Sadie, com a mão aparentemente leve, deu cinco exatas batidas na porta, como se as tivesse contado a princípio.
Carregou um sorriso durante todo o nosso percurso, porém ao chegar à casa, sua feição sugeria o quão apreensiva estava.
Lábios entre os dentes, braços e pernas inquietos, desassossego explícito.
A maçaneta foi girada, dando a atormentadora visão de um ser humano carrancudo, que usava um vestido verde extravagante e uma sandália de mulher decrépita.
Analisou rápido a imagem de nós dois em sua porta, não fazendo questão de ocultar seu semblante desprezível.
- Agora você deu valor ao que tinha, sua merdinha?! - ela urrou. - Sabia que voltaria rastejando pra cá. Quando é que você vai aprender que a vida não é um conto de fadas? Passe para dentro antes que eu mude de ideia. Já está na hora de você crescer. - a mesma cede um pequeno espaço para que a ruiva atravessasse para a parte interna da casa.
Sadie deixou claro antes de chegarmos que não desejava que eu a defendesse de sua mãe, porém senti que lhe contradizer parecia uma ótima alternativa no momento.
O suspiro que a mesma exalou soou muito bem como um grito silente, o que quase me fez instintivamente esfolar a cara da bruxa no chão de seu próprio domicílio.
- Por que a senhora tem que ser assim? Tudo o que eu faço é com o intuito de te satisfazer, mas tudo o que eu recebo em troca é seu desdém! Eu dou o meu melhor para ser uma filha excelente, tento me convencer de que a senhora só está em um dia ruim e por isso não reparou na casa que eu arrumei ou no almoço que eu fiz, mas quando é que os dias bons vão chegar? - a ruiva declarou e não demorou nada para que do seu olhar melancólico corressem lágrimas. - O que mais eu preciso fazer?
Com corpo roliço e baixa estatura, sua proximidade assustava a garota, que quase se encolhia a cada passo que ela realizava em sua direção.
- Você não faz mais que sua obrigação como mulher. Não aplaudo isso, porque se não o fizesse, já estaria fora de casa há tempos. Você é magra demais, fraca demais, pálida demais, sensível demais, chorona demais. Seus cabelos são avermelhados demais, e culpo seu pai por essa genética horrenda. Por ter a capacidade de ler se acha superior aos outros, mas não tem ideia de que isso está longe de ser admirável. As pessoas não suportam seu jeito tosco e seus sorrisos vergonhosos, por isso ninguém comsegue ficar perto de você. O que mais você precisa fazer? Nascer novamente.
Sem dizer nada, Sadie saiu correndo às pressas para alguma direção qualquer, e por um momento eu fiquei em dúvida se deveria intrigar com sua mãe ou ir atrás dela, porém não demorou tanto para eu perceber o que mais tinha importância.
Corri atrás da ruiva, que não estava muitos passos à frente, já que aparentemente mal tinha forças para se locomover.
Se não estivesse não perto, provavelmente teria a perdido, porque Sadie se escondeu atrás de uma árvore gigantesca, onde mal era possível vê-la.
A encontrei abraçando seus joelhos de cabeça baixa, sentada entre dois troncos da árvore, um curto espaço que a cabia perfeitamente.
Sentei-me ao seu lado, e talvez não tenha notado minha presença por conta do choro ininterrupto.
- Pensei que subiria na árvore. - eu me pronunciei.
A garota levantou o rosto altamente ruborizado vagarosamente e encostou a cabeça no tronco da árvore.
- Tenho medo de altura. - ela direcionou seu olhar a mim e deu um pequeno sorriso.
- Desculpa pelo que houve. Mas não acredita nas coisas que ela disser, ok?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Smile | Fadie
FanfictionUma história onde Finn Wolfhard não sabe o conceito de felicidade, e Sadie Sink é uma garota sorridente.