Capítulo 12

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- Adam? - bebi mais um gole do meu café antes de ergue meu olhar. - Só eu e você aqui, nada mal.

Sorri um pouco sem jeito ao ver Jaime, que caminhou em minha direção e me deu um beijo rápido.

- Oi, professor Jaime.

Ele me deu um outro beijo, dessa vez um mais demorado e intenso.
Coloquei minhas mãos contra seu peito e o afastei.

- Aqui não! - exclamei. - Pode chegar algum professor a qualquer momento!

- Qual o problema?

- Nenhum, eu só quero saber antes de todo mundo.

Ele acariciou meu cabelo.

- Tudo bem, eu entendo, já passei por essa fase - ele pegou uma cadeira e se sentou. - Mas que bom que você está testando como é estar com um outro homem.

- Eu acho que sim.

Ele pegou em minha mão e começou acariciar cada dedo meu.

- Eu não parei de pensar um segundo em você nas férias de verão. - ele começou a falar, de repente.
Eu tenho que admitir que não parei de pensar nele também. Até mesmo perdi as contas de quantas vezes eu fui jantar e almoçar naquele restaurante em que encontrei com Jaime uma vez, para ter chances de vê-lo e esclarecer as coisas, mas ele nunca aparecia. Eu sei que poderia ter simplesmente ligado, mas quando eu discava o número dele, apagava e desistia. Parecia ser impossível.

- Eu lembro que eu fui à um bar gay, durante as férias - Jaime contou, segurando uma risada. - Eu bebi o suficiente para ir até a pista de dança e começar a jogar cantadas.

- Você transou com um cara?

- Quase - respondeu. - Mas essa que é a parte engraçada, porque quando fomos pro motel, eu comecei a falar seu nome, eu achava que era você e estava feliz.

Ele começou a rir por um tempo, com as bochechas coradas, e quando se acalmou, continuou:

- O garoto ficou com raiva e então mandou que eu e "meu Adam" fossem se foder - eu também comecei a rir, um pouco envergonhado, por ele não esquecer de mim até bêbado. - Ele também me deu um belo tapa na cara, e eu acho que aprendi que não dá pra ir à um bar gay quando você já tem alguém preso no seu coração.

Me inclinei para beija-ló, mas parei quando escutei a porta da sala sendo aberta.

- Bom dia, rapazes. - Eric, o professor de artes, disse, entrando na sala.

- Bom dia. - eu respondi, enquanto Jaime ficou em silêncio.

- Vocês sabem aonde estão as tintas e os pincéis? - ele perguntou, se agachando para abrir um armário. - Eu preciso fazer um trabalho com os alunos e o diretor disse que estavam aqui.

- Eu acho que está ali. - eu disse, apontando para alguns dos armários.

- Obrigado.

Senti uns dos pés de Jaime tocarem minha perna e subirem minha calça.

- Dá pra parar com isso? - sussurrei.

- Desculpa, o que você disse? - Eric me perguntou, já com várias tintas e pincéis em mãos.

- N-nada.

Olhei de novo para Jaime e ele sorria para mim.

- Obrigado mais uma vez. - Eric deixou a sala dos professores e deixou nós dois sozinhos, outra vez.

- Pode me beijar agora, professor Adam, estou esperando ansiosamente por isso.

Soltei uma leve risada e me incline, dando um beijo em Jaime.

- Vai querer uma carona, hétero gay? - Jaime perguntou, retirando as chaves do carro do seu bolso.

- Não me chame assim!

Ele começou a rir.

- Vai querer?

- Eu acho que não tenho escolha.

- Não tem mesmo.

Entrei no carro com a companhia dele e seguimos para minha casa.
De todas as coisas, essa era a que eu menos esperava acontecer, mas também era a única que eu queria que acontecesse. Eu e Jaime juntos, de alguma forma.
Ele estacionou de frente para minha casa.

- Tchau, Jaime, até amanhã.

Dei um beijo em sua bochecha e outro em sua boca.

- Tchau, lindo.

Ele me puxou para um outro beijo, que pareceu durar mais tempo.

- Agora é sério, tchau. - eu disse, dando um selinho nele, selinho que acabou se transformando em outro beijo.

- Tudo bem, eu acho que não queremos dizer tchau - Jaime brincou. - Quer dar uma volta por aí?

- Vamos para onde?

Ele deu de ombros.

- Só diz que sim.

Deixei um beijo em sua bochecha.

- Sim, eu quero.

Retirei meu All Star, apenas ficando com minhas meias cinzas.
Coloquei meus pés sobre o colo de Jaime e ele segurou minhas pernas e com a outra mão ele começou a mexer no celular.
Olhei para onde Jaime tinha nos levado, é lindo.
Geralmente, eu tenho medo de altura, mas olhando para tudo aqui, acho que a altura é o que menos importa. Acho que dá pra se ver a cidade toda da Califórnia daqui, além de algumas florestas.

- Jaime, é lindo.

- Sabe o que é mais lindo?

- O que?

- Você.

- Que clichê.

Ele sorriu e com certeza seu sorriso é mais bonito que aquela paisagem toda.

- O amor é clichê, fazer o que? - ele me puxou pela mão, para que ficássemos mais perto e nos beijamos. - Mas é, isso tudo aqui é lindo.

Apoie minha cabeça em seu ombro e observei mais a paisagem.

- Adam, eu acho que eu te amo.

- Desculpa, eu ainda não sei se posso dizer o mesmo.

- Tudo bem - ele acariciou minhas costas e depois beijou minha testa. - Só quero que saiba mesmo, eu amo você.

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