Capítulo 11

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“ A Enteada do Meu Pai “

**Capítulo 11**

Os dias que antecederam a festa de 17 anos de Manuela foram marcados por um silêncio doloroso entre ela e Eduarda. Manuela, que antes passava horas ao lado da amiga, agora se afastava, criando uma barreira que deixava Eduarda confusa e ferida. Embora soubesse que havia dito algo quando estava bêbada naquela noite, Eduarda não lembrava exatamente das palavras. Tudo que sabia era que, desde então, Manuela a evitava.

Manuela, por sua vez, sentia-se presa em um turbilhão de emoções. Quanto mais se afastava de Eduarda, mais parecia que o sentimento que ela tanto tentava negar se intensificava, ao ponto de doer. Ela não conseguia aceitar o que estava sentindo. O medo de admitir que estava apaixonada por uma garota a consumia. A única solução que encontrou foi a distância, como se manter-se longe pudesse fazer tudo desaparecer.

E assim os dias se arrastaram. A cada olhar que Eduarda lançava em direção a Manuela, buscando algum sinal de reconciliação, tudo que recebia de volta era o silêncio. Eduarda respeitou o espaço da amiga, por mais que isso a estivesse destruindo por dentro. Ela sentia falta das risadas, das conversas e da cumplicidade que haviam construído ao longo do tempo. Sentia falta de Manuela.

Quando a tão aguardada noite da festa de 17 anos chegou, Eduarda estava ansiosa e esperançosa. Aquela seria a oportunidade perfeita para tentar conversar com Manuela, para resolver o que havia ficado pendente entre elas. Talvez a festa, com toda a sua animação, fosse o cenário certo para desfazer o mal-entendido e, quem sabe, retomar a amizade que tanto significava para ela. Ou talvez até algo mais. A ideia de tentar entender o que Manuela estava sentindo também pulsava em sua mente.

O salão estava deslumbrante, decorado com o tema de praia que Eduarda e Manuela haviam planejado juntas. As luzes suaves e as cores vibrantes refletiam o espírito alegre que a ocasião pedia, mas, para Eduarda, tudo parecia estar envolto em uma névoa de incerteza.

Manuela estava radiante, usando um vestido leve, que acentuava sua beleza natural. Seu sorriso iluminava o ambiente, mas Eduarda, de longe, podia ver que havia algo diferente. Apesar de estar cercada por amigos e sorrisos, Manuela não parecia estar completamente ali.

Eduarda tentou várias vezes se aproximar de Manuela ao longo da noite, mas sempre havia algo ou alguém que interrompia o momento. Em alguns momentos, Manuela parecia fugir de seu olhar, o que apenas aumentava o aperto no peito de Eduarda.

Foi então que, no meio da festa, Eduarda viu algo que a fez congelar. Henrique, aquele mesmo que Manuela sempre desprezava, estava perto dela, conversando e rindo. Antes que Eduarda pudesse entender o que estava acontecendo, viu Henrique se inclinar e beijar Manuela.

O mundo de Eduarda parou. O choque percorreu seu corpo, como se o ar tivesse sido sugado de seus pulmões. Sua mente se recusava a acreditar no que seus olhos estavam vendo. Manuela, a mesma que sempre dizia odiar Henrique, estava agora beijando-o na frente de todos. Mas o pior de tudo era que ela não parecia resistir. Ela estava deixando aquilo acontecer.

Eduarda não conseguia suportar. O peso da dor tomou conta de seu corpo e, antes que pudesse fazer algo impulsivo, saiu da festa o mais rápido possível. Seus passos eram apressados, desesperados para fugir daquilo tudo, mas as lágrimas já desciam pelo seu rosto antes mesmo de atravessar as portas do salão.

Ela correu para longe, o mais distante que pôde, tentando encontrar algum lugar onde pudesse ficar sozinha. O céu estrelado acima parecia indiferente à sua dor, e a brisa da noite que costumava acalmá-la agora parecia fria e cruel. O coração de Eduarda estava em pedaços, e cada lágrima que caía carregava consigo o peso de tudo o que ela sentia por Manuela, tudo que ela tinha guardado em silêncio por tanto tempo.

Naquela noite, mais do que qualquer outra coisa, Eduarda queria sumir.

A Enteada Do Meu Pai.Onde histórias criam vida. Descubra agora