**Capítulo 12**
Os dias após a festa de Manuela passaram como um borrão para Eduarda. Algo dentro dela havia se quebrado naquela noite, e em vez de tentar consertar, ela decidiu esconder as feridas. Se Manuela podia beijar Henrique, então ela podia seguir em frente também — ou pelo menos fingir que estava seguindo.
Eduarda começou a mostrar quem realmente era, ou talvez quem ela achava que deveria ser para lidar com a dor que estava sentindo. A garota que antes se envolvia em planejamentos e risadas com Manuela agora se transformava na garota rebelde, que não ligava para regras. Ela começou a se afastar das amigas de sempre — Dressa, Mih, Nathy e Luh. Elas notaram a mudança, mas nenhuma delas sabia como se aproximar de Eduarda, que estava irredutível em sua nova atitude.
As noites de festa começaram a ser mais frequentes do que as aulas, e fugir do colégio se tornara uma rotina para Eduarda. Ela saía escondida, encontrando garotas diferentes a cada festa, sem se preocupar com o que diriam dela. Ela queria se perder em novas aventuras, se afastar do que sentia por Manuela, e a melhor maneira de fazer isso era mostrar que não se importava.
Em um desses encontros, Eduarda se aproximou de Rafaella, a maior inimiga de Manuela no colégio. As duas se conheceram em uma das festas, e Eduarda rapidamente se interessou pela forma como Rafaella vivia despreocupada e livre de julgamentos. A amizade entre as duas cresceu rápido, e não demorou para que começassem a sair juntas. Rafaella a levava para festas secretas e noites de diversão desenfreada. Para Eduarda, aquilo era uma distração, uma forma de esquecer o que havia deixado para trás.
Enquanto Eduarda se envolvia com esse novo grupo, Manuela observava tudo de longe, tentando controlar as emoções que a dominavam. O ciúme queimava em seu peito toda vez que via Eduarda com Rafaella ou outras garotas. Mas, ao mesmo tempo, o medo por Eduarda crescia. Ela sabia que a amiga estava se machucando, por mais que tentasse parecer indestrutível. Eduarda não era assim — a garota que Manuela conhecia era doce, sensível, e agora parecia perdida em uma versão de si mesma que não fazia sentido.
Manuela tentava se concentrar nos estudos, afastando-se de Henrique, que continuava a pressioná-la com insistência. Ele não entendia que, por mais que Manuela quisesse ignorar seus sentimentos por Eduarda, ela não conseguia abrir espaço para outra pessoa. Henrique a irritava, e isso só a fazia pensar ainda mais em Eduarda.
A parte mais difícil para Manuela era dividir o quarto com Eduarda. O silêncio entre elas era sufocante, e cada momento que passavam juntas no pequeno espaço parecia uma tortura. Eduarda mal a olhava nos olhos e, quando o fazia, soltava comentários afiados ou a chamava de "Barbie" de forma desdenhosa, como se quisesse provocar uma reação.
Manuela, por mais que tentasse se manter firme, sentia o coração apertar toda vez que ouvia Eduarda chamá-la assim. Antes, aquele apelido era dito com carinho, uma forma brincalhona de aproximar as duas. Agora, soava como uma barreira, como se Eduarda estivesse lembrando Manuela de que ela era apenas a "perfeitinha", e que as duas não pertenciam ao mesmo mundo.
As noites no quarto se tornavam insuportáveis. Manuela ficava acordada, deitada na cama, ouvindo Eduarda voltar tarde das festas. Algumas vezes, Eduarda chegava bêbada e desabava na cama sem dizer uma palavra. Outras vezes, ela apenas se jogava no sofá, desligada do mundo, com os olhos vazios.
Manuela queria perguntar se estava tudo bem, queria saber como ajudar, mas o orgulho e o medo de se magoar de novo a impediam. O que ela não sabia era que Eduarda estava passando pelo mesmo dilema. A cada festa, a cada garota que beijava, a cada nova amizade com Rafaella, Eduarda tentava enterrar seus sentimentos por Manuela, mas eles sempre voltavam com força. E o fato de ver Henrique próximo de Manuela só piorava tudo.
As semanas se passaram dessa forma, com ambas evitando a verdade, até que a tensão no quarto delas chegou ao limite. O silêncio estava prestes a explodir, e ambas sabiam que, eventualmente, teriam que enfrentar o que estava entre elas.
Mas quem daria o primeiro passo? Manuela, que se recusava a aceitar seus sentimentos? Ou Eduarda, que estava se afundando cada vez mais em suas fugas desesperadas? A festa de 17 anos de Manuela deveria ter sido um momento de celebração, mas agora parecia ser o início de uma espiral que nenhuma delas sabia como sair.
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A Enteada Do Meu Pai.
AventuraSinopse: Eduarda é uma garota rebelde e impulsiva, acostumada a quebrar as regras, a ponto de ser expulsa de três escolas na Inglaterra. Desesperada, sua mãe decide que a melhor solução é enviá-la para o Brasil, para morar com seu pai, Luiz, com que...