Já se passaram algumas horas desde que ele teve a crise. O efeito do sedativo ainda não passou e Valentina foi pra casa com Alicia, já que ela insistia pra mãe que não queria ficar aqui. Me ofereci para leva-la, afinal, ainda estou em horas de trabalho, mas ela discordou e disse que o melhor era eu ficar com Zack, ela acredita que por eu ter sido a última pessoa que ele viu, se sentiria mais confortável comigo. Concordei e agora estou aqui no quarto hospitalar, já anoiteceu, se passando 4 horas desde que chegamos aqui. Sei que quando eu chegar em casa Charlotte vai querer me matar por não chegar no horário, mas não posso deixar ele sozinho.
Na verdade nem sei o por que estou me importando tanto com uma pessoa que sempre me desprezou, me humilhou e ignorou a minha presença por anos. Talvez seja pelo modo como ele me chamava, pela forma como precisava da minha ajuda. Eu realmente não sei, só sei que tenho que ficar.
Há pouco tempo entrou a mesma enfermeira de antes e lhe colocou um cano pequeno sobre o nariz, dizendo que assim melhoraria sua respiração que não estava tão regulada como deveria.
Perdi a conta de quantas coisas fiz aqui para passar o tempo. Fui até a recepção e peguei umas cinco revistas. Já li todas. No momento estou observando a vista de Manhattan, nossa cidade. É incrível o quanto fica linda com as luzes. Escutei barulhos atrás de mim então me virei e vi que Zack havia acordado. Sorri e coloquei o copo de Café em cima da mesa, indo até ele.
-Oi. -Falei me sentando na poltrona ao seu lado. Ele tirou a máscara de oxigênio e virou a cabeça pra mim com dificuldade, conforme o médico tinha me dito. Por conta das sequelas do sedativo.
-Oi. -Ele falou e sorriu sem mostrar os dentes. -Aonde a gente tá?
Ele está parecendo que está alterado no álcool, chega a ser engraçado.
-No hospital. -Falei. -Você teve um ataque de pânico.
-Ah. -Ele fechou os olhos. -É porque eu não tomei o remédio.
-E por que não tomou, Zack? Você me deixou preocupada.
-Deixei é? -Ele sorriu. -Eu não queria fazer isso com você. Na verdade eu queria, mas não pensei que seria tão ruim.
-Você queria? -Inclinei as sobrancelhas.
-Eu pensei que assim conseguiria chamar sua atenção. E olha só, eu consegui. Agora você está aqui comigo.
Ele só pode estar delirando.
-Zack, isso foi sério. Você precisou vir pro hospital. E agora você me diz que foi proposital?
-Olha, eu estava cansado de tomar todos aqueles remédios que não estavam fazendo efeito nenhum. Então eu não tomei.
-Ótimo, porque agora você ganhou mais meia dúzia. -Neguei. -Não estou acreditando que fez isso.
-Desculpa. -Ele fechou os olhos novamente. -Mas é porque eu estava me sentindo mal com toda situação. Eu não queria mais participar daquela aposta e você ainda ia ficar com meu amigo na minha frente...
-Aposta? Que aposta?
Ele abriu os olhos rapidamente como se lembrasse que falou algo que não devia.
Em seguida a porta se abriu e o médico entrou.
-Olha só, que bom que acordou. -O médico sorriu. -Como se sente?
-Como se tivesse tomado duas garrafas de vodka de uma vez. -Zack riu e o médico lhe acompanhou.
-Isso é normal, logo logo passa. Mas como prevenção contra acidentes no trânsito ou coisa parecida, você vai ter que ficar aqui em observação até amanhã de manhã. -Ele escreveu algo na prancheta e a pendurou em frente da cama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu odeio amar você
Ficção AdolescenteAh o ensino médio, o ensino médio é sem sombras de dúvidas o ano mais complicado para os estudantes. As matérias não são fáceis, as pessoas não são fáceis e os amores com certeza é o menos fácil. A vida de Alexia Gomes virou do avesso nesse último a...