era um pouco de tudo

19 2 2
                                    


Um novo dia começou, Mariana acordou sentindo o corpo todo doer, a boca estava seca e ela logo lembrou que havia tido a Imprudência de beber uma garrafa inteira de vinho . Sentiu seu estômago revirar e correu para o banheiro deixando seu corpo amolecer enquanto vomitava tudo o que comeu no dia anterior. Depois, já se sentindo melhor, tomou um banho, se vestiu, subiu e tomou café .'' Madrid é linda '' pensou enquanto olhava a cidade do alto, as vezes sentia um súbita vontade de nunca deixar aquele lugar, de ficar ali para sempre, mas sabia que não pertencia aquele lugar, por mais que ele lhe fizesse  bem não poderia ficar ali para sempre . Suspirou pesadamente olhando mais uma vez todas as nuances da bela Madrid .

Nana pediu um táxi e ele a deixou na Calle de Toledo . Ela viu um grupo de pessoas pintando e se aproximou, trocou algumas palavras com o responsável pela oficina ao ar livre e ele lhe permitu pintar ali também, ela escolheu uma tela, pegou alguns pincéis e começou a criar. Antes observou tudo ao redor tentando captar alguma inspiraçãomas não consegiu nada de modo que preferiu apenas deixar acontecer, algumas pessoas paravam pra vê-la pintar, era lindo. Suas mãos em um movimento delicado cuidando de que nenhum espaço da tela há sua frente ficasse branco . E ela terminou. Se afostou um pouco pra observar o resultado da obra e ficou encantada ao constatar que sim, ainda sabia usar um pincel e trabalhar com as cores . 

Ela ficou ali parada, apenas observando como as cores na tela interagiam .Ainda estava com o pincel sujo em mãos quando sentiu um corpo se chocar ao seu .Virou-se de imediato pra pessoa sem olha-la , sentindo um liquido quente na região da barriga que desceu  devagar por todo o resto do seu corpo e foi então que sua barriga embrulhou e ela despejou pra fora todo o café da manhã, atingindo em cheio a pessoa que colidiu com ela a poucos instantes .

O homem olhou primeiro pra roupa toda suja e depois direcionou o olhar para a mulher que tinha o olhar fixo em seu rosto e, os dois, quase que ao mesmo tempo falaram :

- Mario ?!

-Mariana ?!

 ficaram mais de 15 segundos apenas trocando um olhar surpreso até que mario finalmente conseguiu falar :

_ehh, eu tô em um apartamento aqui perto, se você quiser se limpar . Ele apontou pra roupa dela fazendo com que a mesma acompanhasse o movimento do dedo dele .

_ fica muito longe ? perguntou sentindo a barriga doer pela queimadura .

_ não, só vamos andar um pouco, fica logo ali. apontou para um prédio vermelho e ela, mais uma vez, acompanhou o movimento do dedo do poeta. 

Nana não queria ir até lá, não queria ficar perto do poeta, não queria tá tão perto . Estava envergonhada por tê-lo demitido e ainda mais por ter sido tão injusta quando tudo que ele queria era alertá-la, mas mesmo assim foi .

_ Eu vou pegar algo pra queimadura . Disse o poeta logo que chegaram

Ele voltou com pomada em mãos e apontou pra onde seu café tinha atingido .

_posso ? perguntou educadamente enquanto ela desabotoava a camisa . Nana travou na hora mas, de qualquer forma, acentiu . O poeta se arrependeu na hora de ter se oferecido pra tal tarefa, com cuidado passou os dedos com uma pomada na barriga dela, que já ganhava e tinha forma. Mário parou instantaneamente e Mariana arregalou os olhos, Mário tirou a mão da barriga de nana e buscou seu olhar, que , naquele ponto, já não segurava nenhuma lágrima . Seu bebê havia chutado pela primeira vez! 

Mário também chorava. Sentir aquele chute foi lindo, incrível, intenso e foi ali que ele levantou e deu um abraço em Mariana que, de imediato, correspondeu o amigo, possível pai do filho que ela esperava . Lembrar disso fazia Mariana sentir borboletas estômago. 

Depois de um tempo aproveitando do aconchego dos braços um do outro eles se afastaram. Se olharam intesamente até que Mário, mais uma vez, tomou coragrem e perguntou :

_ e de quantos meses você tá ? se não foi incomodar . Na cabeça do poeta nem passava a ideia de que aquele bebê poderia ser seu .

Mariana engoliu em seco e baixou o olhar, em um ato de nervosismo esfergando uma mão em outra, como se a ação pudesse retirar toda a tensão do seu corpo ,la, enfim, suspirou e tomou coragem para , em um sussurro, revelar ao poeta que estava grávida de mais ou menos quatro meses .

A cabeça do poeta deu uma volta e ,ele, que não era fã de números,se surpreendeu com a velocidade a qual calculou as possibilidades e, também em um sussurro, mais pra si que pra ela, afirmou : esse filho pode ser meu .

Os olhos de Mário encontraram os de Nana, que não conseguiu identificar o que o poeta carregava no olhar . Se era raiva, emoção, desejo ou decepção. No final , ela concluiu, era um pouco de tudo .

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Feb 25, 2020 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

FuisteWhere stories live. Discover now