Ouço uma agitação no jardim.
Acho que é a dúvida, que penetrou surdamente
minhas certezas.Ouço passos vindo até minha casa
Acho que é meu coração, que está duro feito pedra
e covardemente esmagou outros.Ouço batidas na minha porta.
Acho que é o amor, que mesmo desamado
luta para ter-me de volta como seu escravo.Ouço a voz da minha sanidade e abro a porta.
É o Nada, que preenche inteiramente o vazio na varanda.
E o que há é apenas a lama dos sapatos e uma flor vermelha, mucha e solitária.