Capítulo 19

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— Nosso lugar é lá no final, querido. — Jaime disse, olhando as passagens do avião.

— Ok.

Comecei a andar até o fim do corredor e, quando chegamos em nossos lugares, me sentei no acento que ficava ao lado da janela. Jaime já sabia que eu queria ficar perto dela, sempre adoro a vista de cima do avião, principalmente nessa época, em que a neve está começando a aparecer para o natal e fim de ano. A vista é simplesmente linda.

— Eu estou nervoso. — Jaime falou, enquanto eu abria as cortinas para ter uma vista da janela, mesmo que o avião ainda não tenha decolado.

— Não precisa ficar — eu disse, segurando em sua mão que estava um pouco gelada, porque apesar de ainda não ter começado a nevar, já estava frio. — Tudo bem, eu também estou um pouco nervoso. A última coisa que eu quero é que eles tenham uma reação parecida como a do pai de Charlie.

— Ainda preocupado com Charlie? — eu balancei a cabeça. — Ele é um menino corajoso, não precisa se preocupar. Você viu como eles nos defendeu?

— Sim e agradeço muito a ele por isso.

Jaime apertou minha mão mais forte e deixou um beijo rápido em meu pescoço.

— Vai ocorrer tudo bem, não vai?

— Vai sim, Jaime, vai sim.

Soltei sua mão para colocar o cinto de segurança, mas logo a segurei de novo e apoiei minha cabeça em seu ombro.

— Mesmo que nada dê certo, quero que saiba que isso não vai mudar nada — eu disse. — Nosso amor continuará o mesmo.

— Eu te amo, Adam.

Escutei uma voz masculina vindo do rádio, provavelmente o piloto do avião.
Ignorei o que ele dizia e respondi para Jaime:

— Eu também te amo.

Fechei meus olhos e depois de um tempo senti um frio na barriga, como se estivesse subindo uma montanha russa.
Abri os olhos e olhei pela janela. A cidade da Califórnia estava cada vez mais distante, e, de repente, meus olhos viam apenas um mar de nuvens. Lindo.

— Nova York, lá vamos nós.


Mamãe abriu a porta do meu quarto antigo e eu entrei, deixando as malas no chão.

— Ainda bem que temos o quarto de hóspedes para o seu amigo Jaime. Realmente não estávamos esperando.

— Tudo bem, mãe.

Tentei dizer à ela que na verdade, ele era mais que um amigo, mas as palavras fizeram um nó em minha garganta e desisti.
Me deitei na cama e suspirei fundo. Tudo bem. Jaime disse para eu contar quando estivesse pronto.
Ergui a cabeça e olhei mamãe, ela está ficando velha. No seu cabelo já posso ver sinais de mechas brancas, assim como no cabelo de papai que agora está mostrando a Jaime onde fica o quarto de hóspedes.

— Aonde está a Olivia?

— Sua irmã foi patinar no gelo — ela respondeu. — Logo vai estar de volta e não vai demorar, porque ela sabe que você está vindo e está ansiosa para te ver.

— Que bom.

— Então, aquele Jaime trabalha com você?

— Sim, ele é professor de educação física.

— Deu pra perceber — ela deu um sorriso de lado. — Ele tem o corpo bonito.

— É, com certeza.

— Está com fome? Sei que a viajem deve ter sido longa.

— Estou sim.

— Chame seu amigo, vou preparar um café da tarde para você.

Ela saiu andado e eu fui logo atrás, porém seguindo um caminho diferente.
Quando cheguei ao quarto de hóspedes, encontrei Jaime e papai conversando animadamente. Papai sempre gostou de basquete e Jaime é professor de educação física, eu deveria esperar por isso.
Me encostei entre o vão da porta e observei eles conversaram. Espero que as coisas fiquem do mesmo jeito quando eu disser que ele é meu namorado.

— Adam!

Olhei por cima do meu ombro e abri um grande sorriso quando vi minha irmã correndo em minha direção.
Me virei e abri os braços, para abraça-lá, e nos abraçamos.

— Oi, querida, senti tanta a sua falta. — eu disse, deixando um beijo em sua testa.

— Eu também.

Senti uma mão sobre meu ombro.

— Então você é a famosa, Olivia?

Minha irmã corou, o que eu esperava, já que ela é muito tímida.

— Quem é você?

— É amigo do irmão, o nome dele é Jaime.

— Prazer em te conhecer, Olivia.

Jaime estendeu a mão e Olivia a apertou.

— O prazer é todo meu!

— Ouvi dizer que você patina muito bem.

Ela abriu um grande sorriso.

— Sim, eu patino!

— Ele não sabe patinar, Olivia, eu tive que ensiná-lo.

— Sério? Igual quando você me ensinou aos 5?

— Exatamente.

Jaime cruzou os braços e eu dei uma leve risada.

— Ah! Mamãe está chamando vocês dois para comerem.

— Ok, obrigado por avisar — ela me deu um beijo na bochecha e saiu andado até seu quarto. — Vamos?

— Sim, e aproveitei e fale para sua mãe que eu também não sei patinar.

Comecei a rir e depois o puxei para mais perto e sussurrei:

— Eu te amo.

Ele sorriu.

— Eu também.

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