— Charlie! — chamei sua atenção e ele parou de conversar. — É melhor você prestar atenção pois esse conteúdo vai cair na prova.
— Prova? Mas já? — se indignou. — O ano praticamente não acabou de começar?
— É, as coisas acontecem rápido, em um piscar de olhos você vai estar repetindo esse ano.
Todos começaram a rir e ele fechou a cara.
— Não vou repetir de ano!
— Então preste atenção se não quiser ficar de recuperação em história.
— Tá.
Todos continuavam a rir de Charlie.
— Parem de rir pois isso vale para todos vocês.
Charlie sorriu, se sentindo vitorioso por eu ter o defendido de alguma forma.
Escutei uma batida na porta.— Licença?
Olhei de canto e vi o professor Jaime, parado na porta da minha sala, segurando a maçaneta.
— O namorado do professor Adam chegou! — escutei alguém dizer e o resto da sala rir.
— Correção: futuro namorado. — Jaime disse, fazendo a sala rir mais.
Me sinto envergonhado, mas eu sei que tudo não passa de uma brincadeira, ele apenas está entrando na onda dos alunos.— O que deseja, Jaime?
— Falar com você.
Larguei o giz branco da minha mão.
— Já volto, alunos.
Sai da sala com ele.
— Então, o que foi? — perguntei, fechando a porta atrás de mim.
— Você ficou sabendo que todos os professores combinaram de jantar juntos hoje, certo?
— Certo.
— Você vai?
— Claro, vou sim.
— Então, eu queria saber se eu podia te buscar para irmos juntos, sabe?
Meu rosto começou a coçar.
— Você realmente interrompeu minha aula para isso?
— Desculpe-me, eu não pensei nisso — ele corou. — Acho que foi a ansiedade.
— Ansiedade?
— É, estou temendo a sua resposta.
— Sério? — mordi o lábio inferior. — Quer dizer... pode me buscar, por que não?
— Jura?
— Juro.
— Puta merda! — ele parece feliz. — Eita, me desculpa pelo palavrão.
— Tudo bem.
— Bem, me passa seu endereço?
— Eu te mando por mensagem — digo, tirando meu celular do bolso. — Você está no grupo dos professores?
— Sim, Mary me colocou lá.
— Claro, tinha que ser a Mary. — sussurrei.
— O que disse?
— Nada! — ele levantou uma sobrancelha, confuso. — Eu te mando mensagem.
— Estarei esperando a mensagem, professor.
Jaime saiu, piscando para mim, o que já tinha se tornado um hábito.
Ele sempre pisca e eu sempre fico sem graça. Me pergunto se ele faz isso como todo mundo, como uma forma de se despedir, ou se eu sou "especial".
Abro a porta e entro para continuar minha aula.— Deram muitos beijinhos, professor? — Emma, a nova aluna, que já tinha se adaptado bem a escola, perguntou.
— O que? Não!
— Mas você está tão vermelho.
— Lógico, está calor! — eu disse, ligando o ventilador, mesmo não estando com calor. — Agora voltando a aula, isso é importante.
Eu não sei muito bem o porquê, os alunos estão sempre cismando em ver eu e Jaime como um casal. Isso me incomoda, porque Jaime não é gay e Mary está afim dele, mesmo que seja só por uma noite e ela tenha um marido. O fato dos alunos sempre estarem cismando isso faz ela me odiar. Não é que eu me importe se ela me odeia ou não, mas, eu uso como desculpa. Até porque, afinal, enquanto a mim? Como eu me sinto? Eu admito, nunca estive seguro de minha sexualidade, se um dia eu tiver uma chance, eu experimentaria como é estar com outro homem. E se eu descobrir que sou gay, tudo bem. Além disso, me sinto bem quando os alunos cismam com isso, quando Jaime parece dar em cima de mim, quando a professora de português me faz pensar que talvez a rosa tenha sido Jaime que me deu. Gosto de pensar que os alunos não estão mentindo ao dizer que ele é gay e que sempre está falando de mim durante as aulas.
O sinal toca, cortando meus pensamentos.— Por hoje é só — eu disse. — Até amanhã, alunos.
Todos arrumaram os matérias correndo, desesperados para chegar em casa e relaxar depois do dia de aula.
Fechei toda a casa e esperei na calçada depois de receber a mensagem de Jaime, avisando que está quase chegando.
Um carro todo preto parou em minha frente e consegui ver ele lá dentro, então, entrei.
Assim que entrei, uma música não muito alta invadiu meus ouvidos. Reconheci. É minha música favorita. Listen To Your Heart, da Roxette. Essa música fez sucesso entre o final da década de 80 para a de 90, quando eu estava para começar a minha adolescência.— Oi, Adam.
— Essa é a minha música favorita! — exclamei, surpreso, ignorando totalmente o "oi" que Jaime me deu.
— Eu gosto dela, mas não é minha favorita — ele disse, sorrindo. — Prefiro algo como Nirvana.
Nirvana também marcou minha adolescência nos anos 90.
— Nirvana é uma boa banda.
— Então, vamos?
— Vamos.
Coloquei o cinto de segurança e ele começou a andar com o carro.
Abri um pouco a janela para dar uma olhada na noite lá fora.
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Teachers
RomanceAdam Christopher, sempre foi apaixonado por história, assim como seu prazer em ensinar também sempre veio acompanho dele. Sendo assim, nada o impediu de se torna um jovem professor de história, que trabalha em uma escola da Califórnia. Adam ama seu...