Capítulo 15

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— Eu realmente não vou para a escola amanhã. — eu disse, em frente ao espelho do quarto de Jaime, encarando meu pescoço cheio de chupões roxos.

— Por que não?

Olho para Jaime do espelho, que está deitado na cama, apenas de calça moletom e mexendo em seu Iphone.

— Olhe para o meu pescoço! — exclamei, me virando com cuidado, para a toalha em minha cintura não cair.

— Lindo — ele sorriu. — Fui eu que fiz.

— Idiota — sua gargalhada tomou conta dos meus ouvidos. — Jaime, é sério, eu não posso aparecer assim na escola, o que vou dizer?

— Diga que você transou com o professor de educação física e que foi o sexo mais gostoso que você já teve.

— Eu não vou dizer isso para os meus alunos!

— Amor, deve ter algum tutorial na internet de como se livrar de chupões. Hoje em dia tem tudo na internet, sabia?

Ele digitou algo no celular e levantou-se da cama, caminhando até mim.

— Aqui — ele disse, me mostrando a tela do seu celular. — Coloque gelo nos chupões, parece que funciona.

Respirei fundo e desviei meu olhar dele, sentindo minhas bochechas queimarem.

— Você me chamou de amor. — sussurrei.

— Ah — ele engoliu em seco. — Desculpa.

Balancei minha cabeça, deixando um pouco de água voar pelos ares do meu cabelo molhado. E então, o beijei.

— Eu vou pegar gelo no congelador — anunciei, saindo do quarto. — Separa uma roupa sua para eu usar, vou passar essa noite aqui, pode ser?

Segurei na maçaneta da porta e olhei para trás. Ele estava sorrindo.

— Pode ser.

Sorri de volta para ele e sai, indo atrás do gelo.

O sinal tocou, barulhento, me fazendo ter que guarda minhas explicações para mais tarde, e fazendo os alunos saírem rápido para o intervalo.

— Tchau, pessoal, até amanhã.

Larguei o giz branco e comecei a apagar as coisas no quadro, depois disso, guardei minhas coisas dentro da bolsa.
Ergui meu olhar em volta da sala, e eu vi que não estou sozinho. Emma, está aqui.
Ela está sentada em sua mesa, encarando o chão, balançado os pés, que estão protegidos pelo seu All Star rosa que ela nunca deixa de usar. Para lá e para cá, enquanto uma mecha do seu cabelo azul, que eu descobri que ela pintou aos 12 anos, caiu sobre seu rosto.

— Emma? — ela levantou o olhar para mim, mas não disse nada. — Você não vai... hm, você sabe... pro intervalo?

— Eu não quero ir.

Ela abaixou a cabeça outra vez.
Cocei meu cabelo e respirei fundo.
Dei um passo a frente e caminhei até ela, me sentando em uma carteira a sua frente.

— O que aconteceu com a minha melhor aluna?

Ela soltou um pequeno sorriso e fiquei feliz por isso.
Emma retirou a mecha do seu cabelo e me olhou mais uma vez.

— Eu descobri que sou bissexual.

— Uau! — fiquei um tempo sem piscar, surpreso. — Por essa eu não esperava.

Ela soltou uma risadinha.

— Eu posso contar essas coisas para você, professor.

— Por quê?

— Porque você é gay.

— Eu não sou...

— Gay? — completou.

— Olha, eu não sei, minha sexualidade ainda está confusa dentro da minha cabeça.

— Entendo — ela abaixou a cabeça de novo. — Eu também fiquei confusa por um tempo, mas agora eu sei quem eu sou.

— Não precisa ficar triste por isso, princesa — ergui seu rosto. — Você vai continuar sendo minha melhor aluna, mesmo sendo bissexual.

— Por que você está em duvida sobre a sua sexualidade? — ela perguntou, de repente. — É por causa do professor Jaime?

— Bem, eu...

— Não minta para mim! Eu não menti para você!

— Tudo bem — sorri. — É por causa do seu professor de educação física.

— Isso é bom, ele realmente ama você.

— Ama?

— Muito.

— Bem, você tem alguém que gosta? — ela apenas balançou a cabeça. — É uma garota?

— É — ela encostou a cabeça na parede. — Estou apaixonada pela Anne, mas acho que ela é hétero então eu não vou dizer nada.

— Não! — segurei sua mão. — Não faça isso!

— Então o que eu vou fazer?

— O que você faz quando gosta de um garoto?

— Eu me declaro.

— E só porque agora é uma garota você vai deixar de fazer isso?

— Mas, professor, isso não é...

— Normal? — completei e ela corou. — Isso é perfeitamente normal, Emma.

— Então eu devo...

— Deve com certeza! — interrompi e ela sorriu. — Vá atrás dela!

Ela se levantou, animada.

— Eu vou!

Emma correu até a porta, segurou a maçaneta, e quando eu pensei que ela iria abrir a porta e sair correndo, ela simplesmente parou e me olhou.

— O que foi? — perguntei.

— Você deveria ir atrás do professor Jaime também.

E então saiu, me deixando sozinho.

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