Prólogo

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Pulei na cama quando o despertador tocou o refrão de Love de um trio de meninas que estourou durante a copa e só tive vontade de jogar o celular lá embaixo e dormir por mais alguns minutos, pena que eu não podia. Precisava me arrumar e ir trabalhar. Era segundona de novo, o fim de semana já tinha acabado e era hora de voltar à realidade de novo.

Joguei o lençol para o lado e saí ainda um pouco cambaleante da cama, desligando o ventilador em cima da minha escrivaninha e segui direto para o banheiro. Tomei um banho rápido o suficiente para me despertar e molhar um pouco. Não estava no pique para lavar o cabelo e o sol que já entrava pela janela do banheiro denunciava o inferno do Rio de Janeiro, mesmo que estivéssemos no outono.

Saí do banheiro checando se a porta de Bernardo ainda estava fechava e me arrumei rapidamente com as mesmas roupas que eu usei durante esses quase 50 dias de trabalho, treinamento e Copa do Mundo. Só optei por tênis nos pés dessa vez, acho que havia abusado do meu poder de usar saltos e não queria senti-los em meus pés tão cedo.

Passei um lápis e um batom, só para não falar que eu não passei nada e fiz um alto rabo de cavalo. Com tudo pronto, comecei a juntar todas as coisas que deveria devolver na CBF hoje, diversos aparelhos eletrônicos: notebook, iPad, celulares, câmeras, cartões, HDs e outras coisas que eu me responsabilizei durante a Copa e fechei muito bem a mochila também da empresa.

Peguei meu celular quase escondido embaixo do travesseiro e o desbloqueei, encontrando a conversa do WhatsApp ainda aberta em Alisson e algumas mensagens não lidas:

"Você dormiu, fiquei encarando o teto por alguns minutos até perceber isso. Durma bem, meu amor. Te amo". – Sorri com essa mensagem e ri fracamente, provavelmente acabei soltando o celular eventualmente. Passei para a próxima que tinha embaixo.

"Bom dia! Você deve acordar só em algumas horas, mas estamos voltando para a Itália, preciso organizar algumas coisas antes de ir para Sardenha, queria que estivesse aqui. Bom trabalho hoje, pensa que em menos de dois meses estaremos juntos novamente". – Soltei um suspiro involuntário, erguendo meus olhos para a data e percebendo que era dia nove de julho ainda, eu o veria só em setembro agora, se tudo desse certo. Soltei um longo suspiro e digitei para ele novamente.

"Segundona e a realidade já bateu forte pelo fato do meu quarto não ser um hotel cinco estrelas e você não estar ao meu lado. Como faço para voltar? Partiu CBF, conversa de vídeo mais tarde?" – Escrevi e guardei o celular dentro da bolsa.

Fiz um café de máquina rapidamente enquanto chamava o Uber. Não estava afim de andar pelo coletivo do Rio com mais de 30 mil reais em equipamentos eletrônicos comigo, então me permiti ter preguiça por mais uns minutos e fui de carro para o trabalho. Assim que cheguei lá, sorri feliz. Eu estava feliz com esse trabalho, ele tinha me proporcionado a viagem mais incrível da minha vida e, de quebra, eu tinha encontrado um namorado.

Agradeci ao motorista, juntei minhas coisas e segui para dentro do prédio, mostrando meu crachá na portaria e segui pela entrada, vendo que ali estava incrivelmente comum. Nem parecia que havíamos passado por uma Copa do Mundo e que ainda tinha alguns dias para ela acabar. Meu sorriso se alargou quando encontrei Lucas esperando o elevador.

- Bom dia! – Falei e ele sorriu, passando os braços pelos meus ombros.

- E aí, garota? Como você está? – Ele perguntou e eu suspirei.

- Cansada! Fuso-horário está matando e os horários do Alisson ainda me enlouquecem. – Ele riu fracamente.

- Como está depois da Rússia? – Ponderei com a cabeça.

- Conversamos quando dá, ele está tendo muitas reuniões com os empresários dele sobre Liverpool, mas é recente ainda, o calor ainda está forte, vamos ver quando voltarmos para a rotina. – Dei de ombros, entrando no elevador junto dele.

Passaporte Brasil, 2019 | Alisson BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora