Perdão.
Perdão por mim.
Perdão por nós.
Perdão pela humanidade.Acordei pela manhã, abri a janela para ver o sol; havia fumaça.
No jardim onde costumava voar beija flores só existe o Nada.
Nem mesmo as flores se atrevem a desabrochar.Minha TV só dá desgosto. Nem a ligo mais.
Mulheres assassinadas. Homens de bem pregando o ódio.
Assaltos e mais assaltos.Crianças, perdão por essa herança tóxica. Perdão por tudo isso.
A mata pega fogo. Nada é tranquilo ao meu redor.
Só existe desentendimento e olhares de desânimo.Homens e mulheres vagueiam pela cidade. Todos hipnotizados.
Cada qual com um buraco no peito. Muitos vão ao trabalho, outros estudar. Quem sabe ate a ponte, se libertar.Perdão. Só é oque posso dizer. E em meio a tudo isso eu choro e penso e lamento por mim mesmo. Virei poeta de um mundo infame.
Eu só espero cumprir meu papel. E se essa poesia for lida após minha morte talvez minha missão tenha sido cumprida. Se não for, perdão.