Capítulo 4

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A Enteada do Meu Pai

Capítulo 4

    -- Eduarda

    

    A manhã estava passando mais devagar do que eu imaginava. Depois de finalmente encontrar o caminho de volta para o quarto, deitei na cama e me peguei pensando em como tudo estava mudando. Era difícil imaginar que agora teria que lidar com a Manu, ou melhor, a "Barbie", todo santo dia. Não que ela fosse ruim de todo, mas aquela arrogância e jeito superior me irritavam profundamente.

    

    Coloquei meus fones de ouvido e tentei ignorar o resto do mundo, mas parecia impossível. Pensamentos sobre a nova escola, o relacionamento complicado com a Manu. Quando menos percebi, adormeci de novo.

    

    De repente, fui acordada por alguém batendo forte na porta.

    

    - Eduarda, abre aí! (Era a Manu, claro, com seu tom autoritário.)

    

    Me arrastei até a porta e a abri devagar.

    

    - Que foi? (Perguntei, meio sonolenta.)

    

    - Você dorme demais, sabia? Vem, precisamos ir ao auditório, vai ter uma reunião com a diretora para os novos alunos.

    

    Eu revirei os olhos. Outra reunião com a diretora? Se a primeira já tinha sido insuportável, imagine a segunda. Mas não adiantava reclamar. Peguei um casaco e saí com Manu em direção ao auditório.

    

    No caminho, ela praticamente não falou comigo. Era óbvio que estava tentando evitar qualquer discussão ou comentário sarcástico, o que, sinceramente, só me dava mais vontade de provocar. Mas me segurei.

    

    Chegamos ao auditório e, como esperado, estava lotado de alunos. Alguns conversavam animadamente, enquanto outros pareciam tão desinteressados quanto eu. Manu foi direto para o seu grupinho, e eu decidi ficar mais para o fundo, quieta, sem chamar atenção.

    

    A diretora apareceu no palco, com aquele sorriso falso que eu já conhecia. Ela começou a falar sobre regras, horários, e como a escola tinha uma reputação a zelar. Mas eu estava mais interessada em observar as pessoas ao meu redor. Foi quando percebi um Garoto  que me olhava do outro lado da sala. Ele deu um sorriso de canto, como se estivesse tentando ser charmoso, mas tudo que eu consegui fazer foi revirar os olhos.

    

    “Mais um problema para a lista”, pensei.

    

    -- Manu

    

    Eu realmente não sei como vou aguentar dividir o quarto com a Eduarda o ano todo. Por mais que tente evitar, ela sempre encontra um jeito de me irritar. No fundo, sei que isso é proposital. Ela adora me provocar, principalmente na frente do Sr Luiz e da minha mãe. Isso não vai terminar bem.

    

    Enquanto a diretora falava, eu tentava me concentrar, mas minha mente vagava. Eu precisava de um plano para manter distância de Eduarda. Talvez se eu a ignorasse completamente, ela perderia o interesse em me provocar. Mas conhecendo a Eduarda, ela provavelmente veria isso como um desafio.

    

    Olhei em direção ao fundo do auditório e lá estava ela, com aquele jeito de quem não se importa com nada. Suspirei. Era melhor me concentrar nas coisas que realmente importavam: minhas notas, minhas amigas, e talvez até em manter Henrique longe de mim. Mas era difícil quando ele não conseguia entender uma indireta sequer.

    

    Depois que a reunião terminou, decidi que não voltaria imediatamente para o quarto. Fui até a biblioteca, um dos poucos lugares tranquilos na escola. Peguei um livro qualquer, só para fingir que estava ocupada, quando Nathy e Mih apareceram.

    

    - Então, como foi a reunião com a diretora? (Perguntou Nathy, com um sorriso malicioso.)

    

    - Ah, o de sempre, nada de novo. Regras, horários... essas coisas chatas.

    

    - E a Eduarda? (Mih perguntou.)

    

    - Ela estava lá no fundo, provavelmente pensando em como pode me irritar amanhã. (Eu disse, meio rindo, meio irritada.)

    

    - Relaxa, Manu. Talvez ela só precise de um tempo para se ajustar. (Disse Nathy, tentando ser positiva.)

    

    - Quem dera, Nathy. Eu tenho quase certeza de que ela faz isso por diversão.

    

    -- Eduarda

    

    Depois da reunião, decidi explorar um pouco a escola. Não queria voltar para o quarto tão cedo. Acabei encontrando um lugar tranquilo atrás do prédio principal, um jardim quase escondido. Era o único lugar que parecia me dar um pouco de paz.

    

    Sentei em um dos bancos e fiquei ali, aproveitando o silêncio. Talvez, com o tempo, eu me acostumasse com essa nova rotina, com essa nova vida. Mas, até lá, eu só precisava de um espaço onde pudesse ser eu mesma, sem as provocações da Manu, sem os olhares curiosos dos outros alunos.

    

    O que me surpreendeu foi que, de repente, por aquela garoto que me olhava ele apareceu ali, com aquele sorriso bobo de sempre.

    

    - O que você quer? (Perguntei, já cansada.)

    

    - Eu vi você saindo da reunião e achei que precisava de companhia.

    

    - A última coisa que eu preciso agora é de companhia.

    

    Ele deu uma risada leve, como se achasse graça da minha irritação. Eu, por outro lado, não estava de humor para brincadeiras.

    

    - Sabe, você até que é divertida. Podíamos sair algum dia desses, o que acha?

    

    Eu olhei para ele incrédula. Ele realmente não entendia o conceito de "não", ou talvez estivesse tão acostumado a conseguir o que queria que não percebia quando estava sendo rejeitado.

    

    - Não, nem te conheço. Eu acho que você deveria procurar outra pessoa para as suas "saídas". (Respondi, me levantando.)

    

    Saí dali o mais rápido que pude, sem olhar para trás.

continua...

    

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