𝙲𝙰𝙿𝙸𝚃𝚄𝙻𝙾 𝚅𝙸𝙸𝙸 - 𝙽𝙰𝚁𝚁𝙰𝙳𝙾𝚁

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O MÉDICO checa, uma vez mais, os resultados dos exames realizados na matriarca da família Magnussen, apenas para ter a mais convicta das certezas de que os resultados estavam fidedignos e correspondiam com a realidade

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O MÉDICO checa, uma vez mais, os resultados dos exames realizados na matriarca da família Magnussen, apenas para ter a mais convicta das certezas de que os resultados estavam fidedignos e correspondiam com a realidade.

Para a infelicidade do homem de fios grisalhos, os resultados se provaram verídicos e talvez, muito provavelmente, não havia mais nada que poderia fazer a não ser anunciar para os familiares.

Em um primeiro momento, o médico tentou contatar o patriarca da família, contudo, desistiu após inúmeras ligações perdidas. Estava mais do que na cara que o marido não queria ter nada a ver com sua esposa, que não queria, de forma alguma, receber notícias sobre a mesma.

Depois disso tentou contatar o filho mais velho, com a vã esperança de que ele lidaria melhor com a notícia. Contudo, também não foi atendido pelo mesmo.

Como poderia ser? O garoto estava ocupado em demasia à fumar um baseado na sacada do quarto do melhor amigo e resolveu, pelo bem de sua sanidade mental, se manter distante do telefone celular. Não almejava falar com ninguém, tampouco ter de dar explicações sobre sua vida para pessoas que nem ao menos se importavam com ele de verdade.

E foi então que o médico resolveu ligar para a filha mais nova, torcendo para que esta o atendesse. Tudo o que ele menos queria era preocupar a sobrinha, a garota é portadora de um enorme coração, sempre se importa em demasia com as pessoas ao seu redor, certamente a notícia que estava prestes a lhe dar acabaria por despedaçar seu coração.

Ela o atendeu ao terceiro toque, sua voz soando esperançosa do outro lado da linha.

— Bom dia, tio, como está mamãe? Ela melhorou, não é mesmo? — A voz está baixa, transmitindo todo o cansaço que a garota sentia todas as vezes nas quais a mãe parava no hospital

— Na verdade, não tenho boas notícias, Amy. — O senhor diz em tom ameno — Prefiro lhe contar pessoalmente. Pode vir ao hospital?

O coração da garota se apertou em seu peito, e seu lábio foi mordido com força. Não queria, em hipótese alguma, deixar Lucy sozinha, contudo era sobre a vida de sua mãe que estavam falando, jamais se perdoaria caso algo acontecesse à ela.

— Tudo bem. Estou a caminho. — A chamada foi encerrada

Amelia se despediu diversas vezes de sua amiga e pediu desculpas algumas vezes a mais. Não lhe disse para onde estava indo, tampouco quem havia lhe ligado, não necessitava deixar a amiga ainda mais preocupada. Lucille já tinha todos os seus problemas para lidar, afinal.

Desta vez, optou por apanhar um ônibus, táxis e úberes não eram seus lugares favoritos e, desta vez, não pegaria um. Prezaria por sua sanidade mental, nada importa mais do que isso.

A voz preocupada de seu tio ecoava por seu cérebro, ela nunca o ouviu falando de tal maneira. A garota tem plena ciência de que não é o irmão de sua mãe que a atende todas as vezes nas quais ela vai parar no hospital, seria conflitos de interesse. Porém ela também sabe que o homem mais velho faz questão de analisar minuciosamente todos os exames pelos quais a irmã passa.

Será que ele encontrou algo ruim desta vez? — Seu pensamento a incomoda

E se dessa vez algo realmente ruim tivesse acontecido? Ela certamente teria de lidar com toda essa merda sozinha, sem a ajuda de seu pai ou irmão. Provavelmente seu pai comemoraria por algo ruim ter acontecido, com certeza a morte de sua esposa seria uma ótima desculpa para acabar com a farsa do casamento perfeito.

Amelia nega com a cabeça repetidas vezes, na vã tentativa de fazer com que os pensamentos calamitosos a deixassem em paz.

O ônibus não tarda a parar no ponto em frente ao hospital e a jovem Magnussen desce apressada. Seu tio ter optado por lhe dar a notícia apenas pessoalmente a faz imaginar as mais terríveis das hipóteses e ela não sabe, ao certo, se realmente quer descobrir o diagnóstico de sua mãe... ao menos não sabe se quer fazê-lo estando só.

Respira fundo algumas vezes e mordisca seus lábios algumas vezes a mais, antes de ser capaz de empurrar as portas de vidro do hospital e o adentrar.

Caminha até a recepção sentindo o aperto em seu coração aumentar gradativamente enquanto se aproxima da moça negra com os cabelos presos em um coque alto e volumoso.

— Bom dia. — A recepcionista diz, um sorriso acolhedor lhe adornando os lábios carnudos

Em outra época, Amelia não repararia na beleza da moça mais velha, contudo, de uns tempos para cá, a mais nova dentre as duas tem reparado em demasia na beleza de outras mulheres.

Nega com a cabeça, afastando tal pensamento de sua mente e focando no que realmente importa: conversar com seu tio para saber o que está acontecendo com sua mãe.

— Bom dia. — A voz da garota de fios platinados sai fraca, quase inaudível — Por favor, o doutor Harrison se encontra? — Pergunta, mesmo sabendo que seu tio se encontrava lá, não custa nada ser gentil com a garota

— Sim, está na sala doze. Amelia, não é? — A recepcionista pergunta e a garota assente — Ele disse que viria; pode subir. É no segundo piso, está te esperando.

Pode ter sido apenas impressão da mente conturbada de uma adolescente, contudo, Amy poderia jurar que a voz da recepcionista soou mais cordial do que o normal.

— Obrigada. — É tudo o que a garota diz, enquanto se direciona até a escada

Outro fato interessante sobre Amelia Charlotte Magnussen é o de que a garota abomina elevadores, fazendo uso destes apenas quando é extremamente necessário.

Os lances de escadas são subidos de maneira rápida e ágil. Não demora muito para que os nós de seus dedos encontrem a porta de madeira envernizada, em um baque agudo.

— Querida. — Seu tio diz após abrir a porta e a puxa para um abraço apertado

Foi neste exato instante que a garota percebeu que há algo incrivelmente errado acontecendo com sua mãe, seu tio odeia abraços, sempre odiou. Ele não a abraçaria, assim, do nada, caso não fosse necessário.

Silêncio - Não deixe que vejamOnde histórias criam vida. Descubra agora