Why are you smiling?

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Mais um dia de chuva onde o que que mais se repara é o mal humor de muitos.

Não só em dia chuvosos, como qualquer outro.

Vivo em um mundo onde só há tristeza.

Não sei exatamente quando foi proibido a felicidade e nem ao certo o que ela significa, pois nunca tive a oportunidade de sentir uma emoção tão poderosa e perigosa.

Minha avó faleceu quando eu tinha quatro anos.

Se não fosse por ela, eu provavelmente nunca saberia o que é um sorriso e o que ele faz com as pessoas.

Eu me senti bem com isso, de alguma forma.

As pessoas sempre a odiaram por conta de sua demonstração de alegaria, quando todos estavam cientes de que ninguém tinha a capacidade de possuir algo assim dentro de si.

Nunca sorri em toda minha vida, pois não tive a oportunidade de nascer numa época em que as pessoas veneram isso.

A minha geração foi destruída por viver em uma época onde ser feliz é quase como um crime.

Em meio ao caos do lado de fora devido a forte tempestade, uma coisa despertou minha curiosidade.

Havia uma garota sozinha, com a cabeça virada para o céu.

Seus olhos fechados escondiam sua íris, mas não o sentimento que sua feição transparecia.

Ela sorria.

Sorria como nunca vi ninguém sorrir antes.

Nem mesmo minha falecida avó.

Fiquei um tanto indignado com tamanha ousadia.

Como ela era capaz de fazer algo assim em público?

E o que mais perturbava meus pensamentos era o porquê disso.

Fiquei a observando por um longo período de tempo.

Seus olhos foram abertos e seu sorriso largo continuava bem à mostra.

A menina estendia as mãos para sentir as gotas de chuva caírem sobre elas enquanto ficava estupidamente alegre o tempo todo.

Seu corpo esbelto dançava em meio à tempestade, como se não houvesse nada com o que se preocupar.

Não deveria, mas não me controlei e acabei descendo a longa escadaria da minha casa com uma fúria inexplicável dominando todo o meu corpo.

Abri a porta da frente, já esperando que a garota notasse minha presença.

Como esperado, ela olhou para mim e sorriu.

Com uma distância não tão grande, pude perceber seus fios ruivos quase castanhos devido à chuva.

Fiz um gesto para que ela se aproximasse da minha varanda, e assim ela o fez.

— Quem é você? — pergunto com minha feição séria de todo dia.

— Ah, me desculpe. Sou nova aqui e ainda não tive tempo de me apresentar. Meu nome é Sadie Sink, e o seu? — ela tenta enxugar a mão no seu vestido florido que quase cobria seus joelhos e a estende para me cumprimentar.

Uma perda de tempo, porque sua roupa estava tão encharcada quanto seu corpo em si.

— Finn Wolfhard. — digo, apertando sua mão.

— É um prazer conhecê-lo, Finn! — ela sorri ainda mais ao dizer tais palavras.

— Não me leve a mal pela pergunta, mas por que está sorrindo? Por acaso viu algo surreal pra ficar assim o tempo inteiro? Você não deveria fazer isso!

— Minha mãe diz sempre a mesma coisa. — ela solta uma risadinha. —Mas precisa de motivo pra sorrir? A vida é um presente, Finn! Sorrir é como uma dádiva! Por que eu não faria isso?

— Porque ninguém faz isso! Você não tem medo das pessoas te julgarem ou te encararem com desgosto? Isso é ridículo!

— Ridículo pra quem tem uma mente fraca. Às pessoas que me olharem com desdém, responderei com um sorriso. Regras ignorantes que a sociedade impõe não devem ser seguidas. Enfim, minha hora já deu. Um ótimo dia pra você! — se despediu com o mesmo sorriso que me deu quando chegou, porém completado com um aceno.

A observei voltar para sua residência simples, que coincidentemente fica em frente à minha, e logo sumir do meu campo de visão.

Sadie Sink.

Como pode ser tão rebelde a esse ponto?

Queria ter tido a capacidade de deixá-la sem argumentos, mas essa garota enxerga as coisas de uma maneira tão diferente, que faz com que eu me sinta pequeno.

Entrei na minha casa tentando processar tudo, enquanto meus pais me encaravam desconfiados, mas não se importaram muito.

Para ser sincero, eles não se importam muito com nada que eu faça, o que eu acho bom.

Não saio muito de casa, mas, se eu o fizer, não faz diferença nenhuma para eles.

Meu quarto e eu somos quase como um só.

Passo tanto tempo no cômodo que sinto que já posso ser considerado parte dele.

Nunca tive nenhuma criatividade para compor músicas, ainda mais quando ninguém aprecia isso, mas eu toco violão para passar o tempo.

Não sei o que eu toco, mas consigo criar uma melodia qualquer hora ou outra.

Também não tenho amigos, mas hoje em dia é difícil encontrar alguém que tenha, já que poucas pessoas aguentam umas as outras.

Pela segunda vez no dia observei a janela e, de novo, meus olhos foram em encontro com a garota ruiva.

As janelas de sua casa estavam abertas e eu podia ver perfeitamente o que se passava.

Ela estava de costas e não podia ver sua feição, mas uma mulher que julgo ser sua mãe estava a reprimindo por algo.

A ruiva tinha sua cabeça baixa, aparentemente decepcionada com algo ou envergonhada por algum erro cometido.

A mulher pegou um guarda-chuva e saiu de casa, deixando a filha sozinha.

Um detalhe à parte e sem importância, a garota tem um gato.

Um gato que ela parece ser bem apegada pela forma com que sorri para ele.

Não sei como deduzi isso, afinal, ela parece sorrir para tudo o que vê.

Logo Sadie me nota pela janela e faz uma careta confusa.

Talvez pensasse que eu estivesse a espionando, o que de fato é verdade.

Seu semblante foi substituído por um sorriso que, pelo movimento dos seus lábios, parecia mais como um risada.

Ela estava rindo de mim?

A mesma fechou a cortina da casa e provavelmente voltou a brincar com o felino.

Dei de ombros, indo fazer qualquer outra coisa para me esquecer disso.

De alguma forma eu queria descobrir mais sobre a ruiva, mesmo sabendo que poderia entrar em uma fria se o fizesse.

Uma garota tão misteriosa e esquisita deve estar cheia de segredos obscuros, o que é um bom motivo para eu ficar bem longe dela.

E assim eu o farei.

Notas da autora

Aceito críticas, mas tbm não fico calada (é meme).

Eu não sei se essa fanfic vai pra frente, mas eu vou tentar postar capítulos dessa e da outra que eu escrevo.

Smile | FadieOnde histórias criam vida. Descubra agora