar em casa.

E sempre rolava uma chantagem para tudo se eu recusava.

Ou matar os cachorros ou fazer isso e aquilo.
Uma vez fui estuprada no Mato, sobre uma toalha e do lado de uma espingarda.

Esse inferno não parecia levar fim.
Claro que eu e Jimmy fomos proibidos de ter contato tanto com Papa como com Pai.

Mas aí pedi para minha mãe para eu e meu irmão passarmos as férias na casa de um tio.
E assim foi.

Fomos para Asunción.
E lá, fomos convidados a morar lá.

Me livrei!

O gordo tentava, mas minha tia me protegeu, proibindo ele de estar sozinho perto de mim.

Mas aí...

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Borderline... e agora?Onde histórias criam vida. Descubra agora